sábado, 26 de maio de 2012

Ashes - Ecila


Oriundos de Tomar, os Ashes contam já com catorze anos de existência. Compostos por um sexteto formado por David Pais (voz), Pedro Caldeira (guitarra), Eduardo Serraventoso (guitarra), João Cardoso (baixo), Marco Rosa (violino) e Ricardo Neto (bateria), esta banda tem passado por despercebida no panorama underground português. Refugiados por demasiado tempo no seu laboratório musical, é agora que nos destilam o seu primeiro LP, intitulado Ecila.

Ecila traz-nos seis faixas que prometem querer baralhar-nos os sentidos. Desde a sinistra e bela The kind of strange até à intrigante Redemption, não faltam motivos para que o ouvinte se deixe embriagar pela sonoridade concitante deste grupo tomarense. O registo é condimentando unicamente no dialeto de Shakespeare, e devo cimentar que os lirismos que compõem Ecila são verdadeiramente apelativos. Creio que o ponto onde isso esteja mais visível seja a excelsa e laudativa composição lírica musicada em Hall Of Mirrors, uma faixa onde o ouvinte é envolvido numa atmosfera cenosa e incôndita e se compele na vontade de querer descodificar o que se esconde na paisagem pintada pela voz de David Pais.
Ao longo de todo o registo somos invadidos com uma série de influências que servem de génese criativa à música do sexteto. É difícil definir o estilo musical produzido por este grupo, mas, em meu ver, a sonoridade dos Ashes resume-se a um Alternative Metal que se funde com os ideais Punk e é pintado por tonalidades agrestes de um Post-Grunge e de um concitante Post-Hardcore. Na génese instrumental, encontram-se suaves traços de um arrojado Heavy-Metal, dada a complexidade com que a estrutura sonora é delineada. Um pormenor que não consegue passar por despercebido é o facto dos Ashes conchavarem um violino no meio de uma camada sonora completamente inóspita e onde o ludro anda à rédea solta e penetra os tímpanos do ouvinte sem querer desnudar deles. A verdade é que esta fusão esquiva-se (e bem!) do incompto e acaba por incrassar tudo o que de bom se possa dizer desta banda tomarense, é indubitavelmente uma simbiose que nos promete siderar a cada instante. De referir, também, que quando escutei Ashes, nomes como Alice In Chains, Dream Theater ou Tool chegaram-me à cabeça.

Contudo, o registo acaba por não ser perfeito. Existem, por vezes, alguns exageros na voz de David Pais que, em meu ver, podem «afugentar» os ouvintes mais conservadores. Não foi o meu caso. Mas estas pequenas falhas, são facilmente esquecidas  quando existem aqueles momentos frenéticos e esquizofrénicos como está patente em Redemption ou EcilaCom este LP de estreia está provado que os Ashes têm muito para nos dar. 

Classificação final: 7.1/10

Seguir Ashes no Facebook: http://www.facebook.com/ashesrain

Emanuel Graça




0 comentários:

Enviar um comentário

Twitter Facebook More

 
Powered by Blogger | Printable Coupons