segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Putas Bêbadas - Jovem Excelso Happy (2013, Cafetra Records)

Título: Jovem Excleso Happy
Edição: Novembro de 2013, Cafetra Records
Classificação final: 7.5/10

A Cafetra Records é uma editora discográfica que, embora seja muito recente e constituída por gentes bastante jovens, já solidificou o seu próprio legado e já se auto-patenteou: produções de discos sempre intimidadas com a lo-fi, construções de muralhas infindáveis de distorção através das guitarras e lirismos que nos achegam à lembrança tempos idos de uma adolescência que tem tanto de despreocupada como de problemática.

Jovem Excelso Happy é a nova produção da Cafetra, num disco que tem a assinatura de Putas Bêbadas. O pensamento, já cliché, que estamos a ouvir um disco da editora que sustenta nomes como Pega Monstro, Os Passos em Volta ou Éme permanece: a produção mantém a sua fiel aliança com a baixa fidelidade, o que ajuda e serve de catalisador para que os processos criativos da guitarra, quase sempre a confluírem com distorções pouco amigas dos ouvidos (no bom sentido).

A componente vocal de Jovem Excelso Happy facilmente nos remeteria para um disco shoegaze: as vozes são constantemente abafadas, regaladas claramente pela produção para segundo plano, o que confere mais volume e corpo ao trabalho de guitarra em si. Além disso, não se percebe puto do aqui se diz; talvez seja essa a intenção, mas no fim de contas não percebemos que língua este jovem fala e acaba sempre por ser importante numa qualquer relação com outro alguém saber de onde ele provém e quais as suas origens.

E se do ponto vista lírico não existe quase nada a dizer, o que se vê como ponto mis negativo do disco, sabe-se, a priori, que as origens de Jovem Excelso Happy e das Putas Bêbadas se prendem sobretudo à noise, quer seja ela num campo mais ligado ao rock quer seja ela num campo mais abstracto: “Long Live The Mullet”, uma autêntica chuvada e elucidação de que se pode fazer um barulho não muito volumoso, mas doloroso (outra vez no bom sentido) acaba por ser uma espécie de compêndio daquilo tudo que este jovem prega: desde os níveis mais entrópicos de “Gonorreia” à calma, que se urgia, de “Ladies das Olaias”: há qualidade e promessas, o tempo tratará ou não de as fazer cumprir; quiçá estas putas deixem de ser bêbedas e passem a acompanhantes de luxo.

Emanuel Graça




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