Todas as Quartas-feiras, no Musicbox, decorre o já conhecido Club Offbeatz mas esta semana foi diferente. Foi a centésima edição.
Para celebrar, subiram ao palco vários artistas e bandas que vieram apresentar covers e originais, numa promiscuidade de actuações que decorreram ao longo de quase 3 horas.
Para celebrar, subiram ao palco vários artistas e bandas que vieram apresentar covers e originais, numa promiscuidade de actuações que decorreram ao longo de quase 3 horas.
Esta edição abriu com Daisy,
uma rapariga que parece ter sido tirada de uma banda rock dos anos 90. “Rid of Me” de PJ Harvey foi cantada e tocada com bastante agressividade e irreverência
– e o que lhe por vezes lhe faltava nas notas, tinha sem dúvida em presença de
palco e atitude. Tocou de seguida um original seu, “Vem agarrar o que é teu”,
que apesar de não ser musicalmente brilhante, destaca-se por ter uma sonoridade
original; algo que faz falta ao rock clássico português.
Seguiu-se o projecto Lobo Miau que apresentou uma versão de “Claqueur de Doigts” de Serge Gainsbourg e um original, num som
mais western e também ao estilo de Mão Morta,
acompanhado de uma bateria pesada e com muita presença. Talvez pela voz da
vocalista, parecia haver uma influência dos primeiros passos dos Eurythmics.
Mudou-se o disco para o funk/blues
rock dos The Ramblers: é inegável
uma semelhança entre Rosie (a vocalista) e Amy Winehouse, tanto em voz como em
estilo. Tocaram apenas um cover de Eric Clapton and Jeff Beck, “Shake Your
Money Maker”, onde há a destacar a destreza de Richards na guitarra. Ganharam
pontos não só pela adaptação da música como pela presença em palco (quem não
bateu o pé, nem por uns momentos?).
Os artistas que seguiram faziam parte da Corvo Records e vieram tocar um cover do tão conhecido “Dare” dos
Gorillaz – uma versão menos electrónica e cantada num tom mais grave, mas que
ainda assim manteve o ambiente disco.
Enquanto se montava uma artilharia de 5 teclados para a
entrada dos Savanna, o público sofreu
um fenómeno de bipartição e preencheu todo o espaço que havia sobrado das actuações
anteriores. Admito que não conhecia o trabalho destes rapazes, questionei-me se
seriam assim tão bons – são, de facto. Vieram apresentar um original e um cover
de José Cid (quem diria que este senhor, que toca música tão popular, tinha
escrito um álbum de rock progressivo, ao nome de “10000 Anos entre Vénus e
Marte”). Notaram-se influências de Pink Floyd naquelas guitarras carregadas de
delay e teclas arpeggiadas, em ritmos que desafiavam o habitual da cena rock. Apesar
de o nível de comunicação com o público ter sido próximo de zero, este foi, sem
dúvida, a melhor actuação da noite.
Estava prometido ouvir-se um cover dos The Smiths por uma
banda surpresa – não foi uma banda na verdade, mas o vocalista dos The Weatherman, que tocou uma versão
acústica de “There Is A Light That Never Goes Out”. Esperava uma adaptação
melhor, mas talvez seja por gostar demasiado da original.
É curiosa (e irónica) a aparência dele,
muito semelhante a Liam Gallagher (vocalista de Oasis e Beady Eyes), que costuma aparecer nos media a difamar qualquer outra banda para
além da sua.
Alex D’alva Teixeira
veio agitar o ambiente do Musicbox com um pop-rock bastante dançável, começando
com um cover de “Irreal Social” dos Ban, muito bem conseguido, alternando entre
a voz cantada e o falsete. “Homologação” cheirava a PAUS, especialmente na
bateria, com ritmos acelerados e algo tribais que, misturados com as teclas,
dava um bom argumento para um pé de dança. Alex tem uma voz limpa que, com um
pouco de delay, fica na perfeição com as linhas electrónicas das suas músicas e mostrou-se muito à vontade em palco, o que também contribuiu para esta
excelente actuação.
Já passava da meia-noite quando foi rodado, pela primeira
vez, o novo videoclip dos Youthless
com a canção “La Moustache”. Em termos musicais fiquei bastante surpreendido:
um som mais pesado, ritmado, agressivo, um verdadeiro upgrade ao trabalho anterior da banda. Contudo, o vídeo não
correspondeu ao nível da música, mostrando rituais algo ortodoxos em zonas
emblemáticas de Lisboa facilmente reconhecíveis, mas que, aquando da
entrevista, a banda preferiu não revelar (por motivos óbvios e compreensíveis).
Para terminar a noite: Feromona,
mais uma banda com aquela sonoridade habitual do rock português que pouco tem
mudado desde os anos 80. Apresentaram um original, “1991”, e adaptaram uma
música dos Mão Morta, “Budapeste”.
Carreto
Fotografias por Catarina Abrantes Alves
(galeria completa na nossa página de Facebook)
Fotografias por Catarina Abrantes Alves
(galeria completa na nossa página de Facebook)
1 comentários:
Perfeito, apenas aponto que a "shake your money maker" é um original de Elmore James e não de Clapton ou Jeff Beck ;)
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