sábado, 16 de fevereiro de 2013

ANA FREE - TO.GET.HER (2013, Valentim de Carvalho)





Quando há um vício que já nasce connosco, é muito difícil colocá-lo de parte. E, como neste caso falo de um vício positivo, um vício que faz bem, não há que o pôr de parte, mas sim fazê-lo acontecer.  Mais do que isso, é preciso saber esperar. Ser paciente e saber o que se quer e como fazer, com pés e cabeça, para tornar um sonho realidade.

Ana Free começou como um fenómeno de popularidade na internet e lançou agora o seu primeiro álbum To.get.her. De ritmos vários que nos fazem
bater o pé e abanar a cabeça (como se os próprios pertencessem a uma música tocada com uma guitarra carregada de distorção), até aos ritmos mais quentes, sensuais que mudam o mood e o clima, e que podem e irão fazer acontecer algo... Sim, o disco tem esse poder.

To.get.her nasce da união dos fãs de Ana Free, que contribuíram para o realizar de um sonho. Isto, hoje em dia, quase não seria novidade, não fosse o caso do todo o mundo ter contribuído para a realização do sonho de uma pessoa, de uma artista portuguesa, e para o alargar de horizontes e melodias do ouvinte.
Com um largo espaço de tempo entre o seu EP Radian e o seu álbum de estreia To.get.her, serviu este tempo para Ana Free crescer como artista e compositora. Difícil para quem respira música... Difícil para quem vive do palco e da interação com o público. Pode-se mesmo chamar de sacrifício...

Electrical Storm, o single de avanço, dá o mote. Pop/rock, e mais importante que isso, uma sonoridade ao alcance de todos, como uma boa música pop deve ser. Um “ombro gordo" (que quase instintivamente nos leva a bater com o pé no chão,) a acompanhar a música até ao refrão e aí, como que se
abrisse uma cortina, vozes... Muitas vozes fazem-nos perceber melhor o que é harmonia. Tudo joga, tudo soa, tudo diz que Ana Free está, de facto, feliz e ao mesmo tempo dá-nos a oportunidade, se assim o quisermos, de dedicar a música a alguém. Um artista também é artista por isso, pela capacidade de escrever o que muitos gostavam ou querem dizer.
No videoclip oficial, de propósito ou não, Ana Free percorre
cidades e faz jus àquilo que ouvimos sem nada ver... Uma pessoa feliz, agarrando todos os pretextos para sorrir ou até mesmo brincar com outros ritmos e torná-los num misto de pop, rock, música latina ou mesmo kizomba. E o mais difícil, torná-los audíveis e radio-friendly.

Acontece isto em Rewind, na minha opinião uma das melhores músicas do disco, por tudo aquilo que contém, que pede ou deseja que os momentos sejam revividos novamente... E não nos acontece a todos a velha frase "Tudo o que é bom acaba depressa"? Como seria bom agarrar aquele momento em que tudo muda para melhor, colocar em pausa, fazer rewind e vivê-lo vezes sem conta, apagando outros momentos com sabores mais amargos, como nos conta em Renegade - começa suave como quem olha por uma janela e recorda, ao mesmo tempo que vai murmurando e tomando sentido das coisas, cerrando os punhos e conclui como quem quer gritar tudo para fora. Um crescendo que nos faz balançar e por fim dar força, com a força que a música nos dá.

Em suma, Together é um álbum pop sem tirar nem pôr. Cumpre o seu propósito e tem uma sonoridade que prende do princípio ao fim, com temas que podem e devem perfeitamente durar e servir para outras remisturas que certamente
as tornarão ainda mais populares. E uma das coisas que mais gosto neste disco de estreia é o facto de ser extremamente harmonioso (entendam-se os coros) e perceptível. Um trabalho que valeu a espera, paciência, dedicação e sacrifício de Ana Free, que retribui ao fãs com um disco que sem dúvida alguma lhes vai fazer dizer "valeu a pena". To.get.her demonstra que Ana Free é de facto uma artista com talento de gigantes, e sobretudo a prova de que quem corre por gosto não cansa e que valem a pena os sacrifícios! O momento finalmente chegou.






Tomás Anahory




1 comentários:

Anónimo disse...

Fiquei a ouvir Ana Free por tua causa, é bom saber que ela não é só uma cara bonita. Abraço

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