Oriundos de Tomar, os Ashes
contam já com catorze anos de existência. Compostos por um sexteto formado por David Pais (voz), Pedro Caldeira (guitarra), Eduardo
Serraventoso (guitarra), João
Cardoso (baixo), Marco Rosa
(violino) e Ricardo Neto (bateria),
esta banda tem passado por despercebida no panorama underground português.
Refugiados por demasiado tempo no seu laboratório musical, é agora que nos
destilam o seu primeiro LP, intitulado Ecila.
Ecila traz-nos seis
faixas que prometem querer baralhar-nos os sentidos. Desde a sinistra e bela The kind of strange até à intrigante Redemption, não faltam motivos para que
o ouvinte se deixe embriagar pela sonoridade concitante deste grupo tomarense.
O registo é condimentando unicamente no dialeto de Shakespeare, e devo cimentar que os lirismos que compõem Ecila
são verdadeiramente apelativos. Creio que o ponto onde isso esteja mais
visível seja a excelsa e laudativa composição lírica musicada em Hall Of Mirrors, uma faixa onde o
ouvinte é envolvido numa atmosfera cenosa e incôndita e se compele na vontade
de querer descodificar o que se esconde na paisagem pintada pela voz de David Pais.
Ao longo de todo o registo somos
invadidos com uma série de influências que servem de génese criativa à música
do sexteto. É difícil definir o estilo musical produzido por este grupo, mas,
em meu ver, a sonoridade dos Ashes resume-se a um Alternative Metal que se funde com os
ideais Punk e é pintado por
tonalidades agrestes de um Post-Grunge
e de um concitante Post-Hardcore. Na
génese instrumental, encontram-se suaves traços de um arrojado Heavy-Metal, dada a complexidade com que
a estrutura sonora é delineada. Um pormenor que não consegue passar por
despercebido é o facto dos Ashes conchavarem um violino no
meio de uma camada sonora completamente inóspita e onde o ludro anda à rédea
solta e penetra os tímpanos do ouvinte sem querer desnudar deles. A verdade é
que esta fusão esquiva-se (e bem!) do incompto e acaba por incrassar tudo o que
de bom se possa dizer desta banda tomarense, é indubitavelmente uma simbiose
que nos promete siderar a cada instante. De referir, também, que quando escutei
Ashes,
nomes como Alice In Chains, Dream Theater ou Tool
chegaram-me à cabeça.
Contudo, o registo acaba por não
ser perfeito. Existem, por vezes, alguns exageros na voz de David Pais que, em meu ver, podem
«afugentar» os ouvintes mais conservadores. Não foi o meu caso. Mas estas
pequenas falhas, são facilmente esquecidas quando existem aqueles momentos frenéticos e esquizofrénicos como está patente em Redemption ou Ecila. Com este LP de estreia está
provado que os Ashes têm muito para nos dar.
Classificação final: 7.1/10
Classificação final: 7.1/10
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