A 3ª Festa Arte-Factos, tal como referido no evento do Facebook, fez-se “sem voz, mas com o peso instrumental adequado à medida”, trazendo-nos para esse efeito SAUR e RA, dois projectos recentes com apenas um EP lançado mas com muito potencial.
Como bom hábito português, a festa
começou com um atraso significativo, dando mais tempo para dois dedos de
conversa e uma imperial no excelente ambiente que O Bacalhoeiro tem. Na cave do bar, ouviram-se as primeiras notas de
Alien Dinosaur Explosion, dando
início à actuação de SAUR.
Com casa cheia até à escadaria,
esta banda de jovens rapazes animou o público com o seu post-rock bastante técnico, mostrando que apesar de serem estes os
primeiros passos, são bastante profissionais e têm imensas ideias para
explorar. Poli-ritmos, guitarras com delay
e filtros e estrutura bastante dinâmica. À medida que a temperatura na sala ia
subindo (acreditem, dava para fazer umas torradas para a ceia), os SAUR
foram acrescentando mais distorção e acelerando a bateria, tocando algumas das
suas músicas mais pesadas. Pareceu-me ouvir uma música que não reconheci do EP deles, datado de 2011. No entanto,
não foi avançada nenhuma informação sobre as músicas, pelo que suponho que seja
algum tema mais antigo, não editado. Em palco revelaram-se bastante tímidos na
ausência de música – faltou-lhes um pouco de capacidade de entretenimento (para
além da música, entenda-se), o que não significa que foi um mau espectáculo,
muito pelo contrário! Um concerto com bastante energia, por vezes lembrando Paus e
algumas linhas de Battles.
Após um breve intervalo para a
malta apanhar ar e para ser montada a tropa de teclados e midi-controlers de Ricardo
Remédio, deu-se início à actuação de RA com Rancor, numa atmosfera sombria, à qual foi acrescentando as
restantes linhas: um baixo ácido, teclas etéreas e bateria que, por alguns
problemas técnicos, permaneceu num volume mais baixo que o esperado. A
sonoridade algo depressiva e pesada das suas músicas encaixam na perfeição com
o ambiente negro da cave, cujo único local iluminado é onde Ricardo Remédio toca. Surpreendeu-me
que houvesse espaço vazio na sala, pois RA é em nada inferior a SAUR –
talvez esteja a sobrevalorizar o facto, mas penso que tal possa dever-se à
falta de reconhecimento da música eletrónica. O número de géneros e subgéneros
roça o infinito e acho lamentável que a grande massa das pessoas julgue que se
resume ao house, dubstep e psytrance. Mas
isto dava páginas e páginas para outro artigo.
Infelizmente não pude ficar até
ao final do concerto e aproveitar o resto da festa, mas, pelo que vi e pelo que
sei do Arte-Factos, tenho a certeza
que ninguém ficou insatisfeito. Por algum motivo esta foi a 3ª festa e já há
mais agendadas para breve. Para quem tenha disponibilidade, é ir a estes
eventos e aproveitar a boa música e o óptimo ambiente d’O Bacalhoeiro.
Texto de Carreto
Créditos das fotografias: Arte-Factos
Créditos das fotografias: Arte-Factos
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