terça-feira, 25 de março de 2008

Skewer



Não se deixem levar pela estranheza do nome. Ou melhor, deixem-se. Dessa forma, entrarão na onda do som deles: grunge is back! É esta a boa novidade que este quarteto nos dá. Recordando esse género um pouco perdido, temos algo entre o metal e o punk, obviamente melancólico, por vezes dissonante, sempre contagiante; e o conteúdo lírico cortante que se adivinha. Ao ouvir Skewer é isso mesmo que acontece. Passeiam-se entre o metal e o punk, como quem o faz há muito tempo, como quem conhece o caminho e o quer mostrar a mais gente. Espero não estar a dar a entender que está aqui uma fiel cópia dos suspeitos do costume: Nirvana, Pearl Jam ou Alice in Chains.

Mas se a onda da banda não é nada de novo, o que é que os Skewer nos podem trazer de bom? Eles têm uma vantagem do lado deles. Sempre que se traz um género do velho armário parece que ele sai de lá com uma nova frescura. Não falo só de melancolia pelos velhos tempos. Parece que vem cheio de força, aliás. E vemos ali todos os nossos géneros preferidos "melted in one". Conseguimos ouvir o rock, o punk, o metal. E também se ouve o elemento "Skewer". É impossível - a não ser para os maus músicos - não deixar um tom personalizado nas músicas que tocamos, ainda que sejam covers puros e duros, que nem é o caso. A fórmula das bandas de grunge era, simplificando, pegar nos três estilos musicais de que falei há pouco e distribui-los da forma que achassem adequada. Nenhuma banda o fazia ou o faz com uma distribuição semelhante. E aí está o que as faz distanciarem-se entre elas e mesmo em relação a bandas só de um dos géneros.

A parte musical desta banda podia ser falada o que se pode dizer do grunge? A história habitual. Power chords não-óbvios, vocalizações rasgadas e duras, solos simples mas de enorme presença, bateria constante e imparável. Aliás o grunge nunca fui uma música de primórdio técnico. Muitas das suas bases até nasceram de imperfeições no material usado para o fazer, nos instrumentos. Quantas músicas dos Nirvana não começam com barulhos electricamente esquisitos.. O grunge sempre foi mais uma contra-corrente cultural de uma época em específico, o glamour e felicidade de plástico dos anos 80 e 90 e a supremacia cultural da américa pós-guerra fria. E afectou outros músicos como Jeff Buckley, que pouco ou nada têm a ver com a violência que no grunge se sente.

É muito bom quando se inventa um género novo - é de génio aliás - mas também é igualmente meritório quando se pega em algo já conhecido e se faz algo que nos parece novo. Em suma, ser criativo apesar de parecer que já está tudo criado. Skewer é certamente um nome a ter em conta, com o apoio decente que merecem podem chegar longe. Pois longe nos leva a sua música, para os anos 90, para a melancolia, a moleza do pensamento, um adormecimento fatal. "Stayed" tem o número de plays que tem e não é por acaso.

MySpace: http://www.myspace.com/skewerband

Site: http://skewer.com.sapo.pt




1 comentários:

Anonymous disse...

Gostei da entrevista na primeira pagina!

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