segunda-feira, 9 de junho de 2014

GOBI BEAR @ CASA INDEPENDENTE, 30/05/2014



Num dos últimos dias de Maio, o BandCom ignorou as festividades que decorriam no Parque da Bela Vista e deslocou-se até à Casa Independente, inserida no renascido Intendente (
qual Bairro Alto destes novos tempos) para ouvir e ver Gobi Bear, alter-ego do vimaranense de apenas 23 anos Diogo Alves Pinto. Apesar do atraso, à espera de quem resistisse à subida a palco de tantos nomes de peso a uns quilómetros ao lado, para aqueles que se deslocaram propositadamente ao espaço esperava-se um bom concerto, cheio de energia, alegria e surpresas num ambiente mágico e intimista.
















Com um novo EP "Dare" lançado recentemente e um disco, que integrou o top das listas de melhores discos editado, as expectativas para esta noite eram altas. Contudo, goradas as hipóteses de reproduzir algumas das remisturas agora conhecidas, rapidamente se percebeu que a noite seria dedicada aos seus trabalhos mais antigos - prova disso é o facto de Gobi Bear ter tocado praticamente todos seus temas já conhecidos do último “Inorganic Heartbeats & Bad Decisions” e do EP “Mais Grande”, com espaço ainda para a partilha de novas canções que irão integrar o seu novo disco que já está a ser trabalhado e algumas histórias mais íntimas que acabaram por contribuir para o ambiente cúmplice e familiar que pairava na sala. 





































A abrir: “Eli/Abel”, a colocar em sentido todos os presentes por toda a pujança e originalidade que impunha na guitarra mal soaram os primeiros acordes. Diogo Alves Pinto é um miúdo simples e tímido: no entanto, assim que liga a guitarra e toda a sua maquinaria de pedais ao amplificador, encontra o seu conforto e torna-se numa força da natureza. Um urso destemido que, de uma forma divertida e nas barbas do tigre que serve de pano de fundo ao palco da sala, não tem medo de desbravar os terrenos que nos guiam por caminhos cimbres onde mora a tranquilidade.
A partir daqui, estava criado o ambiente ideal para nos desligarmos do mundo. Após várias insistências do músico para chamar as pessoas para à frente do palco, foi, no entanto, o próprio a tomar a iniciativa e aproximou-se da ribanceira do palco para tocar 100% acústico, sem delays, sem efeitos, “Joana”, stepping stone para uma dose de melodias sensíveis e notas musicais a soltarem-se na calmaria e no escuro reconfortante.

Nota de destaque para os momentos de apresentação de dois temas: “Dusty Blues”, surgido no seguimento de um recente acidente rodoviário que o cantautor teve a infelicidade de presenciar na primeira pessoa e servido agora como epifania para a conclusão desta bela canção, com denotação de alguma influência de camadas mais ambientais de uns Godspeed You!Black Emperor; “1992”, um clímax de uma autêntica fusão entre o romance e a alegoria, uma experiência loucamente bem sucedida e contagiante através da junção milimetricamente equilibrada de camadas e camadas de sons feitos única e exclusivamente a partir de uma guitarra e uma loopstation.  








A terminar hora e meia de concerto antes de passar para trás da mesa de mistura (houve Smiths a pedido e tudo), reserva para a harmoniosa “Monica II” - se há coisa que nos podemos orgulhar é da qualidade da música nacional e da sua respectiva afirmação.
Nesta noite, estes dois atributos formaram a premissa cada vez mais real deste one-man band!




João Ribeiro
Fotografias por José Vidal 




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