domingo, 25 de maio de 2014

FRANKIE CHAVEZ - ENTREVISTA

"Heart & Spine" é o segundo disco da carreira de Frankie Chavez, músico e compositor que não tem parado, sobretudo, desde que a estreia com "Family Tree" o estabeleceu definitivamente como um dos nomes a seguir para os próximos anos no que à música portuguesa diz respeito. Saltando de vez para o que o futuro reserva e olhando o caminho já percorrido, resolvemos colocar algumas questões a Francisco Chaves, não mais marketeer mas sim músico, a tempo inteiro.




BandCom (BC): Se conseguisses descrever o quanto a tua vida mudou nestes últimos anos, como o farias e o que destacarias? Continua a haver grandes surpresas no desenrolar da tua carreira?


Frankie Chavez (FC): A minha vida mudou radicalmente desde o final de 2012 para cá. Antes disso trabalhava em marketing, tinha um horário e tocava quando conseguia. Os fins de semana eram passados a tocar no estúdio ou fora de Lisboa em concertos. Depois de Outubro de 2012 passei a dedicar-me apenas à música.
Além disso, tive um mais um fiilho em 2013. 

Eu penso que o bom da vida é a imprevisibilidade, portanto espero sempre ter surpresas e conseguir mostrar surpresas a quem me ouve e segue o meu trabalho.



BC: Muito se ouve falar do Frankie Chavez, mas “Heart & Spine” é apenas o segundo disco de originais, o terceiro se contarmos também com o primeiro EP. Os concertos ao vivo e o sucesso das canções do “Family Tree” foram decisivos para ganhar tempo para desenvolver novas canções?

FC: Na minha opinião os concertos ao vivo são sempre uma oportunidade que uma banda tem de mostrar algo mais vivo do que um disco. Eu toquei o mais que pude para mostrar a minha música num formato ao vivo. Penso que isso poderá ter suscitado algum interesse.


BC: Quais são as grandes linhas-mestras, as maiores fontes de inspiração para este novo “Heart & Spine”? Há aqui efectivamente um Frankie Chavez mais forte, mais ligado à corrente?

FC: Sim. Senti que tinha deixado de lado uma parte importante da música que oiço e que gosto de tocar e que ainda não tinha tido possibilidade de a colocar em disco, que é o lado mais elétrico. Neste disco quis explorar a electricidade, digamos.
Por outro lado estes últimos anos levaram-me a criar temas mais fortes, pelos tempos conturbados que vivemos e pelo facto de ter criado esta linguagem mais rock ao tocar em duo com o meu amigo João Correia. No entanto as linhas que cosem este disco são o folk, rock e blues



BC: Porquê a “Fight” para primeiro “single”?

FC: O "Fight" foi o último tema a ser escrito. É um tema que fala da persistência e do processo de criação do disco e das dificuldades de o editar. Penso que é o tema que resume o sentimento geral do disco. 





BC: “Sweet Life”, “Heart & Spine” e “Don’t Leave Tonight” foram canções entretanto disponíveis para quem efectuou a pré-compra do disco no iTunes. Achas que a sua escolha e disponibilização, supondo que possa ter seguido algum critério mínimo, aguçam mais o apetite para o disco por irem na continuidade da “Fight” e do teu trabalho anterior ou, pelo contrário, porque vêm demonstrar uma outra faceta tua?

FC: São 3 temas que mostram um pouco o espectro do disco. Do doce ao lado mais amargo penso que era uma amostra equilibrada.


BC: Temos também visto o Frankie Chavez a tocar e a colaborar noutros projectos, como é o caso dos Tape Junk. Para além de uma experiência diferente, tem sido também inspiradora? 

FC: Claro. Tape Junk são como irmãos e são todos excelente músicos. O João Correia é meu baterista e eu sou guitarrista dele em Tape Junk. Melhor é impossível. E é óptimo poder abordar a guitarra de outra maneira (num formato de banda) e aprender outro tipo de harmonias e de formato de canção. 


BC: Em “Heart & Spine” alguns dos artistas com que tens colaborado juntaram-se agora para ajudar na finalização do disco. Estas participações vêm completar alguma ideia do Frankie Chavez ou tratam-se de participações que influenciaram a forma como algumas canções ficaram no disco?

FC: A prestação destes meus amigos com quem colaborei influenciou o resultado final dos temas, senão não os teria convidado. Aquando da composição das músicas pensei que elas ganhavam com a prestação de este ou aquele músico. E o resultado final não teria sido atingido sem eles.


BC: Compor temas para uma banda-sonora – falando aqui do documentário “ZON North Canyon” – agradou-te?

FC: Muito. Adoro musicar imagens. É um processo diferente do da criação de um tema quando não há imagens envolvidas. Quando há um filme, ou um role de imagens ou um conceito, esse acaba por ser o catalisador que leva à composição do tema. E eu adoro esse processo. Adoro "embalar" as imagens ou deixar que elas me levem.




BC: Um dos méritos do Frankie Chavez e do seu desenvolvimento a solo está também nas versões que conhecemos. Há alguma que recordes com especial atenção e, por outro lado, alguma outra que ainda esteja em carteira ou pensada para desenvolver?

FC: Gosto muito do "Dust My Broom". Em tempos fiz parte de uma turminha convidada pelo Fred Ferreira que fez um tributo a Prince. Deu-me imenso gozo desconstruir o "Sign of the Times" e recriá-lo à minha maneira. Possivelmente será uma hipótese.


BC: Durante este tempo tiveste a oportunidade de tocar em pelo menos dois eventos bastante dedicados e/ou direccionados a um público mais atento e até especializado: Westway VIVA Lisboa e Eurosonic. Embora não sejam comparáveis em dimensão e em alguns dos seus objectivos, que lugar tem ou pode ter a música portuguesa neste tipo de eventos?

FC: No Westway as bandas portuguesas têm um lugar principal pois se não me engano apenas lá foram bandas portuguesas. No Eurosonic há bandas de toda a Europa e não só. No entanto penso que hoje em dia Portugal tem bandas com muita qualidade e que estão ao mesmo nível de tudo aquilo que vi quando fui a Groningen. Talvez algumas até estejam num nível superior. 


BC: A internacionalização é difícil?

FC: É dificil porque requer muito trabalho e investimento por parte das bandas. Isto porque apenas agora - e através da AMAEI (Associação de Músicos, Artistas e Editoras Independentes) - é que existe um export office que pode apoiar as bandas no seu processo de internacionalização. Antes disto as bandas que queriam internacionalizar-se tinham que fazer tudo sozinhas. No entanto tem que haver por parte das bandas muita vontade e persistência para apresentarem a sua música a outros países.


BC: Quanto às opiniões e comentários às tuas actuações noutros países, diferem muito do grau de aceitação do público e crítica portuguesas?

FC: Penso que noutros países - como Itália - as coisas aconteceram mais rapidamente. E saíram críticas sobre os discos e sobre os concertos. Cá demorou uns anos até ter saído a primeira crítica.


BC: Não vemos o Frankie Chavez a tocar sempre em salas de concertos típicas e até já tocaste, por exemplo, em restaurantes. Como diria Edward Sharpe com os Magnetic Zeros “home is wherever I’m with you (=público)”? No sentido em que Portugal não é um país tão grande e com tantas salas de concertos, pode-se dizer que é uma necessidade que se torna num prazer?

FC: Sim, eu acho que qualquer sítio pode ser palco para um concerto, desde que haja o vibe certo. Já toquei em Salvaterra do Extremo em cima dum fardo de palha e num festival na ilha de Santa Maria, nos Açores, com vista para uma praia linda. É uma questão do vibe certo.





BC: Com que datas podemos contar para ver o Frankie Chavez ao vivo (para além dos concertos no Rock in Rio 2014 e no festival Super Bock Super Rock)? Mais concertos no estrangeiro ainda este ano, depois de Alemanha e Itália nestes últimos meses, ou já só no próximo ano?

FC: Voltarei a Roma dia 30 de Maio e está a montar-se uma tour para Itália para Julho. 


BC: Quando consegues ter tempo para “surfar”, qual é a banda-sonora do Frankie Chavez?

FC: Depende. Ultimamente tem sido Band of Skulls.



André Gomes de Abreu




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