segunda-feira, 18 de junho de 2012

BLACK BALLOON #6 @ LUX FRÁGIL, 15/6/2012 - REPORTAGEM

Lux Frágil e sessões "Black Balloon": uma combinação de verdadeiro sucesso em algumas das últimas Sextas-feiras de 2012. Um dos melhores locais de Lisboa para se estar à noite recebe uma das mais inteligentes e perspicazes junções de performances de artistas nacionais e de artistas internacionais que devem ser vistos ao vivo.
A 6ª sessão aconteceu dia 15, a meio do mês de Junho, juntando na mesma noite os portugueses Capitão Fausto e a estreia dos norte-americanos Light Asylum em Portugal com o regresso das sessões de DJing "Planeta Pop".

  


Já algum tempo passava da hora marcada, os Capitão Fausto entravam em palco para fazerem o que sabem melhor: descontrolarem o caos interior de todos os que sabem algumas das músicas de "Gazela", o álbum de estreia editado no ano passado que ainda vai servindo de guia para os sets da banda. Num set muito similar ao que temos visto da banda, "Febre" e "Música Fria" voltavam a aquecer o público que preenchia já nesta altura o piso inferior do Lux Frágil. Entre pedaços e experiências de novas canções, a coesão que reconhecemos do disco de estreia da banda encabeçada por Tomás Wallenstein voltou a ser determinante no sucesso do espectáculo, mantendo o interesse do público que seguia atento a banda, com franjas mais fanáticas que mostravam bem a penetração fácil da banda nas preferências de um público que nem sempre reage ao chamamento da língua mãe, mesmo quando cantada. No dia do aniversário do lançamento do primeiro EP da carreira do falecido António Variações, os Capitão Fausto trabalharam e bem numa homenagem sóbria, recaindo a escolha na óbvia "Estou Além". "Verdade", o novo single da banda, mereceu também destaque, marcando o início da recta final do concerto até se chegar a "Teresa", o single de apresentação do disco e ao término do concerto com uma nova canção em que estão lá todos os elementos do baile moderno e sofisticado que os Capitão Fausto sabem organizar.



A forma mais eficaz de definir os Light Asylum é imaginando o complexo encontro entre os teclados dos Tangerine Dream, a pessoa de Grace Jones, a desordem dos Devo e electrónicas que iluminam a definição do que possa ter sido o conceito "gótico" da década de 80 aplicado à criação de energia musical de inspiração vanguardista. Praticamente tudo o que nunca se pensou que voltasse a ser modus operandi de música em 2012 e nos anos anteriores.
É desconcertante ouvir o recém-editado disco de estreia do duo norte-americano e o EP de 2011 "In Tension". Porque parece que não houve um hiato de mais de 20 anos, não houve reconstrução no contemporâneo: está lá o senso de minimizar o futuro, de produzir movimento com simplicidade na utilização da electrónica e também está lá todo aquele magnetismo fatal. No Lux Frágil, foram cerca de 45 a 50 minutos de concerto com todas as canções obrigatórias, com o público sintonizado e extasiado com duas pessoas a encobrir e a roubar espaço às viagens sónicas da pouca luz inocente de música feita de vozes graves de comando e de frugalidade na extravagância.
"Silence is sexy" para os Einstürzende Neubauten, "Darkness is beautiful" para os Light Asylum. Um bónus soberbo.


Com ou sem ebriedade, o avançar da noite e a privação do sono não fazem sentido só com playlists imaginárias e exclusivas. Num Planeta sempre Pop, como o da dupla de DJs que se seguiu, faz sentido um simples clássico como "Loaded" dos Primal Scream entre revisões de músicas originais, mais antigas ou nem tanto assim, numa noite que deu razão de existir a qualquer dia.    



André Gomes de Abreu
Fotografias de Catarina Abrantes Alves
(
http://www.facebook.com/myfreshflash)


Galeria completa de fotografias do concerto 
disponível em facebook.com/bandcom




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