Sem
descurar das características mais aventureiras e nobres do povo português, Os
Quais fazem questão de viajar, e de nos levar com eles, até ao Novo
Mundo, no seu fantástico novo trabalho. Pop é o contrário de Pop é o álbum mais
recente de João Lucas Pires e Tiago Cunha Ferreira, três anos após Meio
Disco, um registo recheado de ouro e açúcar, numa suave e agradável
viagem até às “Terras de Vera Cruz”.
No
novo registo da banda lisboeta, é notório um travo muito intenso a bossa nova,
mas uma bossa nova algo renovada, com uma sonoridade jazzy mesclada com uma pitadinha suave de pop, uma receita que se revela apetecível e que fermentou um álbum
tão inovador e castiço como este.
Com
uma sonoridade muito ampla e variada, este Pop é o contrário de Pop tem pouco para
não se gostar. Desde os sons mais calmos e serenos até aos mais dançáveis e
agitados, cantando afinadamente desafinado, como manda o enormíssimo João Gilberto, João Lucas Pires brinca com o português de uma forma simplesmente
deliciosa, fazendo um fabuloso jogo de palavras, como está presente em, por
exemplo, Questionário, sétima faixa
do registo, que me deixa sempre enfeitiçado e com um fiozinho de baba no canto
da boca.
Quanto
aos pontos menos positivos, não acho existam grandes falhas, mas vejo em Buganvília e Quem Sabe as faixas que menos me agradam. Julgo que ficaram demasiado
mortas, levando-as a ser algo incoerentes com este Pop é o contrário de Pop.
Em
sumário, posso garantir, e com muita convicção, que dificilmente não se
engraçará com este belo trabalho d’Os Quais. Está aqui uma prova viva
que se pode brincar com o português com uma sapiência tremenda, cantando-o e
enfeitiçando-o de uma maneira bastante boa. Depois de ouvir este álbum, ai
daquele que se atreva a dizer que o português não é cantável!
Classificação Final: 8/10
Pedro Pereira
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