Título: Jovem
Excleso Happy
Edição: Novembro de 2013, Cafetra Records
Classificação final: 7.5/10
A Cafetra Records é uma editora
discográfica que, embora seja muito recente e constituída por gentes bastante
jovens, já solidificou o seu próprio legado e já se auto-patenteou: produções
de discos sempre intimidadas com a lo-fi,
construções de muralhas infindáveis de distorção através das guitarras e lirismos
que nos achegam à lembrança tempos idos de uma adolescência que tem tanto de
despreocupada como de problemática.
Jovem Excelso Happy é a nova produção da Cafetra, num disco que tem a assinatura
de Putas
Bêbadas. O pensamento, já cliché, que estamos a ouvir um disco da
editora que sustenta nomes como Pega Monstro, Os Passos em Volta ou Éme permanece: a produção mantém a sua fiel
aliança com a baixa fidelidade, o que ajuda e serve de catalisador para que os
processos criativos da guitarra, quase sempre a confluírem com distorções pouco
amigas dos ouvidos (no bom sentido).
A componente
vocal de Jovem Excelso Happy
facilmente nos remeteria para um disco shoegaze:
as vozes são constantemente abafadas, regaladas claramente pela produção para
segundo plano, o que confere mais volume e corpo ao trabalho de guitarra em si.
Além disso, não se percebe puto do aqui se diz; talvez seja essa a intenção,
mas no fim de contas não percebemos que língua este jovem fala e acaba sempre
por ser importante numa qualquer relação com outro alguém saber de onde ele
provém e quais as suas origens.
E se do
ponto vista lírico não existe quase nada a dizer, o que se vê como ponto mis
negativo do disco, sabe-se, a priori,
que as origens de Jovem Excelso Happy
e das Putas Bêbadas se prendem sobretudo à noise, quer seja ela num campo mais ligado ao rock quer seja ela
num campo mais abstracto: “Long Live The Mullet”, uma autêntica chuvada e
elucidação de que se pode fazer um barulho não muito volumoso, mas doloroso
(outra vez no bom sentido) acaba por ser uma espécie de compêndio daquilo tudo
que este jovem prega: desde os níveis mais entrópicos de “Gonorreia” à calma,
que se urgia, de “Ladies das Olaias”: há qualidade e promessas, o tempo tratará
ou não de as fazer cumprir; quiçá estas putas deixem de ser bêbedas e passem a
acompanhantes de luxo.
Emanuel Graça
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