Depois da apresentação do disco de estreia "Tear Down These Walls" no Hard Rock Café, os Stone Slaves continuam a apresentar o seu disco por todo o país. Entretanto, tivemos a oportunidade de trocar umas palavras com o vocalista e guitarrista da banda, Jaime Romano.
BandCom (BC): Porquê Stone Slaves?
Jaime Romano (JR): Não há
razão especifica para o nome nem influências de outras bandas em termos de
nome, simplesmente tínhamos algumas ideias de nomes em cima da mesa e o pessoal
achou que Stone Slaves adequava-se bem ao tipo de som e também era o que soava
melhor :)
(BC): Falem-nos um pouco do vosso percurso até à edição do vosso disco.
(JR): Os Stone
Slaves começaram em finais de 2007 com os primeiros ensaios e tínhamos apenas
quatro músicas compostas. Foi já em 2008 que demos o nosso primeiro concerto e
que começámos a compôr mais. Foi também a partir deste ano que começámos a
nossa aventura nos concursos de bandas de garagem, nos quais saímos vencedores
por cinco vezes e que foram, em certa parte, a nossa rampa de lançamento, pois
deram-nos a oportunidade de mostrar o nosso trabalho de norte a sul do país, e
permitiram-nos também amadurecer em palco. Foi precisamente através de um destes
concursos que conhecemos o nosso produtor (Marco Jung) e daí até irmos para
estúdio foi um pulinho.
(BC): Já
foram um quinteto, entretanto passaram a um quarteto. De que forma isso
influenciou o vosso trabalho? Para vós existe algum elemento extra que pensam
que vos poderia ajudar na construção da vossa sonoridade?
(JR): Confesso
que quando ficámos reduzidos a quatro elementos, a fase de reestruturação foi
um pouco dificil pois tínhamos as musicas preparadas para três guitarras e não
para duas, tanto mais que a saída do quinto elemento foi entre gravações. As
primeiras cinco músicas gravadas ainda contam com a sua participação. Mas
rapidamente nos habituámos à ideia de ficar só com duas guitarras e na minha
opinião não ficámos a perder, é tudo uma questão de arranjos musicais e
produção. Nunca nos passou pela cabeça substituir o elemento que saiu, estamos
bem assim e para nós ele sempre há-de fazer parte da família Stone Slaves. Se
existe algum elemento extra na construção da nossa sonoridade já o temos, o
nosso produtor (Marco Jung), parte integrante e extremamente importante em todo
o processo criativo. É uma peça fundamental na construção da nossa sonoridade.
É sem dúvida o quinto elemento desta banda.
(BC): O
título "Tear Down These Walls" é uma metáfora em relação a todos os
obstáculos que quebraram?
(JR): Também
pode ser encarado como tal. Mas este tema foi feito inicialmente, a pensar no
derrubar de todas as barreiras psicológicas que todos têm desde a sua infância
e que vão condicionar as suas vidas no futuro. Desde que nasces, até aos dias
de hoje, estás em constante manipulação de mentes e nem te apercebes disso. É
um grito de raiva e desespero, é o despertar da mente, é um alerta para que
despertes e comeces a agir por ti próprio.
(BC): Ao
fim de cerca de 5 anos e de 5 concursos ganhos a nível nacional enquanto banda,
este é o trabalho e resultado final que idealizaram desde o princípio?
(JR): Sem tirar
nem pôr. Era este o tipo de trabalho que idealizamos desde que nos reunimos
pela primeira vez, era aqui que queríamos chegar quando começámos a dar os
primeiros passos enquanto banda. Estamos muito contentes com o resultado final,
conseguimos mantermo-nos fiéis às nossas origens e com uma sonoridade bastante
boa, tivemos a sorte de trabalhar com uma pessoa, que na minha opinião, é dos
melhores a produzir rock em Portugal. Sabemos que é um estilo de música que não
agrada às massas, mas o mais importante é estarmos felizes com o trabalho que
fizemos, e temos a certeza que dentro do género, não vamos decepcionar quem é
fã deste estilo. Dizer que este álbum é a nossa masterpiece, também não te
posso dizer, até porque nós somos muito perfecionistas e ambicionamos sempre
mais e melhor e também porque ainda é só o nosso primeiro trabalho e temos
ainda muita margem de progressão, mas sem dúvida que atingimos os nossos
objectivos.
(BC): O
que vemos dos Stone Slaves é o reflexo daquilo com que também se identificam
enquanto ouvintes?
(JR): Sem
dúvida. Embora tenhamos influências tão distintas, que vão do rock clássico ao
metal, todos os elementos dos Stone Slaves são rockers puros, foi sempre o que
ouvimos desde putos, e nunca pensámos fazer outra coisa senão rock. No passado,
todos tivemos outras experiências fora do rock, mas rapidamente nos apercebemos
que não era aquilo que queríamos fazer.
(BC): Quando pensaram em fazer um videoclip para o vosso single, a que aspectos deram
mais importância? Esperavam uma recepção tão boa como a que têm obtido?
(JR): Como já
referi, o single "Tear Down These Walls" fala acerca das barreiras
psicológicas, como tal tentámos recriar no vídeo um ambiente claustrofóbico, em
que a personagem está presa num espaço reduzido entre quatro paredes como se
estivesse preso na sua própria mente. Queríamos um video simples mas que
espelhasse bem a mensagem da música, e no final o resultado superou as nossas
expectativas. Sinceramente nao esperávamos um feedback tão positivo do publico
ao vídeo, é um video simples e genuíno, se calhar por isso teve uma maior
aceitação. Talvez o público esteja saturado das grandes produções ao estilo
Hollywood, não sei. Foi um video low-cost com uma equipa muito reduzida,
quase caseiro.
(BC): Qual foi o concerto que relembram como tendo sido o "melhor"?
(JR): Não
conseguimos eleger um, mas sim três, é óbvio que todos os concertos foram muito
bons, mas sem dúvida que os melhores foram, o concerto de lançamento do álbum
no Hard Rock Cafe, o do Music Box inserido no "Rock Rendez Worten" e a final do
concurso "Rock Nordeste" em Vila Real, por todo o ambiente que se viveu à volta e
pelas condições técnicas.
(BC): Quais os vossos próximos projectos e espectáculos?
(JR): O próximo
passo da banda vai ser a gravação e o lançamento do segundo single, já estamos
em preparação, e em principio sairá no inicio do próximo ano. Quanto a
espectáculos, até à data, o próximo será em Cascais na FNAC do Cascaishopping no dia 26 de
Outubro.
(BC): Passaram por vários concursos e tiveram a oportunidade de mostrar o vosso
trabalho por algumas montras (Balcony TV). De que necessitam os artistas
portugueses, na vossa opinião, para serem mais bem sucedidos?
(JR): Na nossa
opinião, e falando de bandas que estão a aparecer agora como nós, achamos que o
público português deveria mudar a mentalidade em relação à maneira como encara
os artistas nacionais. Sempre existiu um estigma face ao que é feito em
Portugal. Tudo o que vem de fora é sempre visto com mais credibilidade, quando
na verdade, há por aí muita coisa com qualidade superior ao que é feito lá
fora. E quem diz o público em geral, diz também os media e todos os meios
intermediários entre os artistas e o público, principalmente os meios de
calibre nacional. Portugal tem muita música de qualidade mas os meios são
inexistentes para fazer levar até ao público, cada vez são menos as plataformas
que poderiam garantir o sucesso e a sobrevivência dos músicos. Enquanto os
artistas deste país forem vistos como pessoas não profissionais que fazem isto
por hobbie e não forem encarados como outra profissão qualquer, vai ser muito
dificil. E depois admiram-se que haja pessoal a cantar em inglês em detrimento
da sua lingua materna, para tentar a internacionalização.
André Gomes de Abreu
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