domingo, 22 de abril de 2012

1ª Edição do Punchfest by Mobitto - REPORTAGEM

Dia 21 de Abril era dia da primeira edição do Punchfest By Mobitto, o primeiro festival da Punch Magazine a realizar numa reabilitada Taberna das Almas, em Lisboa. Este festival contou não só com um bom cartaz musical, mas também com um bom cartaz de cultura e arte urbana, com as exposições da Cardume, Lunchbox Creations, OFF/CINA, e Mez Clothing e um espaço para os festivaleiros deixarem o seu palavrão preferido e/ou a sua banda favorita a marcarem pontos entre um recinto que não deixa dúvidas relativamente ao seu potencial para local de concertos.


A nossa cobertura musical começa na performance de Mansell & Mike El Nite, um dos nomes que compunha o ramalhete electrónico que nos conduziria até à noite. Beats ácidos, minimalismo down-tempo e por vezes acid-house marcaram uma actuação bem conseguida e com boas vibrações, apesar de para um público ainda reduzido.

Mansell
Seguia-se IVVVO, um dos nomes de proa da “Terrain Ahead”, music label do Porto que tem vindo a conquistar o seu espaço no domínio da música electrónica. Mais voltado para as áreas do drone, do dubstep e do techno, foram também a deep-witch-house e os beats em modo clash meio futurista (Burial? James Blake?) meio nostálgico a despedaçar por completo (elogio) os bons samples que Ivo Pacheco priveligiou na sua actuação, ainda para um público reduzido mas conhecedor do artista.


IVVVO
A IVVVO sucedia Exotique. A hora de jantar não foi questão numa actuação com uma sala mais recheada e que presenciou um bom set onde a vontade do minimal continuou a ser dona e senhora, agora a partilhar com afeição com partes da nova disco, do dub e da house music, um pouco a fazer lembrar nomes como Eskmo, Shlohmo ou Gold Panda que nos deixam sempre numa parte do Mundo cujo éter desconhecemos.
Exotique
Chegava então a altura da parte mais pop-rock da noite, com os Stereo Parks a abrir hostilidades de uma forma bem interessante. Com forte inspiração pelo brit-rock de 90s e já dos 00s, os Stereo Parks lançaram a teia com boas músicas como “Hang On” e “How Much Can You Know About Yourself?” a chamar também pelo volume do rádio e com um miolo do espectáculo mais calmo, com “Crazy T-Shirts” e “For What” a não deixarem baixar o padrão da actuação . “Chances” foi o tema novo que apresentaram e que os colocou de novo nas coordenadas iniciais de latitude pop-rock e de longitude indie com os pés de uma audiência já acima da média lotação a marcarem o ritmo agitado. Esperamos pelo EP.
Stereo Parks
À hora da entrada em palco dos Capitão Fausto – por volta das 22h30 – sentia-se um frenesim histérico no ar numa sala onde só no piso superior caberia mais alguém. Mais uma vez, o quinteto mostrou o porquê de ser um dos diamantes actuais da música portuguesa, lançando o caos com uma excelente actuação. “Febre” e “Música Fria” de “Gazela” mostram o je ne sais quoi que os Capitão Fausto têm aos olhos de qualquer pessoa que veja um concerto deles e que nós catalogamos como algo simples: letras acima da média, uma banda muito bem oleada e pop-rock com travo português nos ritmos e sorrisos e originalidade/perícia a explorar o que pode ser aproveitado do indie-rock britânico. “Zecid”, as duas partes da “Raposa”, “Sobremesa”, “Supernova” e “Santa Ana”, o novo single da banda a lançar em breve, deixam-nos de barriga cheia e cabeça às voltas de tal maneira que quando voltamos a aterrar, sabemos que aqui mora gasolina para voos mais altos – um deles pode ser já em breve na Semana Académica de Lisboa. A fechar, “Teresa” para evitar o uso do livro de reclamações (“não, não, não, não”, como ouvimos em “Música Fria”) e vénia aos doismileoito, que os Capitão Fausto mencionam, e com razão, como uma das razões para se terem juntado a fazer música.
Capitão Fausto
Aos doismileoito coube a difícil tarefa de continuar com o espectáculo. “Conta Contigo”, o novo single da banda, foi um convite à adesão de um público que desmobilizava após a actuação dos Capitão Fausto, que mereceu também referência dos doismileoito. Exceptuando o facto de terem um público menos conhecedor do seu trabalho (a pergunta sobre quem conhecia o último disco foi respondida com sorrisos traquinas), nada sobra para apontar a uma actuação também ela irrepreensível em que “Pés Frios” foi o disco que esteve em maior destaque, excepto no final em que “Bem Melhor” serviu para mandar os petizes contentes para casa – a nós, chegou-nos apenas “Cão” e “Bilhete de Ida”, duas das grandes malhas de “Pés Frios”. Sem o impacto dos Capitão Fausto, os doismileoito estenderam sem grande problemas um pequeno texto de menos de uma hora sobre todas as razões de serem uma das bandas em melhor forma em solo nacional.
doismileoito
Não era ainda, todavia, hora de irmos para casa. De seguida, o one man show de Cut Slack. Dono de um EP cativante editado recentemente pela Duro Records, Fred Campos trouxe movimento de pura música electrónica, carregada de sintetizadores, magnetismo funky e sujidade disco, num set bem concentrado e pop quanto baste. Nesta altura, a plateia era bem mais selecta, e com isso, não faltava espaço para ninguém. 

Cut Slack
Por fim, Moullinex arrasa com um set onde há espaço ainda para alguns hits seus como o recente rework de “Maniac” com Peaches nos coros. A reinvenção dos conceitos de “festa” e house music veio personalizada com pormenores de funk, disco, synth-pop e electro/new wave com tal frieza e acutilância que tantas vezes fazem falta em qualquer DJset – e assim fechava em beleza um evento em que se demonstra que o esforço de produção e dos artistas e o bom gosto prevalecem sempre na impressão que fica. Até para o ano, de preferência no mesmo local.
 
Moullinex

TEXTO: André Gomes de Abreu
FOTOGRAFIAS: Catarina Abrantes Alves




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