quinta-feira, 23 de junho de 2011

Foge Foge Bandido - O Amor Dá- me Tesão/Não Fui eu que Estraguei


”O Amor Dá-me Tesão/Não Fui eu que Estraguei” (2008) Turbina

“Manel” Cruz é um artista completamente assustador em Portugal. Após o fim dos Ornatos Violeta, colou o seu nome a uma marca, a um selo: o selo “Manel Cruz”.

Findos os Pluto, o desafio seguinte na sua carreira chamou-se Foge Foge Bandido, com Lado A e B, “O Amor Dá-me Tesão”/”Não Fui eu que Estraguei”, e um livro ilustrado, que retrata o longo tempo de criação do disco duplo. Para tal, chamou vários elementos dos Ornatos Violeta, Pacman, Bezegol e Gon (ex-Zen). Ouvido, Foge Foge Bandido cumpre qualquer suposição precoce: é de facto o projecto onde Manuel Cruz se atira a ferro e fogo à experimentação no som, sem desleixar a palavra como um brinquedo difícil, tanto ao jeito do selo “Manel Cruz”, como os temas mais conhecidos “Borboleta” e “Canção da Canção Triste” provam.



São, no total, 80 canções sobre a vida quotidiana, as relações interpessoais, vistas por um íntimo facínora e errante pelo Mundo, que constituem entre si um pedaço de história de cada um em cada dia. O experimentalismo deste disco assenta num som eminentemente “pop”, que parece fácil de assimilar e de esquecer brevemente mas não é. Qual Thom Yorke camoniano, Manel Cruz conjuga instrumentos (sejam eles quais forem), vozes e letras de uma forma complexa em canções que parecem simples músicas “pop” onde tudo se encaixa na perfeição.

A simplicidade quase matemática de 80 músicas darem facilmente um bom disco é também ela sublevada e ultrapassada pela facilidade de tais peças se colarem à pele de quem as ouve. Nisso, canções épicas como “Canção da Canção Triste”, “Ainda Pode Descer”, “Tu Não Tens de Mudar”, “Canção Segredo” e “Fora de Combate” cumprem tão bem como sequências como “Mundo Exterior”/”Eleva!” e “Não Aldrabes”/”A Lenda da Verdade”. Assim, deixem-se as palavras caladas e sossegadas, porque falar bem deste longa-duração é fácil, mas ouvi-lo é essencial.

André Gomes de Abreu

A não perder os concertos da tour de despedida: próximo concerto dia 25 de Junho, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa




1 comentários:

Inês S. disse...

o Manel Cruz é o maior génio da música portuguesa. e não é um músico, é um artista!

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