terça-feira, 30 de outubro de 2012

dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS - "4"


Depois de terem editado I, II SADITREVNiSAIEHCLOcIMEsSAUd, os dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS lançaram 4, o seu mais recente registo, que data Fevereiro deste ano. Este novo álbum da banda lisboeta resultou de uma parceria entre a Associação Terapêutica do Ruído, as editoras portuguesas A Giant Fern e Experimentáculo e as editoras italianas Another Shame, Electic Polpo, Fooltribe e Human Feather.



4 é condimentado com oito concitantes e desconcertantes faixas inundadas num experimentalismo desmedido, que convergem, quase sempre, inospitamente com o barulho mussitado por saxofones meneados com uma vincada destreza improvisadora. Mesclando uma diversidade infinita de influências, facto é que os dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS conseguem arquitectar músicas que exsurgem o seu abstraccionismo de uma maneira ousada e bastante sapiente.

O início do longa-duração dá-se com 33 anos sem dormir, uma faixa que dá o presságio do experimentalismo desinibido e da liberdade criativa que se denota ao ouvir 4. Com um saxofone sempre bastante interventivo, é na percussão que reside o grande catalisador da sonoridade fresca e atordoante dos dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS, que, abrasada pelo diálogo estabelecido com a guitarra e por toda a panóplia instrumental, acaba por acelerar o nosso ritmo cardíaco quando ouvimos algumas peças musicais da banda lisboeta, como, por exemplo, Feng Chui ou Corta-unhas.

Com uma sonoridade bastante difícil de catalogar, a música produzida pelo colectivo lisboeta deambula por tudo e mais alguma coisa, sem nunca se descarnar dos seus contornos experimentais e das suas texturas delineadas por um autêntico free jazz. Ilustrando-se um autêntico futurismo sonoro, lembrando o movimento avant-garde, edificam-se paisagens reinadas por um “noise jazz”, repletas de tonalidades, sobretudo, marcadas pelo post-punk, rock e até pelo post-rock (como está patente em Movimento Que Vai).

Assinalando os pontos altos do registo, devo citar, obviamente, a desconcertante e exímia Movimento que vai e a esplendorosa composição musicada em E vem alternadamente de um ponto ao outro, faixas que constam como as duas últimas faixas do registo. Contudo, em 4 nem tudo é perfeito: faixas como Amargana e Nacho Vidal assumem-se como medianas e desdouram um pouco este belo registo, contribuindo para alguma falta da coesão no mesmo. Outro dos pontos que achei menos positivos em 4, foi a dispersão de qualidade entre algumas músicas, pois Movimento que vai e E vem alternadamente de um ponto ao outro estão, indubitavelmente, num patamar bastante superior que as restantes.

Em sumário, 4 acaba por ser um dos discos portugueses mais frescos e ousados do ano, cimentando-se como uma bela surpresa e enaltecendo uma maturação dos dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS relativamente aos seus registos anteriores. Podendo e querendo (e se a minha análise vos provocou vontade para tal), é ouvir já este disco imperdível!



Classificação Final: 8.2/10

Emanuel Graça





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