sexta-feira, 29 de agosto de 2008

ENTREVISTA: Skewer



Quem são estes rapazes? São uma banda, sim, mas uma banda que está a tentar trazer de volta o Rock do fim dos anos 80, início dos 90 - chamem-lhe Grunge. Não produzem cópias do estilo musical dessa época, mas sim músicas com personalidade própria que ficam na nossa cabeça e ressoam tal como outros do seu género fizeram, há uns bons anos. Têm conseguído destaque em algumas MTV's e rádios portuguesas como a Best Rock.

- Como e quando é que começou o interesse pela música, por cada um de vocês?

Resolvemos só falar de um para não ficar gigante e massacrante. Comecei a interessar-me por musica com os meus 12 anos, em 1989, quando passei a prestar atenção a bandas rock como Guns 'n' Roses, Motley Crue e Poison. Em 1990 assistia a um programa chamado lado B, na MTV, que passava bandas indie (na época), como os Teenage Fan Club, Nirvana, Mudhoney, Tad, entre outras. Resolvi então dedicar-me a aprender: foi em 92/93 que comecei a tocar bateria numa banda de Grindcore, só para estar numa banda. Apenas em 95 consegui tocar num projecto voltado para 0 que realmente curtia ouvir e tocar, que era o Rock Alternativo. O nome do projecto era Second Skin, que em 98 mudou o nome para Waste e durou ate 2000 dentro da cena Rock Alternativo / Grunge, com apenas uma demo-tape lançada com o titulo de Into Deep Silence, que vendeu cerca de 1500 copias em concertos por todo o Brasil. Em 2002 venho viver para Portugal e envolvo-me em outros projectos de estilo mais pesado (Metal), até que em 2005 decido com um amigo agarrar naquela demo e mais umas quantas tapes caseiras e entramos em estúdio e gravamos uma maquete, surgindo assim os Skewer.


- Foi muito difícil começarem, enquanto banda?


É sempre... pois temos que começar do zero, seleccionar os temas, gravar alguma coisa, procurar pessoal, sujeitar a tocarmos por quase nada ou nada, pois uma banda ao sair da garagem ou tem um monte de amigos para os ver ou tenta rezar a todos os deuses para que alguém se interesse em ir ao bar beber uns copos e ficar lá para conhecer o trabalho.


- Skewer é um nome que começa a suscitar verdadeiro interesse na esfera musical, não só nacional, como também lá fora começa a sentir-se mais que qualquer coisa. Estavam à espera que 2008 fosse assim ou aconteceu de uma forma inesperada?


Para dizer a verdade, acho que isso é apenas trabalho a ser desenvolvido, coisa que vamos continuar a fazer. Ainda existe muita coisa por fazer: não temos cunhas, tudo tem que ser na base do esforço; fica mais fácil para Rita Redshoes, que tem um amigo no meio que indique ou uma família com situação favorável para apoiar, é fácil quando as bandas surgem por que já tem alguém lá dentro da grande media. As pessoas tem medo de dizer as coisas, nós não, porque tudo o que conseguimos foi por mérito próprio. Contudo, o reconhecimento fácil ainda não o vejo tão próximo, mas vai-se batalhando. Algum já existe.

- Para muitos o Early 90's Rock já não se enquadra na música actual. Quais os vossos argumentos de peso para contrariar tais posições?

O rock dos anos 90 está vivo no coração de milhões neste planeta. Vejo isso pelo feedback que recebemos no nosso myspace. Em países como Brasil, Chile, México, Estados Unidos da América e Itália, há muita gente que gosta de Rock Alternativo/Grunge e conhecem bandas além de Nirvana, como Veruca Salt, Chavez, Mudhoney (a fundo), Screaming Trees e sabe que estamos dentro da cena, mas sabemos que é preciso continuar a trabalhar. Para algumas pessoas em Portugal que só têm Nirvana e Pearl Jam como referencia ao rock daquela época, fica difícil aceitar o que os Skewer fazem, e ás vezes falam de cenas sem perceber bem qual o trabalho que está a ser desenvolvido dentro dos Skewer. Mas é muito bom fazer algo que realmente gostamos e saber que ainda há reconhecimento em muitos sítios do globo.



- Falem-nos um pouco do novo material que estão a produzir.

O novo material tem um tom de experimentalismo. Em algumas das músicas vamos explorar os instrumentos, para em vez de ter voz, ter aquele rock pesadão e raivoso, que mistura o punk e o rock do fim dos anos 80. É um estilo que vai continuar: afinal foi com este formato de trabalho que os Skewer percorreram 3 anos de existencia e seria muito bom continuar, apesar de ser bastante difícil sustentar-se dentro da cena musical de hoje em dia com um visual simples; já que hoje isso também conta bastante, já acho que mais que a música!



- Que bandas nacionais mais admiram? E lá fora?

Nacional gosto de muita coisa: os já bem lançados Linda Martini, que tiveram a sorte de cair na graça da malta. Gosto mesmo muito de Riding Pânico, até já os fui ver, e os Dapunksportif que fazem um rock muito bom, apesar de sofrerem um pouco com as comparações com os Queens Of The Stone Age. Lá fora são inúmeras mais vou por as do coração: The Vines, Nine Black Alps e Nirvana.



- Já têm considerável experiência do mercado musical português. O que é que acham que falta?

Acho que algumas casas de concerto e donos de bares tratam todas as bandas como bandas amadoras, ou seja, uma banda que vai dar o seu primeiro concerto hoje tem as mesmas condições que algumas bandas que já estão nisso há muito tempo. Acho que isso é pouco claro, vamos dar os nomes certos às coisas, ou seja: se uma banda tem um lançamento e outras coisas pelas quais batalharam muito para conseguir, deveriam ter um pouco mais de respeito por elas. Se eles querem ganhar dinheiro graças às bandas, que também se esforcem na promoção dos eventos, pois a maior parte das vezes isso fica por conta da banda. E deve ser por isso que muitas bandas procuram agências ou sujeitam-se a ficar em casa.


- Quanto a actuações no futuro, têm planos?


Enquanto as cenas forem a depender da sorte ou de condições em que a banda pode ficar a arder, vamos preferir estar em casa do que pagar para tocar. Contudo, nos últimos concertos em que participámos tivemos casa cheia entre 100 a 400 pessoas. Mas as condições estavam garantidas, por que o publico é uma caixinha de surpresas. Hoje os concertos com assistência garantida são Festivais, Festas de Cidades com apoios das câmaras ou organizados por algumas agências. Aí sabemos que vão ter pessoal a ver todas as bandas. É assim que algumas bandas nacionais conseguem safar-se, como os The Vicious Five e os próprios Linda Martini.

 

MySpace: http://www.myspace.com/skewerband

Site: http://skewer.com.sapo.pt




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