sexta-feira, 29 de março de 2013

20 XX VINTE @ PLANO B, 15/3/2013 - REPORTAGEM





Se o caos era o objectivo, missão cumprida!
Numa noite em que o plano era juntar 20 bandas (com actuações cronometradas de 15 minutos), com 20 ilustradores e 20 DJs, algumas bandas foram prejudicadas pelas anteriores, outras pelas seguintes, mas houve de tudo para toda a gente: momentos de riso desbragado, outros de tragédia agonizante, por vezes na mesma actuação.
Mas num evento que se queria diverso e montra para projectos a despontar, o objectivo da organização foi mais que superado e o público respondeu à chamada em número e entusiasmo dignos de nota no Plano B.





A noite abriu pelas 23h com os Ana Paris. Stoner-rock a fazer lembrar os Kyuss nos tempos áureos. Bom baterista, riffs bem rasgados com o pedal de distorção a fazer fumo, um vocalista com uma voz bem rouca. Apresentaram uma música nova que não funcionou e estragou o que poderia ser uma actuação imaculada.

Os Little Friend apresentaram-se no seu característico registo acústico, sem grande personalidade e com problemas técnicos durante a actuação que não facilitaram muito a tarefa de criar qualquer tipo de empatia com o esparso público presente, o que já por si seria complicado porque as melodias não eram grande coisa.




 Os Torto são um power-trio com duas carecas à mostra mas senhores de uma pedalada de fazer inveja a quase todas as bandas que se seguiram. Os seus créditos falam por si: Jorge Coelho, guitarrista, ex- Zen e Miguel Ramos, baixista, membro dos Supernada.
Instrumentais a fazer lembrar Trail of Death, com uns assomos de math-rock pelo meio. Um som monolítico que surpreendeu quem ainda não os conhecia.
Uma banda que devia estar a dar muito que falar, porque já existe desde 2010. 

Os ATLAST surgiram com uma sonoridade muito original (que inclui um violino oportuno e melodioso), músicas bem tocadas e um bom trabalho nas harmonias de voz, prejudicados por alguns problemas técnicos. Uma banda promissora a manter debaixo de olho. Do estúdio saírá com certeza um disco a ter em conta no futuro.

Os Eskizofrénicos trouxeram o punk ao festival. Com os elementos vestidos "à metaleiro" e um vocalista em nítido overacting, chegando ao nível do cómico por vezes com as letras pseudo-anti-conformismo, apresentaram, no entanto, um som sólido e bem oleado. Têm álbum novo a ser lançado por estes dias no Hard Club e fizeram questão de o divulgar, algo que (estranhamente) nenhuma outra banda se lembrou de fazer.




Seguiu-se Miraldo, a primeira boa surpresa da noite. Ignorando o facto de ter que tocar após os "pesados" Eskizofrénicos, Miraldo "defendeu-se" muito bem e a actuação só pecou por demasiado curta. Com uma guitarra bem tocada e uma excelente voz, presenteou-nos com uma bela cover de Feist. Um artista a acompanhar de perto com um álbum já lançado, que infelizmente não trouxe consigo. Caso contrário tinha aqui clientela.

Os Lululemon têm um som muito interessante. Instrumental, com 2 guitarras, prejudicados por alguns problemas técnicos. Rock rasgado com alguns momentos mais introspectivos. Têm um álbum editado em 2012 e um single lançado recentemente. Uma carreira promissora aguarda-os com toda a certeza.



The Shine: o momento mais esperado da noite, foi a maior enchente. Bastou uma beatbox e um MC para fazer a festa perante um público entusiasta. Artista carismático com um som internacional e actual, que veio trazer um cheirinho a cosmopolitismo a uma noite até ali bastante morna. Uma promessa cumprida que vai rebentar por esse Mundo.

HellCharge são puro hardcore, sem espinhas. Óptimo para quem é fã do registo, infernal para quem não vai muito a esta praia. C.R.U.D deixou os incautos, em que se inclui este vosso escriba, de boca aberta. Grindcore agressivo, com máquina de ritmos a substituir a bateria. Vocalista completamente alucinado (auto-denominado Muad'dib, segundo o Facebook da banda ), que provaria mais tarde ser multifacetado.

E entretanto já passava da 1h30...

HHY & Spaced Out trouxeram ao Plano B o dubstep e uma espécie de emulação da electrónica de Skrillex (é um elogio). Um som bem progressivo e actual com tudo para dar certo.

Malcriada é um rock progressivo a fazer lembrar Explosions in the Sky mas com mais umas balas de poder na câmara. Duas guitarras, um baixo e um grande baterista é quanto basta para fazer bom rock and roll.

O projecto Stôr traz de volta ao palco o vocalista de C.R.U.D, que troca a t-shirt preta por uma camisinha à betinho e o grindcore pelo spoken word, acompanhado por um PC num registo electro-clash. O tipo tem muita graça, o texto que "recitou" muito cómico e irónico. Para terminar em beleza, entra o instrumental do "A.D.I.D.A.S." dos Korn, devidamente acompanhado pela tradução portuguesa literal do clássico. De ir às lágrimas, minha gente. Não sei se de riso, se de lamento...

Coelho Radioactivo é um projecto de João Sousa com alguns anos, que infelizmente ainda não teve o devido reconhecimento. Nos discos, alguns EPs e um álbum disponíveis no bandcamp do artista, encontramos belas ideias e um talento em bruto. Nesta noite apresenta-se a solo, com a sua guitarra eléctrica, com pedal delay e distorção, nem sempre usados da melhor maneira, tornando a actuação um pouco desigual. Muito potencial, boas letras e melodias. Com uma boa produção e promoção bem feita, podemos ter aqui um artista para o futuro.

Dog é outro projecto do baixista dos Torto, desta feita (infelizmente) acompanhado por um péssimo vocalista. A base melódica muito sólida, como seria de esperar, a parte vocal foi terrível... Os Swinging Rabbits trouxeram consigo um soul-funk requentado, interessante mas sem grande chama e com um vocalista bastante medíocre.

O Homem Fino foi o desastre total da noite. Acompanhado pelo baterista de CRUD num registo mais rock, teve uma actuação simplesmente penosa: péssima voz, guitarra desafinada do início ao fim...E não estamos a falar de ironia ou de uma performance que pretendia ser auto-crítica das poses do rock e afins. Foi mesmo mau de mais para ser verdade.

Os Fat Freddy, banda histórica, surge com novo registo, apostando no spoken word, teclas e guiatarra, à semelhança de Pop Dell' Arte mas um pouco melhor. Uma daquelas bandas que simplesmente recusa desistir daquilo que mais gosta de fazer.

Olhamos para o relógio e batiam as 4 badaladas...
Faltavam ainda duas bandas, os míticos Holocausto Canibal e os Claiana.
Que nos desculpem os seus membros mas infelizmente tínhamos chegado ao limite das nossas forças e dando voz ao corpo desgastado por horas seguidas de música, debandamos de regresso a casa com bandas para descobrir e histórias para partilhar...

Até para o ano!





Paulo Silva
Fotografias por Raquel Lemos
(galeria completa em facebook.com/bandcom)




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