segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O SALGADO FAZ ANOS... FEST!, 25/01/2014 - REPORTAGEM



Salgado é Stereoboy e convidou a cidade do Porto (e não só) para fazer parte da “O Salgado faz anos… FEST!”, a segunda edição deste festival de anos que aconteceu no Maus Hábitos. Longe da típica versão onde tudo o que importa é comer/beber, desta vez foi a audição o sentido escolhido para acompanhar a longa mesa de convidados confirmados na tão esperada noite de 25 de janeiro.

Mais que Luís Salgado pelo dia do seu nome, desde cedo se sentiu que a música portuguesa estava igualmente de parabéns não apenas pelo próprio aniversariante fazer parte dela, mas também por se associar através dos seus artistas a eventos onde a cultura e convívio, além da própria, se respiram. E cedo se evidenciou tudo isso enquanto Branches abria o segundo palco, deixando entre conversas de quem já se encontrava pelo local um pouco de experimentalismo com toque ambiental. Já Cadeira Eléctrica (no primeiro palco) traziam, por sua vez, sonoridades que se poderão tornar ainda mais interessantes no futuro.

Mas o primeiro concerto a valer principal destaque acabou por acontecer às 23h00 quando Coelho Radioactivo, cantautor aveirense, pisou o palco da sala dois. Destaque para a melodia ruidosa e etérea da guitarra logo a abrir a atuação com uma plateia que parecia estar a descobrir o tenro artista e onde se revelavam alguns sorrisos com o decorrer de cada faixa. Entretanto Dear Telephone já tinham soltado os primeiros acordes, mas porque o Coelho tinha justificado a estadia por tempo prolongado chegou-se a meio das baladas de "Taxi Ballad". Numa sala mais composta do que a anterior e com pouco espaço para respirar, o que se pôde comprovar a partir da porta dos fundos e pela observação do público foi um bom momento, como a banda nos tem vindo a habituar.


Não se ficou muito tempo, já que entretanto LASERS entraria às 00h00 e tinham prometido mundos e fundos sobre o que se ia passar, o que efetivamente acabou por acontecer. O “Ei, eu conheço isto” seguia-se a cada sample usado e convidava ao pé de dança. Da outra sala já se ouvia ao fundo os barcelenses The Glockenwise no intervalo de cada música de LASERS, mas a lotação esgotada impediu de averiguar o que por lá se estava a passar. Rastos de “Leeches” eram escutados à porta, e esse é o único registo além da aprovação daqueles que entretanto saíram da sala no final por não quererem ficar no seu incómodo ambiente abafado à espera de Black Bombaim.

Antes mesmo destes, seria a vez dos Ermo proporcionarem outro momento de atenção. Depois de editado "Vem Por Aqui", um dos discos de revelação de 2013, a banda trouxe alguns presentes a Stereoboy. Passando por "Súcubo" com a sua narrativa crua de tanta natureza humana ou "Pangloss" e a sua carga irónica sobre amanhã tudo correr pelo melhor, foi com a já característica presença de palco que António despertou a curiosidade sobre o conteúdo do grupo ao público que o não conhecia ainda. De facto, mesmo quando o som não é o melhor (e não foi o melhor), nada como ter o artista que tem a verdadeira certeza daquilo que pretende transmitir e o assume em qualquer expressão corporal que desenvolva sobre isso. 

Seguiu-se então o momento Black Bombaim, que ficou marcado pela estreia de algumas malhas novas entre aquelas a que a banda já nos vem habituando, sempre com a sua complexidade sonora e energia ruidosa, numa sala esgotada com muitas pessoas à porta para ouvir o que de melhor se faz em Portugal em rock psicadélico. 


E se o bolo tivesse sido já sido servido, sem dúvida 10 000 Russos fechariam o palco dois colocando a cereja no topo dele antes dos DJ sets. Atuação que mais destaque mereceu na festa de anos do Salgado, com bastante intensidade e onde se ouviu e comprovou que o EP homónimo funciona ainda melhor ao vivo. Quando o público também já não tinha mais opções de artistas a tocar para dispersar um pouco foi com naturalidade que a sala que até à altura ainda não tinha estado completamente cheia acabou por ajudar a construir o próprio ambiente propício à boa atuação.

E assim se foi acabando a noite, ainda com espaço para Os Yeah!, Blac Koyote, André Covas, André Gomes, daily misconceptions e Dj Pitchy animarem a pista de dança para os mais destemidos. Embora nenhum dos concertos tenha sido o demonstrativo real do que estes artistas conseguem fazer em palco (alguns duraram quinze/vinte minutos), com certeza que o Salgado começou da melhor maneira o novo ano da sua vida, permitindo também aos presentes no evento desfrutarem de uma pequena amostra. E mesmo não havendo o tal demonstrativo real, pelo menos pairou no ar o possível potencial para aqueles que ainda não se afirmaram completamente no panorama musical português.


João Gil

Fotografias por Hugo Magalhães




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