sábado, 27 de outubro de 2012

AINDA TENS QUE OUVIR #2: SAUR - SAUR EP (2011)


Das cinzas dos Bringing The Day Home nasceram os SAUR, epónimo de um EP de 4 músicas compostas com bom gosto e suficientemente potentes para levantar pó. Mas este primeiro jacto também demonstra que o grupo ainda está em constante evolução e que não sabe bem se fará o mesmo amanhã, se mais próximo de um dinossauro ou de um disco-voador (como podemos ver na capa do EP).





E por vezes o "entre-dois" é mesmo o melhor estado que se pode esperar. Os músicos tornam-se espetadores dos conflitos entre dois opostos, neste caso, entre os ritmos por vezes brutais das guitarras e as partes mais leves. Será difícil concluir quem do dinoussauro ou do disco-voador é o bruto ou o leve: talvez sejam os dois ao mesmo tempo.

"Alien Dinosaur Explosion" marca mesmo o desabrochar do álbum. Uma explosão sonora que poderia acompanhar um western americano e uma festa de arromba de uma comédia teen. Há partes mais épicas, hipnóticas, tentativas para acalmar os nervos dos dois lados. A partir do minuto 3 toma-se um novo rumo, mais eclético, menos violento : o conflito talvez tenha durado apenas uma música, o tempo de nos apaixonarmos por este "stoner rock nova geração".

"Mr. Veerappan", em referência ao célébre criminoso indiano, é de uma negrura violenta e trágica ao mesmo tempo, repetitiva no provocar da dor, insaciável a perforar as nossas dúvidas. Literalmente "caçados", deixamo-nos orientar pelos sons aconselhados, simples mas certos, as guitarras e a bateria sendo sempre usadas na hora H. A música dura mais de 6 minutos, bem stoner rock, e tem tempo suficiente para nos convencer, mesmo que a coisa seja feita com perícia e minuciosidade, pouco a pouco. O fim é apocalíptico, quase a metáfora de um afrontamento final, entre dinossauro e disco-voador, com o Sol em pano de fundo. Sem dúvida a música mais completa e convincente do álbum.
"It Depends" marca a ruptura, a leveza no toque, a leveza no ritmo, a leveza. A bateria demora a aparecer, a paz chegou. Atingimos claramente o outro oposto dos SAUR, o mais melancólico. É assustador como conseguem alternar os géneros e ser tão certos nos dois opostos, um imperativo talvez para conciliar numa só música ritmos violentos e outros mais subtis.

"Black Is White, Left Is Right", incluída na compilação "Novos Talentos FNAC 2012", serve de traço de união entre opostos, de paz, amor e reconciliação, com algumas tensões claro - nem sempre tudo corre bem - mas o brio do grupo é mesmo conseguir produzir sons coerentes entrando em contradições aberrantes. E SAUR é mesmo isto : contradições, opostos, conflitos, geridos na perfeição.






Mickäel C. de Oliveira




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