O Caixote é um dos projectos
musicais portugueses que mais conseguiu surpreender nestes últimos tempos.
Provenientes de Évora e formados em Novembro de ano passado, trata-se de um
quinteto formado por Edgar Lage, Diogo Fragoso, André Bagorro, Victor Ramos e
Carlos Carvalho. Disponibilizando a sua música na
sua página do Facebook, fizeram chegar até nós, e até ao momento, apenas três
faixas. É pouco material, mas o suficiente para incrassar o apetite em ver o
que mais se esconde por dentro deste caixote.
O quinteto bebe das melhores fontes
e a sua sonoridade é vincada pela forte mistura de influências que nos invadem
os tímpanos quando escutamos O Caixote. Notam-se, fragmentados, pequenos
vestígios de Smog, Wilco, passagens mais calmas e acústicas dos Pavement, ou,
mesmo, certas influências de prog rock,
se bem que este caso nos aparece numa porção bem mais reduzida. Dentro do
panorama musical português, podem surgir-nos nomes como diabo na Cruz ou Jorge
Cruz quando escutamos a música desta banda evorense.
Ao longo destas três músicas que
a banda disponibilizou, músicas, essas, intituladas O Pombo, O Renascer e Sem Noção, sentimos as boas energias de
um folk bastante agradável apetrechado de momentos inóspitos e de paisagens
incógnitas patenteadas pela introdução de elementos progressivos, como está
evidenciado em O Renascer, que é, em
meu ver, a grande música deste quinteto. Merece nota máxima, indubitavelmente. A
voz, essa, soa-nos sempre com um timbre mui peculiar e agradável, sempre sem
grandes desafinações e em bela simbiose com a vertente instrumental. Debruçando-me sobre os lirismos
que compõem as faixas, devo dizer que também são bastante apelativos e
interessantes. Conscientes de que uma música pautada por lirismos vazios é,
também ela, uma música vazia, criam, ao longo das três músicas acima referidas,
uma fusão imensamente apetecível entre a sua instrumentalidade e o elóquio
declamado pela voz de Victor Ramos, o vocalista.
Devo dizer que a faixa que
está condimentada pelo lirismo que mais me agradou é a ‘boa onda’ e ‘divertida’
Pombo, que pinta um belo momento
musical.
Posto isto, O Caixote revela-se
uma agradável surpresa no seio da música folk alternativa portuguesa, que recomendo
vivamente. Após escutar atentamente o material que foram partilhando no seu
Facebook, estou certo de que, à minha imagem, se renderão aos encantos do
quinteto evorense e deixarão, também, mandigar pelo que se esconde por dentro
d’O Caixote.
0 comentários:
Enviar um comentário