quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Orelha Negra



No meio de tanta especificidade musical, este é um projecto que celebra a música no geral, de uma forma revivalista e futurista. Não se escolheu um determinado género, só uma banda, apenas um artista ou grupo de artistas, para homenagear neste projecto. Apela-se à pluralidade das tendências e à música como motivo para encarar a vida, de uma forma dançável, bem disposta, sempre em movimento, sem escolher um único caminho mas escolhendo todos ao mesmo tempo. Apesar de toda esta wideness, o respeito pelos pais do hip hop, funk, soul, enfim todos aqueles que foram e ainda são dotados de uma apurada Orelha Negra, é enorme, e essa é uma das mensagens que passa, de que devemos respeitar os pioneiros, agradecendo tudo o que eles nos trouxeram, a partir do seu tempo.


Os elementos do grupo já eram parte integrante da banda que acompanhava Sam The Kid nos seus concertos ao vivo, pelo que simplesmente se juntaram para criar algo de raiz. Afirmam que "na forma, os Orelha Negra são hip hop, mas, na essência, são mais do que isso". Hip Hop old school, funk, electrónica e rock, de tudo há neste aglomerado sem fim. A variedade permite obter resultados óptimos e, no fim, alcançar um público muito mais generalizado. A forte carga instrumental é um risco que um projecto toma, mas que até agora tem os seus frutos, indo assim ao encontro da intenção de improviso da banda, permitindo muito mais criatividade. Nada se perde ao terem uma voz baseada em samples.





A banda tem uma vertente extra-musical interessante, usando e abusando do "Sleeveface" para se apresentarem ao mundo, por uma questão de valorização do grupo e não do individualismo, destacando a importância do contributo de cada um para o enriquecimento do projecto como um todo.

Pode-se achar que esta banda tem o destaque que tem pela rodagem que Sam The Kid tem no circuito nacional, mas aviso os mais cépticos que aqui, sim, há talento. São músicos altamente experientes na sua área, e com elevado sentido de estrutura musical (e abertura À sua diversidade), sendo que só assim seria possível criar, com tanta segurança e firmeza, uma sonoridade com este gabarito.

O ano passado foram um dos 5 candidatos a Best Portuguese Act. Em "LORD", temos surf rock misturado com electrónica, em "A Cura" há um cheirinho a electro hard rock. Se gostam de géneros standard, não podem de todo confiar nos Orelha Negra, eles estão a desafiar o estigma dos rótulos do nosso panorama musical, e ninguém os pode parar, facto perceptível nos primeiros segundos das suas faixas.




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