sexta-feira, 23 de março de 2012

Wraygunn - L'Art Brut



A questão que se prende após ouvir o mais recente álbum dos Wraygunn é se gostamos da mudança que se sente, nomeadamente em relação ao maior controlo da energia durante as músicas. O cunho forte de Wraygunn está lá, mas às vezes a música não cresce tanto como imaginaríamos que crescesse. Será que gostamos disso?

Não sei se é o pior ou o melhor, mas este é o registo mais completo e abrangente do grupo liderado por Paulo Furtado. Este álbum define muito bem a banda porque revela um espectro musical gigante, dentro dos estilos que estes abordam, sem nunca perder a identidade. Aliás, a identidade até se revela mais. Sentimos isso em "Tales of Love": o que começa com algo muito introspectivo e calmo termina num caos dificilmente controlado. O caos blues que muitos dizem que os Wraygunn perderam está lá todo. Mais intenso. Mais curto. Apresentado com muito mais tensão. 



Também temos os hinos blues "Kerosene Honey", "Bet It All" e o mais introspectivo mas não menos forte "Track U Down". Aqui o conjunto puxa pelo lado mais clássico que os influencia. "Stroling" e "My Secret Love" puxa pelo lado exótico e tropical que o rock pode tomar. Por onde quer que o álbum vá, a voz pujante de Paulo Furtado comanda, mas as duas vocalistas femininas contribuem de uma forma que se revela essencial para a harmonia e melodia das canções. 

Os Wraygunn arriscaram. O caos (no bom sentido) de "Drunk or Stoned", "Love Letters From a Mothafucka" acalmou, reconfigurou-se. Decidiram tomar uma direcção que, do exterior, pode parecer incerta, mas é, sem dúvida, o melhor que eles podiam ter feito. Nas mesmas 12 músicas, voltam às origens, pensam no futuro, e brincam com o presente, mostrando-nos porque são um dos melhores projectos musicais que já foi produzido em Portugal. 




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