terça-feira, 3 de julho de 2012

The Happy Mothers . ENTREVISTA + SINGLES


The Happy Mothers são uma banda original do Porto com dois singles de apresentação bem interessantes. 

"So Sick" traz-nos um rock com tanto de duro como de bem construído, onde conseguimos identificar de onde vem mas ainda assim abanar a cabeça em sinal de aprovação, ao som da guitarra que marca o ritmo da música.

"Spacetrip" traz-nos um acústico com muita presença, vindo algures dos anos 90 mas trazido para nós numa altura em que ainda faz sentido ouvir uma guitarra acústica a tentar trazer uma certa tonalidade grunge ou talvez hard rock, ao de cima. 

Estivemos à conversa com dois elementos deste projecto, o Pedro Carlos e o Miguel Martins. 
Contem-nos o vosso percurso até hoje.

Pedro Carlos: Eu e o Miguel conhecemo-nos há 13 anos, quando estávamos a começar com as primeiras bandas. Rapidamente nos tornámos melhores amigos, e hoje consideramo-nos como irmãos, porque nestes anos todos assistimos aos altos e baixos um do outro, compreendemo-nos de uma forma única, e automaticamente isso passa para a música que fazemos juntos. Os The Happy Mothers não seriam o que são hoje se não tivéssemos chegado à conclusão que existe uma necessidade mútua de usar a nossa experiência de vida como uma história que inspire o mundo de hoje, como a voz de uma revolução de mentalidades. Eu passei muito tempo a tentar fazer o que as outras pessoas achavam que era certo, lutei contra mim próprio até ao ponto em que era impossível fugir a isso, fugir a quem sou e ao que quero fazer com a minha vida. O que é o certo e o errado? Não interessa, desde que sejas verdadeiro contigo próprio e não te oprimas com as regras que estão estipuladas à tua volta. Os The Happy Mothers são isso, falam disso, contam constantemente a história de alguém que já esteve na posição de subordinado e que agora se emancipou, libertando-se do medo de se assumir como um líder. Temos todos essa capacidade, é a escolha de cada um usá-la ou não.

Miguel Martins: Sim, começamos a fazer musica juntos enquanto teenagers, e continuamos até hoje. Os The Happy Mothers formamos em 2008, mas não deixa de ser um projecto enraizado naquilo que tínhamos vindo a fazer antes. As coisas mudaram bastante, para nós, mas continuamos a fazer música pelas mesmas razões: porque é o que fazemos naturalmente, precisamos disso, é como que um instinto básico; e também porque, enquanto artistas, temos uma necessidade em parte intelectual de nos expressar, o que sentimos, o que vivemos, o que pensamos. A arte, para nós, é a expressão de uma certa visão, num certo momento e num certo espaço.

O que têm os The Happy Mothers para mostrar ao público português?

PC: Temos a mostrar que é possível ser como queres ser, não podes é lutar contra isso só porque alguém te diz que é errado. Vais fazer o que achas que é certo para ti. Queremos mover o público português, mostrar que não existe só uma opção, tanto na música como na vida.

MM: Tal como o Pedro diz, temos muito para mostrar em termos conceptuais, mas se te referes a termos mais objectivos, estamos a preparar um espectáculo único, no qual vamos tocar o nosso reportório já lançado - parte do nosso álbum de 2010 “Psycho In Lust”, bem como os novos singles “So Sick” e “Spacetrip”. Uma grande parte do espectáculo será baseada na maioria das novas músicas que farão parte daquele que já é um projecto
vivo - o nosso próximo disco, “The Black Sheep”. O “The Black Sheep” será um álbum conceptual baseado em letras que ambos escrevemos com conteúdo quase totalmente autobiográfico, mas que de certa forma esperamos que muita gente se identifique com.
Os vossos dois singles parecem ter o cruzamento de diferentes
influências. Conseguem nomeá-las?

MM: Muitas vezes é fácil, pelo menos para mim, conseguir descobrir uma ou outra influência directa nas nossas músicas, mas é sempre curioso quando o Pedro sugere uma nova ideia, e aquilo que essa ideia me faz lembrar não é necessariamente a influência que ele acusa ter sofrido à partida. Lembro-me que quando escrevi o riff da “So Sick” andava a ouvir muito Queens Of The Stone Age, isso é certo! Já o Pedro escreveu o refrão dessa música, o que a mim nunca me fez lembrar nada... a “Spacetrip” já foi escrita por volta
de 2007, quando ambos começamos a ouvir Stone Temple Pilots. Muitos artistas parecem ter receio de nomear as suas influências - para mim isso nunca fez sentido! É obvio que enquanto artistas assimilamos e afunilamos uma quantidade enorme de coisas, e sendo um pouco analítico, conseguimos aperceber-nos de certas influências em certas obras. O próprio Picasso disse: “Um bom artista copia, um grande artista rouba” - a arte existe na
natureza, e não consegue fugir às suas leis. “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

PC: Para nós, na música vale tudo. Considero que fazemos rock ´n´roll, é um estilo de vida que também se aplica à nossa música. Vamos pela liberdade, liberdade total de criarmos o que quer que surja na nossa mente, nos diferentes momentos. Quem gostar de The Happy Mothers vai gostar também por termos esse lado muito instintivo, tanto nas ideias que transmitimos, como na música.

Fazem uma boa ponte entre o acústico e o eléctrico. É impossível juntar
os dois, na mesma canção?

PC: Estes dois singles são a prova de que é perfeitamente possível fazer uma música rock e incluir uma guitarra acústica numa parte específica, como é o caso da “So Sick”. Tudo é válido, quando a música pede por isso.

MM: Obrigado por considerares que fazemos uma boa ponte! E sim, se o fazemos é porque é possível. De facto, não me consigo lembrar de nenhuma música que tenhamos feito ou gravado que não contenha algum elemento acústico.
Quais são as vossas bandas de referência no panorama nacional?

PC: Em Portugal existe variedade, e existe espaço mais que suficiente para darmos valor a todas os géneros musicais e à cultura no geral, mas quem comanda isto tudo sabe que é fácil enfiar o produto dentro dos carros das pessoas, elas vão gostar do que ouvem nas rádios e nas telenovelas, porque não procuram a Cultura, ficam à espera que a Cultura chegue a elas. Portanto, eu dou valor aos artistas que conseguiram fazer carreira, com mérito próprio, como Jorge Palma, Pedro Abrunhosa e Wraygunn. O que é descartável pode dar lucro, mas é momentâneo, efémero.

MM: Para mim os Ornatos, os Zen e os Mão Morta são as bandas que mais me atraem em Portugal. E obviamente, os The Happy Mothers.

Quais são os vossos planos futuros de criação, promoção e de concertos?

MM: Tal como já referi aqui, temos um novo disco em mira. Na verdade, temos dois - mas vamos fazer um de cada vez. Nós não fazemos necessariamente planos, nós visualizamos o que vai acontecer, e depois simplesmente executamos essa visão. Entre Janeiro e Maio deste ano, eu e o Pedro escrevemos mais de 50 novas músicas, e a maior parte delas fará
parte do “The Black Sheep”. Nos próximos concertos, vamos já adoptar essa nova “identidade”, e não é preciso esforço nenhum, pois todo o disco foi escrito tendo em base a nossa própria história e as nossas vivências. Basicamente, o que aconteceu foi que, ao olharmos para as primeiras 10 ou 15 músicas que tínhamos escrito, apercebemo-nos que todas elas tinham esse denominador comum, e foi daí que surgiu o conceito para o disco, bem como todas as restantes músicas - já assumindo o papel de ovelha negra. É interessante como eu e o Pedro acabamos sempre por passar por coisas semelhantes nas nossas vidas, e quase que ao mesmo tempo, portanto foi fácil e natural escrevermos músicas juntos - por exemplo, uma das novas músicas que fará parte do “The Black Sheep” chama-se “I Love Myself”, cuja letra foi escrita entre mim e o Pedro - visto que acabamos por ter tanto em comum, é-nos fácil escrever algo puro individualmente, e depois deixar o outro acrescentar algo, partindo do mesmo princípio e mantendo um carácter pessoal
na musica. 

Tal como discos, temos já delineados os próximos tours, mas aquele que estamos prestes a apresentar como o nosso próximo tour por Portugal (o qual vai começar em Outubro deste ano) é algo que não só será diferente em palco, mas também na estrutura e organização do mesmo. Desta vez vamos adoptar estratégias que em Portugal não são utilizadas, vamos tocar mais vezes que nos tours anteriores, em sítios mais variados, e vamos sempre ter
um espectáculo criado de acordo com o tipo de local onde formos actuar. O que espero é que todos os interessados tenham a oportunidade de nos ver ao vivo nas várias Identidades que vamos adoptar!

Duarte Azevedo




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