quarta-feira, 25 de julho de 2012

PZ - Rude Sofisticado


O que o ser humano convencionou chamar de "música", usando para isso a sua interminável vontade de catalogar e organizar, está repleto, entre outras coisas, de muita ironia. Algo de que nem tudo o que existe se pode orgulhar: onde mais quebrar regras, ultrapassar limites ou exceder expectativas é aceitável, e mais que isso, desejável?




O conceito de pop é particularmente sensível neste aspecto. "Rude Sofisticado", o mais recente disco de Paulo Zé Pimenta como PZ, é como luz para olhos adormecidos. É pop - pois claro - rude não apenas no imediato tom de desafio, quase nihilista, à métrica, mas também no conteúdo das palavras, que são terrivelmente mordazes e realistas. É pop sofisticada, de construção cinzelada, baseada na electrónica e na tecno-pop alemã cerebral e provocativa. Em tempos pós-Repórter Estrábico e no seguimento do trabalho de artistas como Armando Teixeira, PZ nem sempre se acha na situação de se escusar a exibir as coisas do Mundo como elas são, as ideias que moldam o Mundo político de forma errada, os sentimentos escondidos que entram devagar nas relações quotidianas, por mais nonsensical que sejam as frases e as rimas escolhidas.
Não, não é uma espécie de "electrónica de intervenção", porque sobra sempre o gozo e o divertimento de temas como "Croquetes", "Passeio" ou "Horários Marados", e por isso, PZ é a sério, mas tem piada.





Tal como no vídeo e na canção "Autarquias", só alguns sobrevivem. No mundo de PZ e na sua música, ao contrário das suas histórias, não há factor "sorte": há consciência, é um facto e um belíssimo argumento.



André Gomes de Abreu








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