Portugal
é um país pequeno, com cerca de 92000 km2 de área total. Portugal não tem muitos
habitantes e é um país envelhecido. Não admira, por esses factores e mais alguns,
que exista o estereótipo que há pouca música em Portugal ou que a música que
se faz peca em qualidade. Um dos grandes objectivos do BandCom passa por desfigurar essa ideia
pré-concebida que estropia por completo a “indústria” musical portuguesa: é
impressionante o número de discos que são paridos, em Portugal, a cada ano. É
impressionante a qualidade que grande parte dos discos apresentam. Mas é ainda
impressionantemente triste o modo como muita gente demonstra um desprezo pela descoberta da música portuguesa, que, arrisco-me a dizer, é uma das mais ecléticas e ricas de
todo o Mundo.
O ano que findou há dois dias é um exemplo paradigmático do que se tem passado pela música portuguesa neste últimos anos: 2012 foi um ano repleto de lançamentos, de diversidade e, acima de tudo, de qualidade, mas que somente uma pequena parte deste pequeno país atentou. Não tenho pena da música portuguesa, tenho dessas pessoas.
O ano que findou há dois dias é um exemplo paradigmático do que se tem passado pela música portuguesa neste últimos anos: 2012 foi um ano repleto de lançamentos, de diversidade e, acima de tudo, de qualidade, mas que somente uma pequena parte deste pequeno país atentou. Não tenho pena da música portuguesa, tenho dessas pessoas.
Por
todos estes motivos, e para de certa forma glorificar e premiar os artistas
portugueses que marcaram o ano de 2012 com as suas músicas, o BandCom apresenta em baixo os tops
nacionais anuais relativos aos 25 melhores álbuns e aos 10 melhores ep’s do que
ano que agora findou (Emanuel Graça):
TOP 25 LP's NACIONAIS DE 2012:
25. Roque Popular, por Diabo na Cruz, Mbari
Menos
rockeiros, mais populares. Os Diabo
na Cruz viraram.
Os Diabo
na Cruz estão mais baladeiros; menos rockeiros e mais populares, sempre bebedores da tradição da música
portuguesa sem nunca se esquecerem da sua essência: o rock. Houve uma alteração em termos sonoros que faz com que Roque
Popular esteja realmente diferente daquilo que a banda de Jorge Cruz nos habituou em Virou!,
o primeiro registo da banda. Roque Popular é uma viagem pelos
cantos da história da canção nacional, que aqui é celebrada efusivamente sem
nunca pisar a linha da fronteira: há quem goste da canção portuguesa, chegaram
os santos.
Pontos
altos: Fronteira,
Luzia e Bomba Canção. Emanuel Graça.
O
kuduro parecia ter dissipado parte da sua essência,
mas Batida tratou de a
recuperar.
Batida é
festa angolana consciente, algo que se tem perdido no kuduro editado em Portugal e não só. Com a participação de ilustres
defensores da liberdade do povo angolano como Ikonoklasta ou Bob da Rage
Sense, atingimos o ápice da quentura exótica dos ritmos africanos numa música de intervenção em Saudade ou
ao ouvir Luaty Beirão e o seu “Isso é o que eles querem.” Uma
referência.
Pontos
altos : Bazuka,
Saudade, Cuka. Mickaël C. de Oliveira.
23. Deep:her, por Deep:her, Kimahera
Smooth, abrasante e criativo; os Deep:her mostram-nos
como a música pode ser profunda.
O encontro entre Emmy
Curl e GI Joe só podia resultar
nisto. Num estilo que cria uma aliança entre uma sonoridade mais jazzy com outra sonoridade mais pautada
pelas ambiências trip-hop, é na voz
da transmontana transportada pelos samples
do licenciado em arquitetura que temos consciência do brio e talento desta
dupla. Uma delícia.
Ponto
alto: Strange. Mickaël C. de Oliveira.
O poço da morte ali e nós felizes com isso.
Pontos altos: Garaplina, Carrer de La Muntanya e Rathausplatz. André Gomes de Abreu.
Os Adorno continuam em boa forma;
a sua música enérgica e intensa assim o espelha.
(ler crítica)
Bebedores confessos
de fontes como as de Refused ou At The Drive-In, os Adorno
apresentam-nos com Year Two uma experiência intensa e vivida pelos mundos inóspitos
do post-hardcore; sempre com uma
sonoridade imponente e fervente, jaz aqui um dos discos nacionais mais agitantes
do ano.
Pontos
altos: The Whale,
Unchaterd Maps e Untitled. Emanuel Graça.
20. Salto, por Salto, Nortesul
Um sonho pop.
(ler crítica)
Salto, disco homónimo do duo Guilherme Ribeiro e Luís
Montenegro, é o disco pop do ano,
para qualquer das suas estações. Um a um, lançam-se teclados dos anos 80 (olá New
Order, olá Depeche Mode?), pelejas de batidas miami-bass desconcertantes e guitarradas para
acidificar todo o groove e um imenso
bom gosto num pot-pourri (desambiguação:
trata-se do significado original da expressão) em que Deixar Cair, tomada como o álbum inteiro, esconde a perfeição e precisão
– daquela que não se ensina nem se aprende - do tratamento que os Salto
deram à pop que conhecemos cantada em
português.
Pontos altos: Poema de Ninguém, Não Vês Futebol, Arcade. André Gomes de Abreu.
19. Flying Fortress, por Lululemon, Ed. Autor
Da terra portuguesa do blues, os Lululemon são mais uma certeza.
Da terra portuguesa do blues, os Lululemon são mais uma certeza.
Post-country,
funk, surf-rock... Flying Fortress dos
Lululemon é talvez um dos álbuns mais promissores do ano. Blonde Weather até podia acompanhar a Estrada de Palha de Rodrigo Areias que nem daríamos por ela. Há também espaço para
temas mais dançáveis, que se fazem acompanhar por um blues rejuvenescido. Bem,
no fundo, há de tudo, mas sempre com o selo Lululemon bem patenteado.
Ponto
alto:
Blonde Weather. Mickaël C. de Oliveira.
18. Frozen Caravels, por Equations, Lovers & Lollypops
17. A Balada do Coiote, por TV Rural, Chifre
Os TV Rural não negam o seu perfil popularista, e ainda bem.
(ler crítica)
16. Quack!, por Nice Weather For Ducks, Optimus Discos
:v
18. Frozen Caravels, por Equations, Lovers & Lollypops
O
barulho está todo lá, mas Frozen
Caravels é uma experiência bem mais complexa do que possa parecer.
(ler crítica)
Se saíssemos à rua para perguntar ao povo português a sua opinião acreca deste álbum, grande parte dessa amostra diria, certamente, que este álbum é só barulho (basta dar o exemplo da canção portuguesa do ano que os espectadores da RTP escolheram - Emanuel - Baby és uma bomba - para perceber o seu porquê). Contudo, a experiência dos Equations é bem mais do que isso: Electronic, post-rock, math-rock e Equations que só dão trabalho – e barulho que nunca mais acaba – não são a fruta que quem vota na RTP costuma querer. Eu gosto. E vá lá, ouçam a banda, até têm lá escrito “caravela” no título do álbum...
Se saíssemos à rua para perguntar ao povo português a sua opinião acreca deste álbum, grande parte dessa amostra diria, certamente, que este álbum é só barulho (basta dar o exemplo da canção portuguesa do ano que os espectadores da RTP escolheram - Emanuel - Baby és uma bomba - para perceber o seu porquê). Contudo, a experiência dos Equations é bem mais do que isso: Electronic, post-rock, math-rock e Equations que só dão trabalho – e barulho que nunca mais acaba – não são a fruta que quem vota na RTP costuma querer. Eu gosto. E vá lá, ouçam a banda, até têm lá escrito “caravela” no título do álbum...
Ponto
alto: Running with Scissors. Mickaël C. de Oliveira.
17. A Balada do Coiote, por TV Rural, Chifre
Os TV Rural não negam o seu perfil popularista, e ainda bem.
(ler crítica)
Como disse tão bem o Duarte Azevedo, que é um dos grandes
ilustres desta casa, “a expressão «roque
popular» é tentadora, mas o trabalho dos TV
Rural em nada se assemelha ao dos Diabo
na Cruz”. De facto, nesta balada assistimos a uma sonoridade mais
preocupada em ser rock do que em ser popular, tal como está patente em faixas
como Quem Me Chamou ou Morde-me. Contudo, o perfil popularista
da sonoridade da banda está sempre encorpado nas roupagens rítmicas e
instrumentais com que os TV Rural esculpem e nos declamam as
suas músicas sempre esquizofrénicas; ora tingidas por tonalidades mais
baladeiras, ora por tonalidades mais sinistras e intensas. Um dos grandes discos de
2012.
Pontos
altos: Se, Morde-me e Aldeia. Emanuel Graça.
16. Quack!, por Nice Weather For Ducks, Optimus Discos
:v
Os Nice
Weather for Ducks vêm do concelho de Leiria, mais propriamente da
Bajouca. Através da Optimus Discos
lançaram em 2012 o seu primeiro registo. Quack! é um álbum que nos faz lembrar
o melhor de bandas como os Foals ou os Animal Collective mas
sempre com um som bastante próprio, como pode ser verificado pela utilização de
instrumentos eletrónicos pouco convencionais que os NWFD mandaram vir do eBay e incluem nas suas composições. Quack! é um registo para ser ouvido do início ao fim inúmeras vezes. É difícil
apontar defeitos e igualmente difícil eleger alguma canção como a melhor.
Parabéns, malta, continuem!
Pontos
altos: Bolywood, Back
To The Future e Little Jodie. Diogo Marçal.
15. Flora, por Moullinex, Gomma Records
14. Não Se Deitam Comigo Corações Obedientes, por A Naifa, Ed. Autor
Com a finura de registos anteriores, as canções d’ A Naifa em Não Se Deitam Comigo Corações Obedientes são mais viscerais e ainda mais impactantes, muito por força da voz de Maria Antónia Mendes que mais do que nunca vai ao encontro dos poemas que lhe dão substrato. E sem olhar para trás, o resultado é mesmo assim aquela música aparentemente com todas as texturas que submergem o universo de A Naifa num perfume furiosamente cuspido para as entranhas da pele.
13. FÆMIN , por Process Of Guilt, Division Records & Bleak Recordings
Não morro de amores pelo metal, mas FÆMIN relata uma experiência incrivelmente abaladora.
12. Num Dia Mau Consegue Ver-se Para Sempre, por Amarionette, Raging Planet & Raising Legends
11. Olympia, por Minta & The Brook Trout, Optimus Discos
Habitué constante nestas coisas de melhores de cada ano, Norberto Lobo traz em Mel Azul mais do que nos tem vindo a habituar: pegar numa guitarra e extrair-lhe desejos insondáveis. São onze canções que mais do que representarem competições de notas avulso e /ou reproduzirem fantasmas do exterior, reclamam para Norberto Lobo a capacidade de ser o todo pela parte.
Pontos altos: Lúcia Lima, Golden Pony Blues e Maga Raga. André Gomes de Abreu.
Mais do que um disco de uma “MC de jeito”, fazia falta um disco assim.
O disco em que Ana Matos salta do underground é uma das melhores coisas que Portugal viu nascer em 2012. Nada de esqueletos vivos no armário, nada de vidas duplas: aqui há honestidade e hinos feitos de palavras certeiras, samples quase clássicos e beats inolvidáveis. Uma das razões principais pelas quais Portugal teve em 2012 uma cena musical muito mais estimulante que a cena internacional.
Pontos altos: 1º Dia, Domingo e Judas & Dalilas. André Gomes de Abreu.
A
sua música é subjectiva, mas a sua mensagem é universal: é fácil pintarmo-nos e
mesclarmo-nos com a arte de Moullinex.
Minuciosidade, glamouroso e chique são quatro
termos que podem ser aplicados ao novo álbum de Moullinex. Flora é definitivamente um dos álbuns
portugueses do ano. Rico em cores, colaborações de gente como Peaches,
Da Chick, ou Iwona Skwarek, Luís Clara
Gomes encontrou a receita perfeita para espalhar a mensagem de um Portugal
que, mesmo em crise, enriquece musicalmente dia após dia. Aqui há negrura e vitalidade. Há cor e morte. E há
renascença.
Pontos
altos : Darkest
Night, Undertaker, To be clear. Mickaël C. de Oliveira.
14. Não Se Deitam Comigo Corações Obedientes, por A Naifa, Ed. Autor
Languidez
despida de desencantos.
Com a finura de registos anteriores, as canções d’ A Naifa em Não Se Deitam Comigo Corações Obedientes são mais viscerais e ainda mais impactantes, muito por força da voz de Maria Antónia Mendes que mais do que nunca vai ao encontro dos poemas que lhe dão substrato. E sem olhar para trás, o resultado é mesmo assim aquela música aparentemente com todas as texturas que submergem o universo de A Naifa num perfume furiosamente cuspido para as entranhas da pele.
Pontos
altos: Émulos, Aniversário e Gosto de Ti/Marianna e
Chamily. André Gomes de Abreu.
13. FÆMIN , por Process Of Guilt, Division Records & Bleak Recordings
Não morro de amores pelo metal, mas FÆMIN relata uma experiência incrivelmente abaladora.
Estrondoso, titânico,
arrebatador, inóspito e intrigante. Os Process Of Guilt têm em FÆMIN um dos mais atordoantes discos
de 2012. Com uma sonoridade notoriamente alicerçada no doom metal, com pequenas texturas stoner rock a emergirem-se pouco a pouco, é laudativa a frieza e
crueza com que os PoG nos atordoam e nos condimentam de uma forma imprevisível,
bastante salubre e profunda este disco. Extremamente coeso e com uma produção
perfeita, e podendo, é ir apanhar um abanão com todo este caos sonoro.
Pontos altos: Harvest,
Faemin e Cleanse. Emanuel Graça.
12. Num Dia Mau Consegue Ver-se Para Sempre, por Amarionette, Raging Planet & Raising Legends
De
Setúbal, uma grande revelação: são os Amarionette.
Uma das revelações do
ano são os Amarionette. As comparações com os Linda Martini são
inúmeras vezes utilizadas mas em Num Dia Mau Consegue Ver-se Para Sempre os
Amarionette
mostram que são muito mais do que isso. Post-Rock
de elevada qualidade, bastante experimental e criativo. Destaco para além da
parte instrumental, uma excelente utilização da língua portuguesa.
Pontos
altos: Alberto
Caeiro e Monstros de Ninguém. Diogo Marçal.
11. Olympia, por Minta & The Brook Trout, Optimus Discos
É
viciante, simples, belo e gostamos mais dele a cada vez que o escutamos.
(ler crítica)
Tem um início calmo e suave e um desenlace a fazer a bússola apontar no sentido de um folk rock abrasante e aconchegante. São os Minta & The Brook Trout e têm em Olympia um dos mais viciantes discos do ano. A voz de Francisca Cortesão (aka Minta) revela-se, ao longo de todo o disco, apaixonante e as guitarras fundem-se sempre bem com a sua doçura, bem como os pequenos detalhes carimbados por sintetizadores como acontece, por exemplo, em Blood and Bones. “É na simplicidade que reside o grande encanto das coisas”; Olympia assim o prova. Venham mais discos deste quilate.
Tem um início calmo e suave e um desenlace a fazer a bússola apontar no sentido de um folk rock abrasante e aconchegante. São os Minta & The Brook Trout e têm em Olympia um dos mais viciantes discos do ano. A voz de Francisca Cortesão (aka Minta) revela-se, ao longo de todo o disco, apaixonante e as guitarras fundem-se sempre bem com a sua doçura, bem como os pequenos detalhes carimbados por sintetizadores como acontece, por exemplo, em Blood and Bones. “É na simplicidade que reside o grande encanto das coisas”; Olympia assim o prova. Venham mais discos deste quilate.
Pontos
altos: At Your
Will, Gold e Falcon. Emanuel Graça.
10. Mel Azul, por Norberto Lobo, Mbari
Escultor de peças de museu a cada disco.
Habitué constante nestas coisas de melhores de cada ano, Norberto Lobo traz em Mel Azul mais do que nos tem vindo a habituar: pegar numa guitarra e extrair-lhe desejos insondáveis. São onze canções que mais do que representarem competições de notas avulso e /ou reproduzirem fantasmas do exterior, reclamam para Norberto Lobo a capacidade de ser o todo pela parte.
Pontos altos: Lúcia Lima, Golden Pony Blues e Maga Raga. André Gomes de Abreu.
Azevedo
Silva continua a enfeitiçar-nos com a sua música.
Azevedo Silva
é um dos grandes cantautores portugueses que tem surgido nos últimos anos. Com
uma incrível habilidade para escrever, consegue aliar a magia das suas letras a
uma composição instrumental bastante bem conseguida. Monja Mihara não fica
nada atrás dos seus anteriores registos e claro que tem que ser considerado um
dos álbuns do ano.
Pontos
Altos: Fadiga,
Sufoco e La Gacilly. Diogo Marçal.
8. Pega Monstro, por Pega Monstro, Cafetra Records
Sempre
com o seu perfil muito próprio, as Pega Monstro estão bem mais
crescidas.
(ler crítica)
As Pega Monstro são uma daquelas bandas que ou são adoradas ou então odiadas, não existindo praticamente meio-termo. Pessoalmente tenho que confessar que me situo nesse mesmo meio-termo. Sempre achei que este era um projecto interessante, sei no entanto apaixonar-me verdadeiramente. Este álbum homónimo mostra uma evolução sonora. As letras, essas, continuam simples e pouco cuidadas, a música é cantada da mesma forma desafinada que sempre foi uma imagem da marca e que faz tanta gente odiar as Pega Monstro, mas o que interessa é que tudo isto junto resulta num disco bastante bom e que nos faz cantarolar alguns versos.
As Pega Monstro são uma daquelas bandas que ou são adoradas ou então odiadas, não existindo praticamente meio-termo. Pessoalmente tenho que confessar que me situo nesse mesmo meio-termo. Sempre achei que este era um projecto interessante, sei no entanto apaixonar-me verdadeiramente. Este álbum homónimo mostra uma evolução sonora. As letras, essas, continuam simples e pouco cuidadas, a música é cantada da mesma forma desafinada que sempre foi uma imagem da marca e que faz tanta gente odiar as Pega Monstro, mas o que interessa é que tudo isto junto resulta num disco bastante bom e que nos faz cantarolar alguns versos.
Pontos
altos: Lisboa-Porto,
Fetra e a despreocupação na forma
como as letras e as composições são feitas. Diogo Marçal.
Mais do que um disco de uma “MC de jeito”, fazia falta um disco assim.
O disco em que Ana Matos salta do underground é uma das melhores coisas que Portugal viu nascer em 2012. Nada de esqueletos vivos no armário, nada de vidas duplas: aqui há honestidade e hinos feitos de palavras certeiras, samples quase clássicos e beats inolvidáveis. Uma das razões principais pelas quais Portugal teve em 2012 uma cena musical muito mais estimulante que a cena internacional.
Pontos altos: 1º Dia, Domingo e Judas & Dalilas. André Gomes de Abreu.
6. Criôlo, por B Fachada, Mbari
Quem
quer dançar com o B
Fachada?
(ler crítica)
B Fachada já não é nenhuma novidade no panorama musical português. Um dos muito bons cantautores da terra de Camões, mas que ano após ano não pára de lançar álbuns cá para fora, cumprindo a sua promessa de ser o “Zappa Português”. Criôlo apresenta um som algo diferente dos seus antecessores. Mais dançável e mais experimental, com diversas influências africanas, Criôlo surge como um autêntico disco de cabeceira.
B Fachada já não é nenhuma novidade no panorama musical português. Um dos muito bons cantautores da terra de Camões, mas que ano após ano não pára de lançar álbuns cá para fora, cumprindo a sua promessa de ser o “Zappa Português”. Criôlo apresenta um som algo diferente dos seus antecessores. Mais dançável e mais experimental, com diversas influências africanas, Criôlo surge como um autêntico disco de cabeceira.
Pontos
altos: Como Calha,
Afro-Xula e É Normal. Diogo Marçal.
5. Memória de Peixe, por Memória de Peixe, Lovers & Lollypops
4. Orelha Negra, por Orelha Negra, ArtHouse
3. Rockuduro, por Throes + The Shine, Lovers & Lollypops
2. L'Art Brut, por Wraygunn, ArtHouse
1. Titans, por Black Bombaim, Lovers & Lollypops
10. New Kind Of Mambo, por New Kind Of Mambo, Ed. Autor
Como aliciar o presente com referências ao passado.
Tiago Fonseca e Sofia Dias concentram no primeiro EP diferentes coordenadas do blues e do rock n’ roll e não evitam revivalismos. Pelo contrário, fazem prova que desde que perfeitamente domadas a cinto de cabedal, estas canções sobrevivem por si próprias, qual fórmula que se refresca de cada vez que o silêncio aparece. É urgente termos canções tão joviais e descomprometidas ao nosso dispor.
Pontos altos: New Kind of Mambo e Whole Lot Treat. André Gomes de Abreu.
Loops
curtos, malhas a rasgar.
Os Memória de Peixe são, sem dúvida, um
dos projectos mais interessantes que surgiram em Portugal nos últimos anos. O
disco de estreia veio confirmar o talento e criatividade que este duo já
apresentava nas suas actuações ao vivo. Um disco cheio de grandes malhas que
dão tanta vontade de mostrar ao resto do mundo o talento que existe no nosso
país e que infelizmente grande parte das vezes não consegue chegar a outros
portos…
Pontos
altos: Indie Anna
Jones, Estrela Morena e Fishtank. Diogo Marçal.
4. Orelha Negra, por Orelha Negra, ArtHouse
Hip-hop
anti-hip-hop? Yah, algo parecido.
Começa-se com Um Brinde, acaba-se em Aurora; mas a viagem ao longo deste disco
é sempre intensa e elucidante quanto ao talento dos Orelha Negra, banda
composta por Sam The Kid, Fred Ferreira, Francisco Rebelo e João
Gomes. Romancistas do hip-hop,
simpatizantes do downtempo,
experimentados em texturas jazzísticas e ousados do groove, os Orelha Negra alimentam-nos com Juras e promessas aliadas aos seus beats desconcertantes de que há hip-hop dentro do hip-hop para os que não querem ouvir hip-hop. Olhem-se ao Espelho,
assobiem a la O Segredo (que tão bem
que fica vestido nos nossos ouvidos) e façam um brinde a eles.
Pontos
altos: Espelho,
Juras e O Segredo. Emanuel Graça.
3. Rockuduro, por Throes + The Shine, Lovers & Lollypops
Com
os Throes + The
Shine, a festa é um
dado adquirido.
Ter o Rockuduro
dos Throes
+ The Shine é fixe. Assistir à prestação destes rapazitos então, nem se
fala. Um bomba energética entre o kuduro do
Porto e o rock de Angola. Ou o
contrário. É que no fim de tanta mistura já não dá bem para distinguir. Festa
inconsciente garantida.
Pontos
altos: Ewe e Adrenalina. Mickaël C. de Oliveira.
2. L'Art Brut, por Wraygunn, ArtHouse
Blá, blá, blá…Wraygunn.
L’ Art Brut
é um teste aos travões aparentemente difícil mas superado: sabe-nos a mais e
exige-nos mais para o escutarmos na perfeição, restaura-se o glamour ao rock n’ roll , mas a essência e a identidade, que não esquecem a soul music e camadas de tempos tão
simples rock & blues que contam
histórias sem voz, que os Wraygunn imprimem são duas
perdições. O resto é “blá, blá, blá”,
“bling, bling, bling” e muito mais,
num reconhecimento da asseveração de uma música genuína que poucos fazem tão
bonita.
Pontos altos: Kerosene Honey, Track You Down, That Cigarette Keeps Burning. André Gomes de Abreu.
Pontos altos: Kerosene Honey, Track You Down, That Cigarette Keeps Burning. André Gomes de Abreu.
1. Titans, por Black Bombaim, Lovers & Lollypops
Não
é droga, mas parece: a música dos Black
Bombaim é alucinogénia e ferve em ácidos. Há quem diga "foda-se", mas eu prefiro entrar em trip e mandar tudo com o caralho.
Muita tinta tem
corrido às custas de Titans (titãs, em língua portuguesa),
álbum estrondoso dos Black Bombaim lançado pela Lovers & Lollypops (obrigado, Lovers
& Lollypops, por nos dares tantos e tão bons discos). Porém, por
muita tinta que se gaste, nada ficará tão escrito na eternidade como a música
explosiva edificada e minada em Titans. É impossível não nos
deixarmos envolver nos riffs
monstruosos que por lá habitam, é impossível negar uma viagem espacial pelo
universo “frita-miolos” que os barcelenses criam em todas as suas composições
através de pormenores embalsamados em psicadelismos atordoantes: um titã é um
vocativo mitológico genérico para apelidar os gigantes que pretenderam escalar
o céu, só que o esforço dos Black Bombaim não se limitou aos
céus; transcendeu-os. Uma vénia, por favor.
Pontos
altos: tudo e mais alguma coisa. Emanuel Graça.
TOP 10 EP's NACIONAIS DE 2012:
Como aliciar o presente com referências ao passado.
Tiago Fonseca e Sofia Dias concentram no primeiro EP diferentes coordenadas do blues e do rock n’ roll e não evitam revivalismos. Pelo contrário, fazem prova que desde que perfeitamente domadas a cinto de cabedal, estas canções sobrevivem por si próprias, qual fórmula que se refresca de cada vez que o silêncio aparece. É urgente termos canções tão joviais e descomprometidas ao nosso dispor.
Pontos altos: New Kind of Mambo e Whole Lot Treat. André Gomes de Abreu.
9. O Fim, por B Fachada, Ed. Digital via Bandcamp
8. Ermo, por Ermo, Futomaki A&R
(ler crítica)
Um jovem duo de Braga que decidiu fazer música e apelidar o seu projecto de Ermo lançou aquele que foi para mim o melhor EP nacional do ano. Altamente inovadores na música que fazem (bastante difícil de catalogar com algum estilo), cedo me despertaram o interesse através do lançamento esporádico de algumas canções através do bandcamp. Carregado de melodias obscuras e manifestações de interioridade, girando à volta do mito do Quinto Império. Vinte minutos de arte pura que devem ser ouvidos na totalidade e em modo repeat. EP merecedor de um enorme aplauso e que deixa óptimas indicações para futuros lançamentos.
7. Will You Wake Up Today?, por Dusk At The Mansion, Ed. Autor
Maquinalmente pop.
Na estreia, os Dusk At The Mansion apresentam um EP de 4 canções surpreendentes. Não apenas pelo encaixe perfeito do vocoder num conceito moderno, dançável, de pop electrónica, mas pela naturalidade com que os sintetizadores definem melodias, dinâmicas e sentimentos tão delicados. A perspectiva destes temas em formato longa-duração forra de forma decente a convicção que nada os deverá proibir de se tornarem obrigatórios num futuro próximo.
Pontos altos: Deep Breath e The Portrait. André Gomes de Abreu.
6. Lasers, por Lasers, Bad Panda Records
Pontos
altos: Tudo. Emanuel Graça.
O
fim que jamais será o fim porque a intemporalidade nunca acaba, nunca
se esvai nem nunca deixará que as palavras morram, desapareçam ou acabem.
se esvai nem nunca deixará que as palavras morram, desapareçam ou acabem.
B Fachada despediu-se para o seu ano da sabática com O Fim,
um disco onde Fachada exuma até às
suas origens; de braguesa ao peito, mesmo que electrificada, tal e qual a sua
vasta quantidade de seguidores mais deseja. Esse regresso foi esplêndido e a
produção lo-fi ajudou, porque a
música de B Fachada nada mais é que uma aproximação dos que a ouvem e, sobretudo,
a sentem; é bom sentirmo-nos parte do esqueleto sonoro, é inegavelmente bom alojarmo-nos
nos arranjos líricos inolvidáveis com que o estro de B Fachada nos vai abrasando, mas melhor ainda é isso tudo numa
simbiose perfeita a vestir-se cuidadosamente nos nossos ouvidos. Um dos
melhores registos de B Fachada até à
data, e um dos meus discos/ep’s favoritos de 2012. Vamos ter saudades tuas, Bernardo.
Pontos Altos: Fado,
Mano e Boa Nova. Emanuel Graça.
8. Ermo, por Ermo, Futomaki A&R
Não
é só música, é também história.
Um jovem duo de Braga que decidiu fazer música e apelidar o seu projecto de Ermo lançou aquele que foi para mim o melhor EP nacional do ano. Altamente inovadores na música que fazem (bastante difícil de catalogar com algum estilo), cedo me despertaram o interesse através do lançamento esporádico de algumas canções através do bandcamp. Carregado de melodias obscuras e manifestações de interioridade, girando à volta do mito do Quinto Império. Vinte minutos de arte pura que devem ser ouvidos na totalidade e em modo repeat. EP merecedor de um enorme aplauso e que deixa óptimas indicações para futuros lançamentos.
Pontos
altos: Concílio e
Dies Irae. Diogo Marçal.
Maquinalmente pop.
Na estreia, os Dusk At The Mansion apresentam um EP de 4 canções surpreendentes. Não apenas pelo encaixe perfeito do vocoder num conceito moderno, dançável, de pop electrónica, mas pela naturalidade com que os sintetizadores definem melodias, dinâmicas e sentimentos tão delicados. A perspectiva destes temas em formato longa-duração forra de forma decente a convicção que nada os deverá proibir de se tornarem obrigatórios num futuro próximo.
Pontos altos: Deep Breath e The Portrait. André Gomes de Abreu.
6. Lasers, por Lasers, Bad Panda Records
Viagens
e mais viagens.
Chillwave
é viagem, LASERS são quatro cidades.
No centro, há afinidades, encontros e reencontros. Emoções reais, impressões
superficiais, ilusões e saudades. E há quatro faixas, lindas de morrer.
Pontos
altos: Porto,
Amsterdam, Berlin, Paris. Mickaël C. de Oliveira.
5. Wires, por Lydia's Sleep, Ed. Autor
Um
dos melhores registos math-rock do ano.
Wires é
um dos grandes EPs que o mundo viu ser lançado este ano. Math-rock ou post-hardcore
o que interessa é que é música e da boa! Um EP
que apenas peca por ser curto, mas que nos deixa extasiados. Notável tanto a
nível de composição como na qualidade técnica individual de cada um dos seus
membros. Mais uma daquelas bandas jovens que certamente nos vão fazer ouvir
coisas muito boas nos próximos anos.
Pontos altos: For To The Past e Leaving Early. Diogo Marçal.
4. Under The Quiet Sky, por Plane Ticket, Cakes & Tapes
Há
quem ande por aí a falar daquela banda d’os aviões;
que pena que tenho dessas pessoas.
que pena que tenho dessas pessoas.
São quatro e são de
Torres Vedras; os Plane Ticket têm um Under The Quiet Sky uma estreia
estrondosa e bastante prometedora. São uns escassos vinte minutos a la Turn
On The Bright Lights, mas que sustentam os Plane Ticket como uma
certeza do rock alternativo nacional. As guitarras estão sempre bem aguçadas, a
linha de baixo está sempre perfeita e enfatizada, tal como manda a lei do post-punk, e a bateria está sempre
pronta para dar o seu impulso e catapultar-nos lá bem para cima, fazendo esquecer
que a gravidade nos impede de levitar;a música dos Plane Ticket faz-nos
sentir leves, sem peso, mas o seu corpo é extremamente robusto e é maravilhoso
e orgásmico explorá-lo enquanto levitamos pela sua composição estruturada ao
átomo. Anda comigo ouvir os aviões, os bons.
3. Rancor, por RA, Lovers & Lollypops
1. Broda, por Gala Drop, Gala Drop Records
Quem
somos?
As fronteiras já não
existem. No caso do Ricardo Remédio,
a passagem do doom para a música
eletrónica fez-se sem grandes conflitos. Em Rancor, o artista
conseguiu expulsar de dentro dele tudo o que sentia no doom e contaminou-nos: Rancor serve para conhecermo-nos
melhor, descobrir o negro que está em cada um de nós. Constrangedor.
Pontos
altos: Tudo. Mickaël C. de Oliveira.
2. Aurora, por Savanna, Pontiaq
Um
casamento de duas noções sonoras distinas.
Dançável, aromático,
agradável e pitadas efervescentes de rock.
É impossível não gingar a cabeça ao ouvi-lo e é, sobretudo, um EP que casa os fãs
de rock com os da eletrónica. Fresco, ousado e hipnótico, Aurora é um dos grandes
ep’s do ano. (Ah e algumas músicas tipo o Rest
lembram o GTA).
Pontos
Altso: Rest e Aurora. Mickaël C. de Oliveira.
Chamava Broda ao meu
irmão, mas ele não me oferecia viagens nenhumas.
Agora há quem me ofereça viagens de Gala.
Agora há quem me ofereça viagens de Gala.
O convidado é de peso, trata-se de Ben
Chasny (frontman dos Six Organs Of Admittance), e tem
ao peito a guitarra eléctrica; a banda veste-se, por isso, a rigor, com
roupagens sonoras briosas, vestuários dignos de gala. Broda vem
confirmar aquilo que se esperava: que os Gala Drop são um dos
nomes nacionais a quem mais devemos estar atentos. Toques perfumados pelo
psicadelismo habitam na sonoridade da banda, mas é o seu perfil idiossincrático
que acaba por mais se impor. Viagens são prometidas, onde as paisagens se revelam
hipnóticas e a banda sonora enfatizada pelos beats incessantes e pela
atmosfera criada pela guitarra é de eleição; o resto só cada um de nós saberá. Bastaram
três músicas; venha daí novo álbum.
Ponto alto: Muito mais barato que viajar pela TAP. Emanuel Graça.
*Votações e textos de: André Gomes de Abreu, Diogo Marçal,
Emanuel Graça e Mickaël C. de Oliveira. Os tops individuais serão divulgados amanhã.
Emanuel Graça e Mickaël C. de Oliveira. Os tops individuais serão divulgados amanhã.
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