Sábado à noite, dia 12, foi dia de reavivar memórias de grandes concertos no Paradise Garage com o “Rock Factory”, evento organizado pela La Dolce Productions. Com um calor típico de época de festivais, um Paradise Garage completamente renovado recebeu bandas e DJ’s que mostraram à sua maneira o que é a sua ideia própria de rock.
Maria e Júlia Reis formam as Pega Monstro, o projecto que entrou em palco pouco depois para dar continuidade à boa noite. Em 2012, o disco de estreia que lançaram é uma verdadeira odisseia colante à pele como uns jeans que usamos porque não queremos usar mais nada diferente. Ontem não parecia fácil – também porque Maria estava adoentada – mas nada parou as Pega Monstro de impressionar a audiência que permaneceu atenta ao que se passava em palco. Começando com “Suggah” e relembrando “Sugar Hiccup” das Cocteau Twins, a beleza imperfeita de alta-fidelidade da dupla não parou de fabricar à base de muito suor instrumentais lo-fi rock de franca mais-valia e coros que não ficavam atrás. Houve tempo para ouvirmos do novo disco “Não te metas comigo, Bro”, “Pall Mall”, “Dom Docas”, “Homosec”, “Homem das Obras” e a delirante “Afta” e passarmos pela inultrapassável “Paredes de Coura” do EP anterior, antes de Maria estender o tapete para a final “Fetra”, já com a voz gasta. Quanto à atitude, impressionante. Quanto à música, e para quem duvida: não vale a pena rejeitar à primeira o que no fim vais acabar por amar. E não consegui agradecer o suficiente a demonstração animalesca de poder que presenciei de Júlia na bateria.
A última banda da noite era os Youthless. Sebastiano Ferranti e Alex Klimovitsky actuaram para uma sala já mais perto da sua lotação total, concretizando ameaças de fazer vibrar o ar ofegante que se respirava. Dentro de uma cadência imparável, a dupla atirou-se logo desde a inicial “Golden Spoon” a temas do seu EP "Telemachy" e a alguns temas novos que inspiraram a plateia a dar o corpo aos riffs enérgicos a recordar heranças rock mais antigas, ao drumming festivo e às letras de ordem, só interrompidos por agradecimentos às bandas que os antecederam no palco e a instigações à festa e a deambulações pelas traves em torno e em cima do palco.
“Golden Age”, “Good Hunters”, “Monsta”, “The Beasts”, “La Moustache” e as versões de “This Must Be The Place”, dos Talking Heads, e de “Heart Attack Man”, dos Beastie Boys (a relembrar o falecido Adam Yauch) ajudaram a demonstrar que não é preciso procurar muito para encontrar festins em modo rock de fracturar pernas e pescoços, a única maneira por vezes de ouvir e sentir melhor esta mistura de Death From Above 1979 e You Should Go Ahead.
Já para lá das 3 da manhã, era altura de apostar nos DJs que deram sequência à excelente selecção musical que animava os intervalos dos concertos anteriores. Sábado, 12 de Maio de 2012, o Paradise Garage usurpou de novo a música ao vivo, em tempos em que o que é criado por portugueses ascende ao paraíso das listas de músicas favoritas do povo que nem sempre lhes desbastara tanto assim a passagem.
TEXTO: André Gomes de Abreu
FOTOGRAFIAS: David Cachopo
(http://www.facebook.com/DavidCachopoFotografia)
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