sexta-feira, 29 de junho de 2012

PURPLE SESSIONS VI, BE BAIRRO ALTO, 9 e 16/5/2012






Neste ano, os Grafite, Elektra Zagreb, El Coyote, Da Bongo, Gessicatrip e Hello Atlantic foram os projectos a concurso.






A primeira noite do concurso começou com os El Coyote, trio da Maia com influências vincadas dos meios do blues-rock e do rock clássico, dominando o palco com temas como “Classy Rocky Gal” e “Why Did I”, numa sólida actuação, forte e acelerada, como se exigia para um começo de concurso. Pedia-se som em volume máximo para a distorção e para os riffs sem arpejo que se fizeram escutar.




O quarteto Elektra Zagreb editou este ano o EP de estreia “Giving Birth. The Young Whales” e trouxe ao concurso músicas deste EP mas também algumas músicas novas. A versão mais contemplativa dream-indie-pop de influências claramente baseadas no rock alternativo dos anos 90 conquistou o interesse de uma audiência tímida e surpreendida pelo performer Andrei Davidoff a dinamitar as melodias por norma frágeis quando assim tinham espaço para aparecer.






Os Grafite fecharam a noite num registo mais mainstream e mais eléctrico a aquecer a audiência ainda presente. Não tendo ainda material suficiente para suportar uma actuação mais demorada, as versões de “NY City Cops” dos Strokes e de “Just” dos Radiohead, bandas cujo impacto no som da banda não é, logo à partida, identificável, não esconderam ainda que estão em busca de uma identidade própria de uma banda que canta em português mas que ainda não consegue pôr em palco os devidos argumentos que marcarão a sua diferença.




Na sgeunda noite, um cartaz que contava ao início com Dreakslide, Diamond Outcast e Da Bongo sofreu uma pequena revolução, dando lugar a um cartaz com Da Bongo, Gessicatrip e Hello Atlantic.



 
As semelhanças da voz ouvida nas músicas dos Da Bongo são muitas com a de Tim dos Xutos & Pontapés mas a música que se ouve, apesar de integrar algum espaço para riffs, é muito mais comparável ao passado e tradição dos Pearl Jam e da pop-rock juvenil e recente da música portuguesa e da música feita na Commonwealth. Na evolução do projecto parece sobrar ainda muito por fazer, mas a interessante coesão dos temas que se ouviram, como “Made In China” ou “Não é Obrigatório”, embora sempre num ritmo intenso, poderá acelerar todo esse processo.



 
Os Gessicatrip são um quarteto de origem lisboeta com trabalho feito, tendo já um videoclip para “Demência”, um dos temas da maquete “Gessicatrip Movie” e que apresentaram na sua actuação. Bem suportados por boas linhas de baixo de Leonor Costa, os Gessicatrip foram à busca de um rock mais visceral, mais sentido e não tão exploratório na diversidade electrónica mas mais na atmosfera de filme de acção criada pelas vozes sombrias, pelas guitarras e pela bateria. Um concerto competente de uma banda cujo futuro não estará adiado por muito mais tempo.




A última banda a concurso seria o projecto Hello Atlantic, um duo formado por João Esteves e Bruno Mota.

Num concurso dominado pela vivacidade e pelo dedilhar das guitarras, os temas apresentados não apenas representaram uma mudança radical no que estava a ser o concurso, mas também escalaram uma viagem a outras e diferentes paragens. O EP “Slob of The Kitchen Sea”, editado pela Optimus Discos, foi apresentado com um piscar de olhos ao anterior EP “Circle Of Land”. Apesar da hora avançada, não foi necessário muito mais do que a atitude da banda a defender modernas canções folk/alt country facilmente digeríveis para cativar a audiência sobrevivente. Rodeados de diversos artefactos, a actuação dos Hello Atlantic dimanou num assobio de tempo vivo mas sereno, acudido por canções como “1919” e “Circle of Land” que conseguiram ir escapando a uma fácil tentação de trivialidade.
Não surpreendeu por isso que os grandes vencedores do concurso fossem os Hello Atlantic, com os Da Bongo a serem escolhidos como a 2ª melhor banda dos 2 dias de concurso.






No final, uma nota para a ousadia de organizar um concurso em dias de Offbeatz no Cais do Sodré, o que aliado ao facto de ser Quarta-feira, ajudou a explicar a fraca presença de público nos dois dias do concerto. A ausência não esperada de O Cão da Morte também não ajudou a um concurso cuja 6ª edição se percebeu ter estado repleta de imprevistos e complicações até à última hora. A qualidade das bandas que por lá passam, essa continua a ser fulcral para a possibilidade de existir uma nova edição em 2013.





André Gomes de Abreu
Créditos das fotografias: Núcleo de Rádio AEFFUL





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