Noiserv é um one-man-band,
criado na mente de David Santos, um jovem engenheiro electrotécnico que em 2005
decide abrir as portas ao som que grava no seu quarto. Em 2008 lança o seu
primeiro disco, One Hundred Miles from
Thougtlessness, ao que lhe sucede o EP que é analisado neste artigo, A Day in the day of days, dois anos
depois. As suas músicas, quase sempre minimalistas e com uma sonoridade
acústica e, ao mesmo tempo, electrónica, são provas de uma nova onda de música
experimental em Portugal.
A viagem começa às 6h da manhã
com Mr. Carousel. E se achavam que
instrumentos pouco usuais como o xilofone não podiam fazer música com estilo,
desenganem-se: as notas tristes que David Santos retira das teclas grava em loop e acrescenta-lhes acordes de
guitarra, numa sonoridade electro-acústica muito agradável.
Quem já assistiu a uma actuação
ao vivo deste génio sabe como são produzidos os efeitos iniciais de The Sad Story of a Little Town: com uma
máquina fotográfica analógica – isso mesmo! Repetem-se as teclas melancólicas
(mas sem que tal se torne aborrecido) e juntam-se vocais sobrepostos, criando
um efeito chorus interessante.
É hora de almoço (13h58) e B.I.F.O entra com dedilhar de guitarra e
a voz sempre serena de David. Pelo meio adquire-se uma harmonia algo sombria,
regressando novamente à calma que é característica nas suas músicas. Entretanto
anoitece, são 19h10 – Time2. David
reflecte sobre o tempo e o seu efeito nas emoções que corroem a sua mente. Attenagro aparece-nos com um órgão leve
e lento, convidando-nos a uma meditação, sobre a cama numa nuvem de fumo – são 22h20
e a cassete chega ao fim.
É a voz grave de Noiserv, juntamente com as teclas e
linhas de guitarra tocadas com as mesmas duas mãos, que torna este projecto tão
bom. Em palco, mostra-se tímido, esconde-se entre os instrumentos e algumas
piadas, mas se tiverem oportunidade de assistir, não a desperdicem – não
ficarão desiludidos.
Luís Carreto
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