sábado, 20 de abril de 2013

A CISMA - QUANTAS OITAVAS TEM UMA LÁGRIMA (2013, Ed. Autor)




O pop/rock português tem vindo a respirar saúde nos últimos anos com lançamentos de qualidade e o aparecimento de coletivos que muito têm contribuído para a promoção da música de expressão portuguesa. A Cisma é um dos mais recentes exemplos que acompanhamos desde os seus primeiros passos e que se enquadra perfeitamente neste rol. A banda oriunda de Lisboa é formada por Bruno Camilo (voz/guitarra/piano), João Nunes (guitarra), Zito Tavares (baixo) e Diogo Lopes (bateria) os quais lançaram em Março passado o seu EP de estreia, "Quantas Oitavas Tem Uma Lágrima".


O disco arranca de uma forma sublime com o instrumental "Morreu Um Poema". Os acordes dum piano que nos embala e uma melodia de guitarra que nos faz sonhar, intercalados com as palavras de Agostinho da Silva, trabalham em uníssono para uma excelente introdução a este trabalho. "Já Te Vi Assim" é a música que se segue com um baixo proeminente e uma bateria competente que funcionam como a base para os excelentes pormenores de guitarra e a voz suave e personalizada de Bruno Camilo criando, assim, um ambiente intimista que me transporta para uma daquelas noites bem passadas num bar escutando boa música e na companhia dum bom vinho. 





Já vamos a meio do trabalho quando chegamos a Valsa do Desencontro, o tema escolhido para single do álbum. É a música mais pujante e direta de todo o disco mostrando o lado mais rock e dinâmico da banda. Especial destaque aqui para a capacidade de criar letras que se revelam como verdadeiros poemas enaltecendo ainda mais a capacidade de escrita de bons temas por parte da banda. "
Corpo" é, provavelmente, a música mais trivial de todo o álbum mas nem por isso nos deixam indiferentes a melodia e suavidade da música que levam a mente a divagar ao sabor das palavras melancólicas da sua letra.


O disco termina com "
Dança dos Figurantes", um tema que demonstra, uma vez mais, uma secção rítmica coesa e um refrão orelhudo levando-nos novamente para paragens onde o rock é senhor."Quantas Oitavas Tem Uma Lágrima" revela-se uma agradável surpresa para um trabalho de estreia. Melodias pop, ritmos marcadamente rock, letras bem conseguidas e bons executantes mostram uma banda consistente que foi capaz de criar um álbum que nos agarra do primeiro ao último segundo. No entanto, este EP revela-se curto para uma apreciação mais definitiva da banda deixando antever muita margem de crescimento que nos deixa ansiosos por mais deste quarteto de Lisboa. Esperemos que não leve muito tempo.


Hugo Gonçalves




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