segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Os Capitães da Areia



No meio da onda frenética de indie rock em que entrou o mundo da música, em que o panorama português não passa de todo, de lado, é de espantar os projectos que conseguem fugir a um certo marasmo que por vezes surge. Os Capitães da Areia usam uma forma muito agradável de fugir ao habitual: cores dançáveis aliados a um synths muito anos 80, aliados a um conteúdo lírico podia ter sido sobre ontem ou de quando os nossos pais se conheceram.


É essa suavidade e nostalgia vintage que se prende à sonoridade dos Capitães. Não rebentam a escala na inovação, mas quem disse que estamos sempre à procura dela? É talvez tentação compará-los com os Vampire Weekend, ouvindo, por exemplo "Bailamos no teu microondas", mas seria uma frase algo errada, ou imprecisa. Eles foram beber das mesmas origens, em vez de se deixar influenciar pelos mesmos. Ou pelo menos é o que parece, dada a forma despreocupada como assumem a vertente mais tropical do Indie Rock, que o grupo americano veio mediatizar.




É quase escandalosa, num bom sentido, a importância do sintetizador, que vinca a personalidade deste grupo. Sem ele, teriam talento, com ele têm talento e magia. Às vezes, são arranjos simples como os que eles usam que tornam a música diferente, mais viva, mais limpa, mais nossa. E penso que a cama musical dos Capitães seria algo diferente se tirássemos aquele toque celestial que vai acompanhando estas músicas.

"O Verão Eterno d'Os Capitães da Areia" é o álbum de estreia, lançado no ano que acaba de findar. O que eles apregoam não é falso: com eles, o verão não acaba. E também não acabam os sonhos que nascem com ele, nem os amores e os desamores. Cantam e tocam a alegria de uma forma nostálgica, tocam a tristeza de uma forma alegre, ou talvez nenhum dos dois; isso cabe ao ouvinte decidir. Além do Verão, esperemos que também tornem a sua boa música eterna.





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