terça-feira, 25 de março de 2008

ENTREVISTA: Bildmeister


O rock português tem aqui um aspirante a ícone: Bildmeister. Uma onda sónica, um tributo à guitarra, às guitarras. Sons de um outro tempo, mas agora e bem actuais, redundantemente falando. Mantendo a chama do Indie Rock bem viva! Tiveram no recente SXSW, onde mostraram a sua magia.


O que quer dizer, afinal, e o que significa para vocês Bildmeister?


É aquilo que somos, aquilo que fazemos. Já cá andamos há uns anos, e sentimos realmente que esta banda é a nossa cara, é a nossa ideia, é a nossa intenção. Temos uma ideia da banda e seguimo-la de forma coerente, incluindo algumas regras que nos ajudam a chegar aos objectivos. Por exemplo, e para evitar conflitos – pois nem sempre é possível conciliar todas as vontades e ideias – preferimos sempre abandonar temas onde alguém não se sinta confortável… o que não quer dizer que essa ideia possa ser recuperada mais tarde, algo que também fazemos com frequência, a reciclagem de sons, de linhas de guitarra, etc… mas acima de tudo é algo que sentimos de facto de é nosso. Bildmeister significa “mestres da imagem” e foi “roubado” de um modelo de uma televisão antiga.

- Têm a aventura em Austin detalhadamente contada no vosso MySpace. Foi recheado de momentos bons, mas qual foi o melhor? O festival superou as expectativas?

Talvez o melhor do festival tenha sido a oportunidade de conviver de perto com pessoas que muito apreciamos (Thurston Moore, Steve Shelley, J Mascis, e todas as outras bandas e pessoas que fomos conhecendo…). O carácter informal do festival, por acontecer em pequenos palcos proporcionou um contacto directo entre publico e bandas. Foi muito bom ouvir certas coisas de pessoas que apreciamos, sentimo-nos do outro lado, deixando de ser publico e passando a ser músicos, criadores… Para além disso, Austin é uma cidade fantástica, com um ambiente único no mundo. A cidade vive e respira rock!

- Façam, dentro do possível, um resumo dos vossos 10 anos de vida (momentos importantes, à vossa escolha).

10 anos de passos seguros, sem nunca colocar demasiadas expectativas. Sempre fizemos isto tendo em conta o prazer em criar, sem pensar em sucessos ou em fazer carreira ou dinheiro. Passamos os primeiros anos de Bildmeister a criar uma identidade, elos que ligassem quatro pessoas (e amigos!), a determinar uma sonoridade, filtrando as ideias de forma consensual. Depois começaram as edições, e pouco mais de exposição publica. E assim nos temos mantido, trabalhando de forma consciente, sem grandes pressões. Momentos importantes? Talvez a edição do Explay e do Here Alone, as bandas sonoras e os filmes concerto (algo que nos desvia um pouco da actividade normal, mas que muito gostamos de fazer e que nos leva a públicos ligeiramente diferentes). Sem dúvida que esta participação no SXSW foi talvez a maior aventura que tivemos, e tendo em conta que temos um disco novo à porta, as expectativas são elevadas.

- Que acham do estado do chamado "Sonic (Indie) Rock", a chama ainda está acesa?

Penso que sim, sempre esteve. Os géneros musicais e a sua marca no tempo já não fazem sentido. Já não existem modas ou hypes de géneros musicais, só bandas e nomes. Já não vemos grande influência de um género musical que seja predominante relativamente a outro, está tudo misturado. As pessoas ouvem muita coisa, muitas bandas. Mas é bom perceber que o rock, mesmo que seja mais conceptual e instrumental, tem também o seu público e o seu espaço. Mesmo em Portugal, já temos a oportunidade de ver coisas menos comerciais vindas de outras paragens, sem ter que esperar por grandes festivais de verão. Isso é positivo e poderá abrir portas em sentido contrario, ou seja, bandas nacionais e fazer o mesmo trabalho, para fora. Mas terá sempre de haver um esforço enorme das bandas e das (poucas) pessoas que trabalham com esses objectivos. Portugal é um pais muito pequeno…. E se for preciso, vamos para fora, também. Queremos é mostrar aquilo que fazemos, o que nos dá prazer.

- Dentro do vosso estilo, há alguma banda emergente nacional que queiram destacar? E internacional?

Não sei muito bem qual é esse estilo, eh eh… existem bandas nacionais que estão a fazer um bom trabalho (Lobster, Linda Martini....) e que fazem bastante, cheios de actividade, publico e hype. É bom ver que assim é, mesmo tratando-se de sonoridades menos comerciais. A nível internacional trazemos do SXSW confirmações sobre bandas que já andamos a ouvir há bastante tempo: HOLY FUCK, A PLACE TO BURY STRANGERS, RINGO DEATHSTARR!...

- Como tem o público reagido à vossa música? E apoio a nível mais de divulgação, que têm a dizer?

Temos um disco novo, vamos esperar para ver. É um disco que sentimos ser o nosso melhor disco. Mais rápido, mais sujo, mais próximo do que somos ao vivo, que é onde nos sentimos melhor. Temos algumas expectativas e vamos ver como as coisas correm. Temos também várias ideias novas, já a pensar num próximo trabalho. Mas como sempre, vamos fazendo aquilo que pretendemos, sem pretensões. A divulgação vai acontecendo. Trabalhamos sozinhos, temos a nossa própria editora, o que nos permite controlar todo o trabalho. Ás vezes é um bocado difícil, mas pelo menos não nos sentimos pressionados.

- No meio de tantas bandas a tentar aparecer na cena nacional, o que fazem para tentar ganhar algum protagonismo ? (em termos de se tentarem diferenciar das outras bandas)

Nada de especial, desenvolvemos e promovemos o nosso trabalho. Não somos uma banda fácil de situar, de rotular. Não nos colamos a coisa nenhuma, o que as vezes até joga contra nós, pela dificuldade em nos identificar com outras coisas, com paralelos. Somos o que somos, fazemos o que gostamos, e isso é sempre o mais importante.

MySpace: www.myspace.com/bildmeister

Site: www.bildmeister.net




1 comentários:

Mário Jader disse...

Por acaso não conhecia e têm um som 5**... a ver se acompanho esta banda. Boa entrevista e obrigado pelo post ;)Junta-te ao movimento iMod que brevemente será exposto!Passa pelo iMusic para mais novidades!

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