Os Melech Mechaya são uma banda
lisboeta de música Klezmer. Não conhece? Imagine um grande refogado em que
entra o fado e o tango, a música cigana, árabe e balcânica. Algo como isso.
Nunca ouviu? Este Aqui em Baixo Tudo é
Simples é um excelente ponto de partida. João Graça no violino, Miguel
Veríssimo no clarinete, André Santos na guitarra, João Sovina no contrabaixo e
Francisco Caiado na percussão brindam-nos com uma celebração ininterrupta da
música klezmer.
O disco divide-se entre originais e
músicas tradicionais de origem judaica. “Los Bentos”, “Pano Corrido”, “Gare No
Oriente”, “Jahfotes”, “Caleidoscópio”, “Aqui Em Baixo Tudo É Simples” e “Chinelo
Aquático” são temas compostos pela própria banda, que conseguem não cair na
vulgaridade (o que constitui um perigo iminente quando determinado estilo
musical apresenta características bem delineadas, como é o caso) e oferecem, de
facto, algo de novo à música klezmer - o mesmo se pode dizer sobre a divertida “Chapéu
Preto”, escrita por Arlindo Duarte Tavares. Em “Doina”, composta por Dave
Tarras, o clarinete atinge o máximo da exuberância e Miguel Veríssimo
confirma-se-nos como um enorme músico. “Freylach De Varsóvia”, que abre o disco
em grande estilo, “Sirba + Di Grine Kuzine”, “Dança Árabe” e “Mazel Tov” são
músicas tradicionais, sendo esta última sem sombra para dúvida o ponto alto da
festa.
Este lançamento conta ainda com a
participação de Mísia e do trompetista fundador dos Klezmatics, Frank London. A
primeira empresta a voz a “Gare do Oriente”: sobre este tema apetece dizer que
o casamento entre a voz da fadista e a banda não foi tão bem conseguido como
seria expectável. Mas somos prontamente compensados pelos momentos sublimes no
instrumental desta canção e pela colaboração seguinte em que a trompete de
Frank London se funde na perfeição com o som da banda.
A festa espreita a cada escalada
estratosférica do clarinete e a alegria da banda é contagiante e sente-se até
num registo discográfico. E imagine-se como é tudo isto ao vivo! Fica a vontade, e
oportunidades certamente não faltarão pois estes rapazes vieram para ficar.
Bernardo Branco Gonçalves
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