domingo, 28 de agosto de 2016

WHALES - Entrevista

Após o final súbito dos Backwater And The Screaming Fantasy, Débora Umbelino assumiu-se a solo enquanto Surma e começou a criar um novo percurso para si. Não demorou muito para que os restantes membros partissem noutra direcção enquanto Whales e logo com a perspectiva de "Big Pulse Waves" e "Half Moon Bay" em maturação, com a primeira já garantida como "single" nos primeiros meses deste ano.
Com a garantia da edição do seu disco de estreia em 2017 pela Omnichord Records, a banda aproveita a cola de um selo de qualidade para diversificar a paisagem sonora desse mesmo colectivo e a vitória no Festival Termómetro foi o trampolim decisivo para um crescimento acelerado em que o Indie Music Fest é a próxima etapa passadas outras como a presença em festivais como o NOS Alive e na colectânea Novos Talentos FNAC 2016. Encostamos, por isso, todas as perguntas a meio deste salto para o desconhecido.
 


BandCom (BC): Assim que os Backwater And The Screaming Fantasy terminaram, sabiam exactamente o que queriam fazer?

Whales: Não sabíamos bem o que queríamos fazer mas sabíamos perfeitamente que não queríamos deixar de criar algo que fosse nosso e diferente.


BC: Ainda estão a trabalhar no disco de estreia? Quais as vossas maiores preocupações?


Whales: Estamos. Este disco foi sempre um dos nossos grandes objetivos e já temos vindo a trabalhar nele ao longo dos últimos meses. A nossa maior preocupação é atingir os prazos por nós previstos e fazer com que o resultado final seja o melhor possível, tanto para nós como para todos os que o ouvirem.


BC: Acham que o facto de estarem a riscar rapidamente pontos de uma imaginária “lista de objectivos de uma banda bem-sucedida em Portugal” é o reconhecimento justo e exacto pelo vosso trabalho enquanto músicos desde que começaram ou esperavam que tudo se processasse com um maior espaçamento e fosse mais fácil de segmentar?

Whales: De facto as coisas têm-nos corrido bem, temos tido sorte e, mais importante, o apoio daqueles que gostam de nós. Claro que quando começámos o projeto nunca nos passou pela cabeça que as coisas acontecessem tão rapidamente, no entanto está a ser fantástico acontecer assim.


BC: O HAUS e a sua equipa têm estado associados a vários lançamentos de bandas nacionais nos últimos tempos e a muitos lançamentos de bandas com carreiras muito jovens. Quais eram as vossas expectativas antes de entrar em estúdio para gravar a versão single do “Big Pulse Waves” e de que forma elas se materializaram na evolução do disco e de vocês também enquanto banda?

Whales: Antes de entrarmos em estúdio, sinceramente, não tínhamos dúvidas de sairmos de lá satisfeitos em relação à música. No entanto, tínhamos a noção de que íamos chegar, gravar e ir embora. Ficámos surpreendidos com a forma como eles lidaram com uma banda que não conhecem de lado nenhum, a quem não devem nada. Gostámos principalmente da sinceridade deles e da forma como se entregaram à nossa música. Após a nossa passagem pelo HAUS, começámos a dar mais atenção a pequenos pormenores que se calhar antes passavam despercebidos.





BC: Depois de vermos o videoclip da “Big Pulse Waves”, há algum cuidado especial com a imagem global da banda que queiram consolidar e enfatizar?

Whales: Ainda é muito cedo para falarmos numa imagem concreta da banda. Foi um primeiro passo que achámos que correu muito bem. O Rui Gaspar fez um excelente trabalho e transmite a energia que queríamos colocar na música.


BC: Uma vez que se posicionam, para já, como uma banda indie-rock com apego a alguma electrónica, haverá material e material a montar, carregar, agrupar para cada concerto ou cada ensaio. Enquanto músicos, o desafio maior está nesta altura na exploração da electrónica ou da parte eléctrica e mais conotável com o rock? 

Whales: Um dos nossos objetivos foi sempre explorar esta vertente mais eletrónica do rock alternativo de modo a individualizar-nos do resto das bandas, portanto para já essa é a nossa maior preocupação.


BC: Já não é possível particularizar apenas Leiria, como tão tentador poderia ser, enquanto um pólo de criação de novos eventos. Cada vez mais descobrem-se novos festivais, novos eventos, novas formas de chamar a atenção para a música feita em Portugal. É isso que têm sentido? Que locais e que concertos mais vos têm surpreendido?


Whales: Temos sentido, principalmente, que tem sido atribuída mais importância na música em Portugal nos últimos anos com a criação de novos festivais e novos eventos que apoiam bastante a cultura portuguesa em geral. "Puxando a brasa à nossa sardinha", um dos sítios que nos tem mais surpreendido em termos de dinamização da cultura é Leiria. Esta nossa cidade tem um conjunto de pessoas que de forma voluntária elevam a cultura a outro patamar. O Norte do país também nos é bastante especial, é aquele local onde vamos e nos sentimos sempre acarinhados e recebidos de forma quente. Não podemos deixar de falar do NOS Alive que foi um concerto único, em que fomos tratados de forma espetacular e recebidos pelo público de forma surpreendente.


BC: Pode facilmente tornar-se asfixiante a vida de estrada num país pequeno mas com cada vez uma maior distribuição de salas activas (não que haja uma variação substancialmente positiva na sua quantidade) e em que se chega a um festival de “montra” e é difícil sugerir bandas portuguesas que tocam todo o ano em todo o lado face a artistas ou outras bandas que vêm do estrangeiro, em estreia ou de regresso. A estagnação é algo que já vos preocupa ou não há outra saída senão o estrangeiro?


Whales: Acreditamos que tendo um público fiel e que nos siga de Norte a Sul do país, por muito pequeno que seja, nunca será asfixiante mas sim reconfortante. Mas qual é a banda que impõe um limite ao número de pessoas a quem se quer dar a conhecer?! O nosso objetivo é e será sempre levar a nossa música ao máximo de pessoas possível. Tocar no estrangeiro será sempre um desejo nosso.


BC: Em que fase é que estamos no que diz respeito à nova música portuguesa? Temos passos em falso que estamos a remediar ou que devemos remediar a curto prazo? O mercado internacional está mais aberto para “nós”?


Whales: Na nossa opinião existem algumas coisas que deviam mudar na mentalidade dos portugueses ligados aos grandes festivais de música em Portugal nomeadamente quando se trata de escolher as bandas que tocam nos palcos principais e secundários. Porquê pôr uma banda estrangeira pouco conhecida num palco principal quando se pode por uma banda portuguesa com mais nome?! Ou, por vezes, quando até tocam no palco principal, porque não colocá-las no horário da noite?! Quanto ao mercado lá fora, não temos a certeza de que as bandas portuguesas sejam tão bem recebidas como são as bandas estrangeiras cá em Portugal.


BC: Se os Whales são uma promessa a confirmar em breve, como é que se chamam as outras promessas portuguesas que gostariam de ver confirmadas tão rápido quanto possível?

Whales: Qualquer banda de Leiria pode ser uma promessa a confirmar!!


BC: Entre os Foals, Roberto Carlos e aquele labrador do “teaser” da versão “demo” da “Big Pulse Waves”, a quem gostariam de deixar uma mensagem e que mensagem seria essa?


Whales: Dos três, gostaríamos de deixar uma mensagem ao nosso amigo Juca, o labrador do teaser, que infelizmente nos deixou há um ano atrás. Gostaríamos de lhe agradecer a companhia que nos fez em dias e noites inteiras de trabalho na nossa sala de ensaios.


André Gomes de Abreu




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