Desde aí a evolução foi grande. Muito grande. Num processo que não demorou muito tempo foram-se tornando numa banda mais adulta, com mais experiência de concertos, e sobretudo com mais consciência de si própria, chegando por fim a este EP "Empty Pockets Tell The Story".
A sonoridade não é inovadora, mas é característica e coerente ao longo de todo o trabalho. Um ambiente onde reina o sombrio e melancólico, mas não demasiado, pois à espreita saltam uns grooves nu-metal e umas linhas punk de raiva juvenil embaladas em breakdowns e bateria poderosa (como em "Spreading Bullets") que não desiludem e servem bem todos nós que muitas vezes gostamos esquecer os aspectos complexos da música, e de torcer as vértebras do pescoço. É porém, nesta mistura, que em momentos algumas músicas pecam por falta de solidez estrutural.
Um EP que entra a abrir com "The Last Word" - na minha opinião uma das melhores músicas - um bom convite de entrada, puxando de um punk arranhado de metal, mostrando que já não estão para brincadeiras, um pouco no registo de "Spreading Bullets". "Tenho Coisas" é uma grande música e sem dúvida agarra quem ouve como uma âncora; "Make Me Believe" acaba com um desabafo sincero e bonito, sendo infelizmente a música que menos trabalhada parece.
No que toca a aspectos instrumentais não há muito a salientar, com uma voz que faz notar a sua presença, puxando pela raiva ou fundindo-se na melancolia quando é preciso, podendo ter sido mais aproveitada no processo de produção. Uma produção entre o fraco e o razoável, em que muitas vezes a voz aparece inexplicavelmente escondida sem qualquer razão estética aparente, outras em que a guitarra parece ligada directamente à linha.
Disco pouco ecléctico por opção de uma banda na sua infância mas não infantil. Muita originalidade, com boas músicas, capazes de surpreender numa sonoridade em que isso nem sempre é fácil de acontecer. Sobretudo muito bem estruturado no seu todo e que convence pela sua sinceridade.
Hugo Hugon
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