sábado, 21 de julho de 2012

As Bandas Portuguesas no Optimus Alive 2012

13 de Julho

O primeiro dia do Optimus Alive 2012 começou no palco secundário com os Royal Blasphemy, pelas 17 horas. Já não fomos a tempo de ver esta banda, dada a grande afluência de pessoas ao evento e os atrasos consequentes daí. Chegámos a tempo dos The Parkinsons. Este grupo não tinha propriamente uma grande falange de adeptos no início do seu concerto, mas foi ganhando a empatia e o respeito dos presentes no decorrer do mesmo, com o seu punk directo e aberto. Conseguiram assim dar início a um certo ambiente festivaleiro, e o público percebeu isso. O concerto acabou da melhor forma, com o vocalista Afonso Pinto a percorrer a plateia, de cerveja na mão, a pedir cara-a-cara o apoio dos espectadores. Quem lá estava correspondeu!
(D.A)


Em bandas portuguesas, seguiu-se Miúda. Muito se tem ouvido falar dela pela música "Com quem eu quero", qual grito de rebeldia e independência, e quisemos saber que mais tem para mostrar este projecto recente. Foi com algum espanto que vimos, após uma entrada intimista e calma, o single a ser tocado logo em segundo lugar. Todos sabiam o refrão da música, e foi com algum espanto que ouviram esta música logo no início do concerto. A aderência no resto das canções já foi mais tremida: a banda que suporta a vocalista é muito boa mas vê-se que o projecto em si ainda está um pouco verde, apesar de ter potencial para mais. Abordam vários géneros musicais, e concluímos que a vocalista precisa ainda de alguma experiência para fazer valer aquilo que os mentores do projecto viram nas suas canções (nomeadamente Pedro Puppe, dos Oioai, que esteve acompanhado no Alive por Tiago Bettencourt e Fred (Orelha Negra), músicos que não tem nada a provar ao público nacional, pelo seu currículo. No final, repetiram "Com quem eu quero", com uma reacção mista de quem assistia. Esperemos pelos próximos tempos para ver o que de bom nos vai trazer Miúda. (D.A)

Tínhamos acabado de passar pelo concerto de LMFAO, que, surpresa das surpresas, foram além dos seus dois hits e deram um espectáculo considerável, apesar de todo o seu carácter comercial e juvenil, reuniram muito público acima dos 20 anos, que não resistiram à festa apoteótica que o grupo americano deu. O grupo português que se seguia eram os Buraka Som Sistema, e perguntávamo-nos como iriam eles superar ou igualar a prestação dos americanos, tendo em conta que tinham a música de dança como característica comum. Enganámo-nos redondamente em sequer pensar que os Buraka poderiam não estar à altura: o regresso a casa ("É bom estar de volta" disse Kalaf), desta banda que tem dado muitas cartas lá fora, não podia ter sido melhor. Teve o público na mão do início ao fim, a festa africana tomou conta do palco secundário e testemunhou-se a experiência ao vivo que o grupo já tem, além da boa comunicação com o público festivaleiro. Desde os grandes temas ("Hangover (ba ba ba)", "Yah!", "Kalemba (Wegue Wegue") até a músicas como "Tira o Pé" e "Aqui P'ra Vocês", eles foram mesmo donos do terreno e nunca houve dúvidas disso. A festa, por vezes psicadélica, foi mudando de tom ao longo da noite, e no final a invasão de palco comprovou o estatuto de estrelas consensuais, por parte dos elementos dos Buraka. (D.A)


14 de Julho

Os "We Trust" deram início ao segundo dia do Optimus Alive. Ninguém passou ao lado do seu tom descontraído e da suavidade dos temas que tocaram ao vivo, onde foram acompanhados por um trio de sopros que deu mais cor ao fim de tarde no palco principal. A banda nortenha, liderada por André Tentugal, presenteou os espectadores com funk, soul, e também com um soft rock ideal para dar o pontapé de saída do palco principal. (D.A) 

Já para lá das 4 da madrugada de dia 15, os Blasted Mechanism terminavam mais uma actuação explosiva com "Karkov", tema de referência da banda e minutos de festa como poucos acontecem em frente aos nossos olhos. A apresentarem novo disco, "Blasted Generation", mas já sem quaisquer provas de qualidade a dar, os Blasted Mechanism percorreram à vontade os esperados clássicos de toda a carreira ("Are You Ready?", "I Believe", "Battle of Tribes", "Destiny? Play and See" são alguns dos exemplos) de modo a aproveitarem da melhor forma o tempo de actuação que tinham, deixando aqui e ali alguns temas para se ouvir no novo longa-duração. A confirmar-se a gravação deste concerto para futura edição em DVD, será pena que os leitores de DVD ainda não transmitam toda a revolução desta noite. (A.A)


15 de Julho

O último dia do Optimus Alive 2012 estava recheado de pontos de interesse em qualquer um dos palcos principais e também no pórtico de entrada e no coreto, com a certeza de que haveria bandas para todos os gostos mas não tempo suficiente para poder assistir a todos os espectáculos.

Com mais performances de artistas portugueses marcadas para os 3 palcos em actividade do que no total dos dias anteriores, os Laia abriram o Palco Optimus Clubbing às 17h. Com o novo disco "Sogra" na bagagem e a recuperarem ainda algumas canções do disco anterior ("Abater"), os Laia abriram mão durante o tempo de actuação dos bons argumentos que têm enquanto um projecto que refina a tradição da canção portuguesa com um toque do post-rock não alheio aos Mogwai ou Explosions in The Sky. Belos momentos em que a versão de "Lembra-me Um Sonho Lindo", de Fausto Bordalo Dias, é não só um tiro certeiro como também o epitáfio perfeito para um dos primeiros concertos do dia. (A.A)

Entre as 18h e as 18h30, os Best Youth e os PAUS dividiam atenções, entre o Palco Optimus Clubbing e o Palco Optimus, em qualquer dos casos com muito público interessado em assistir a cada um dos concertos. (Ou)viam-se muitas expressões de apreço e surpresa pela actuação dos Best Youth, que como é hábito, conquistaram os presentes com um set que sem ser original em relação a outros espectáculos, destaca-se pela sobriedade e segurança que a banda vai buscar a ele para construir, realmente, uma ligação com o público. Ainda a apresentarem o EP "Winterlies", os Best Youth certamente voltarão já com um disco de estreia para tocar no palco em que os PAUS estiveram à mesma hora. (A.A)

Há uma metamorfose sem razão aparente nos PAUS que vemos em ambiente de festival. Não será pela aposta maior em músicas com maior apelo à participação do público - os PAUS em nenhuma actuação deixaram de priveligiar essa faceta da sua música - ou pela maior atenção que possam merecer neste tipo de actuação. Contudo, a recuperação de "Mete as Mãos à Boca" para a setlist, que se ouvia selvagem a todo o vapor já no Clubbing e a energia do público tomada bem a propósito "pelo pulso" pelo quarteto em palco, justificou plenamente o interesse do "New Musical Express" pela banda e, em contraste com os Laia, mostra que a enorme vitalidade actual da música portuguesa também é fruto da originalidade e atitude com que cada projecto se mascara e se desenvolve, sem necessitar sempre de recorrer às suas origens. (A.A)

No Palco Optimus Clubbing, à hora das Warpaint no Palco Heineken e dos The Kooks no Palco Optimus, Márcia dava um dos últimos concertos de apresentação das canções de "", disco de 2010. Apesar de eminentemente intimista, a empatia entre música e público presente foi notória. Mesmo queixando-se de quem diz que as suas músicas têm frequentemente apenas 2 acordes, a Márcia nem falhou a altura em que, segundo a artista, pela primeira vez tocava a bem conhecida "A Pele Que Há Em Mim" em guitarra eléctrica, sozinha em palco. De melodias aparentemente frágeis na sua génese pop destinada a ser pausada passo a passo, mas forrada de português bem intrincado e bem utilizado, Márcia despediu-se em beleza de um disco que dá mais do que as "t-shirts" que a artista distribuiu pela plateia já na parte final do espectáculo. (A.A)

No dia 13 de Julho, B Fachada disponibilizara finalmente as canções de "Criôlo" para audição do público. No entanto, a expectativa de conhecer a nova face do trabalho de B Fachada em primeiro lugar ao vivo foi a correcta decisão a tomar. Foi um B Fachada sozinho em palco com o seu "karaoke", como lhe chamou, que colocou na perfeição a perspectiva de canção bem fresca dos diabo na Cruz numa tropicália pop que se reveste quer da habitual ironia e minúcia da personalidade B Fachada, quer da não-ilusão do respeito pelo passado da música portuguesa, quase como se Camões estivesse a banhos entre uma multidão em Cahora Bassa. Há muito que não se via um músico com tamanha capacidade de se auto-recriar por completo em Portugal. A frase do festival foi claramente sua: "Já sei que não vieram cá para me ver porque quando soube que vinha, isto já estava esgotado”. (A.A)

No intervalo entre a enchente para SBTRKT e a enchente para The Kills no Palco Heineken, Moullinex e Xinobi não deram margem para pecar no Palco Optimus Clubbing, com o habitual "cocktail" de remisturas e originais em que ambos os artistas têm muito para mostrar. Só as pernas, já cansadas, não agradeceram. (A.A)

Em 2013, de 12 a 14 de Julho, os protagonistas serão diferentes, mas o Optimus Alive estará no Passeio Marítimo de Algés com mais uma edição e a difícil tarefa de se continuar a superar a si mesmo após a edição de 2012.


Duarte Azevedo e André Gomes de Abreu



Agradecimento especial à Everything Is New 
pelas fotografias disponibilizadas (Créditos: Ruben Viegas/Silvia Lopes)
e pela colaboração oferecida




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