quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

RODRIGO LEÃO - Coliseu dos Recreios, 27/11/2012 - REPORTAGEM


No passado dia 27, Rodrigo Leão entrou mais uma vez num Coliseu dos Recreios cheio que se sentou para ver e ouvir a sua música. Para além do Cinema Ensemble, com uma muito aplaudida Celina da Piedade no metalofone e o acordeão, este foi um dos concertos de apresentação de "Songs (2004-2012)" que contou também com três muito especiais vozes convidadas: Scott Matthew (ex-Elva Snow), Beth Gibbons (Portishead) e Neil Hannon (Divine Comedy).




A recordar o último "A Montanha Mágica", que haveria de ser o ponto de coesão fulcral do espectáculo, "Praia do Norte" e "Mar Estranho" marcaram a abertura do espectáculo. As imagens abstractas que se viam projectadas no tecto ajudavam a complementar a beleza e a magistralidade com que ritmos, jogos melódicos de sempre e palavras imaginárias se entrecruzavam num mesmo presente - aqui sublinhando a omnipresente franqueza em as "Tardes de Bolonha", música composta originalmente para os Madredeus e as brilhantes "O Tango dos Malandros" (dedicada aos "malandros" de Portugal), "Os Cidadãos", da banda-sonora de "Portugal, Um Retrato Social" e "La Fête".

Entretanto, Rodrigo Leão chama ao palco Scott Matthew para momentos de perfeita simbiose, não apenas vincados em "Terrible Dawn", mas também em "In The End" e "Incomplete" (um dos inéditos do novo "Songs (2004-2012)") , as outras canções em que Scott Matthew deixa a sua impressão e que trazem as cordas das guitarras que haveríamos de ouvir em "O Baloiço" e "Aviões de Papel", ambas de "A Montanha Mágica".
Claramente conhecedora, a plateia esperava por Neil Hannon, que haveria de aparecer com o toque de classe que poucos "frontmans" têm - "Cathy" exige não menos do que isso de Neil Hannon e este, assoberbado, transforma a cisma em feitiço ao toque de vários aplausos.



Quando as músicas são valiosas, a mini-orquestra é gigante e Rodrigo Leão é um maquinista de fantasias, parece não faltar nada, nada senão outra voz de ruptura. Essa voz é a de Beth Gibbons, primeiro em "Show" - retirada do disco de colaboração com Rustin' Man - e a inevitável "Lonely Carousel", do quase longínquo longa-duração "Cinema".

Os dois encores não são apenas mais minutos de destaque aos convidados internacionais, trazendo um dueto entre Neil e Scott para "Smile" (clássico de Charlie Chaplin e na interpretação de Nat King Cole) e "Happiness", mas tempo e lugar para um dos candidatos eternos a hino de Portugal: "As Ilhas dos Açores". A ovação final seria para um "retake" de "Cathy", trazendo para cena todos os músicos intervenientes no espectáculo que trocaram agradecimentos humildes e sinceros com a audiência.




Em suma, um concerto de Rodrigo Leão é, definitivamente, uma experiência que deveria ser obrigatória em vida.
Um caleidoscópio maniqueísta do conceito de "perfeição" sem qualquer revés.




André Gomes de Abreu
Fotografias por David Cachopo
(galeria completa disponível
em facebook.com/bandcom)






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