Frederic de Carvalho é um artista
luso-francês residente nos arredores de Paris. DJ, label manager, Frédéric tenciona
editar em 2013 um álbum retropetivo. As suas inspirações, os seus maiores
feitos, a sua experiência enquanto label manager da Absolut Freak Records: Frédéric conta-nos tudo.
BandCom (BC): Quem
é hoje Frederic de Carvalho ? O DJ, o label manager ? Quais são as
tuas influências ? Como nasceu a tua paixão pela música ?
Fréderic de Carvalho (FC): Desde muito jovem quis ser DJ, adorava dance music. Depois de ter adquirido as
minhas primeiras turntables na
adolescência, quis muito rapidamente lançar-me na produção. Em 2006, decidi
criar a minha primeira editora, depois de ter trabalhado dois anos noutra.
Ultimamente, tenho-me concentrado mais na minha própria carreira, na produção e
também no deejaying.
BC: Fala-nos
da tua experiência a solo. Como conseguiste o destaque na categoria
« música electro » no site Deezer ?
FC: Isso foi graças às editoras onde assinei.
São elas que gerem a minha promoção. A Boxon Records conseguiu pôr o meu single "Pod-o-logy" na "top page" do Deezer.
BC: Caracol, inspiração africana ?
FC: Tenho
seguido de perto a cena electro-tropical, da Man Recordings à Mad Decent, e
costumo fazer algumas incursões nesses estilos. E até comecei por "mixar" tecno
tribal há 12 anos.
BC: Como definirias o teu
estilo ?
FC: É
uma espécie de electro freaky, que se
baseia essencialmente no meu percurso, mas também em ambientes 8-bit, rítmos funkys ou ainda melodias dos anos
oitenta.
BC: Como te sentes quando atuas em
Portugal ?
FC: Não
aconteceu muitas vezes… mas é sempre bom atuar lá, é uma espécie de regresso às
origens.
BC: Quais
são os artistas que mais te inspiram ? Com quem sonhas atuar ?
FC: Inspiro-me de tudo um pouco, de tudo o
que me rodeia, desde a pop cultura da MTV à tecno de Detroit. Já tive a sorte
de poder colaborar com alguns dos meus ídolos como Laurent Garnier ou David
Carretta. O meu sonho era ter feito algo com o Michael Jackson. RIP…
BC: Já trabalhaste com outros
lusodescendentes ?
FC: Podia
citar o Play Paul, nome de artista do Paul Homem Cristo, também irmão de um dos
Daft Punk e que tem origens portuguesas. Atuei com ele no Plano B no Porto,
nunca me esquecerei desse momento.
BC: Que
lugar ocupa a tua editora Absolut Freak Records no panorama da música electrónica
francesa ?
FC: Bem, foi uma das últimas editoras electro
a produzir vinyl em França. Mas pelo
seu catálogo e pela notoriedade além-fronteiras, a Absolut Freak nunca foi
assimilada à cena francesa. Hoje, a atividade está em stand-by, num setor mais digital que me seduz menos.
BC: Já
agora, quais são os teus artistas mais consagrados ?
FC: O mais popular é o Popof, que é hoje
conhecido e reconhecido internacionalmente. Também tenho muito orgulho em ter o
Adam Sky, autor do célebre hit
« Killer » com o Seal no início dos anos 90. Uma legenda viva.
BC: Fala-nos
um pouco dos teus concertos – e dos concertos dos teus artistas – pelo mundo.
FC: Esta atividade permite-nos, felizmente,
viajar imenso. No que me diz respeito, podia falar-te da minha primeira atuação
pública no Rex Club em Paris em 2001 (começar no templo da tecno em França, um
sonho que se tornou realidade, não sem alguma pressão e uma boa dose de stress.) Também me lembro de uma bela
noite da Absolut Freak no Social Club em Paris com Tiga, de uma noite de ano
novo estupenda em Leipzig na Alemanha, de uma data em Madagáscar muito
enriquecedora a nível cultural…
BC: Tens
recebido elogios de artistas como StereoHeroes, Diamond Bass, Xinobi, Dj
Manaia, Steve Aoki…
FC: Fazem parte das pessoas que me apoiaram
aquando das saídas dos projetos da minha editora.
Fazemos um pouco parte da mesma rede.
BC: Também
estás baseado em Freamunde/Paços de Ferreira...
FC: Tenho lá a minha segunda residência. A
minha família toda é de lá.
BC: Colaboraste
com artistas portugueses ?
FC: Alguns dos maiores atores da cena electrónica
portuguesa já me remixaram. O Xinobi, o Zombies for Money, Expander, Zentex…
BC: Como
vão as finanças da tua editora ?
FC: Nunca pude viver do meu trabalho na
editora. Gastei bastante mesmo… Até podia ter ganho mais se tivesse lançado a
coisa cinco anos mais cedo mas cheguei quando o mercado do vinyl estava em plena caída… A Internet mudou muita coisa. Os
miúdos já não vêem a música como algo que se paga mas isso também lhes
facilitou de uma certa forma o acesso à cultura. As redes sociais permitem
atingir mais gente, mas tudo se tornou também numa selva concorrencial. Não
quero parecer old-school, mas sinto
falta dos discos com belas capas. Aliás, tenciono editar um disco para 2013…
BC: Que lugar ocupam Portugal e
França na música electrónica para ti ?
FC: A
França é forte, sobretudo graças à cena parisiense, un pouco exclusiva, quase
protecionista mas consegue exportar-se na mesma. Em Portugal, há menos artistas
que saem do país mas existe uma cena dinâmica em plena expansão, com artistas
como os Buraka Som Sistema ou a team
da Discotexas a mostrar o caminho…
Mickaël C. de Oliveira
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