quinta-feira, 3 de outubro de 2013

DAYS OF JULY - ENTREVISTA

Os Days of July, banda bracarense formada em Outubro de 2012 composta por Joana Jorge, na voz, João Figueiredo, no baixo, Ana João, na bateria, Francisco Carvalho e Jorge Cruz nas guitarras, são um misto de música indie, pop e post-rock. Juntos, pretendem levar-nos aos dias mais calorosos e coloridos do verão, tornando qualquer ambiente numa atmosfera feliz e motivadora.




BandCom (BC): Como e quando surgiu a ideia da formação de Days of July?

Days of July (DoJ): Surgiu quase por coincidência. No início do ano passado, o Figas e a Joana calham de se conhecer num sarau cultural de que ambos fazem parte enquanto músicos. Em conversa de café, reparam no quanto têm em comum no campo musical, quer em termos de gostos, quer em atitude geral para com a música e com o music business.
Já amigos, seguem mais ou menos as passadas musicais um do outro até ao início do verão, altura em que o Figas faz um tema instrumental onde já se figura a linha geral do que é a sonoridade dos Days of July hoje. Depois de o mostrar à Joana e de o discutirem juntos, surge aí a vontade de tornar a ideia num projecto sério.
Perto do final do verão, juntam-se com a Ana João (baterista) – que ambos conhecem por motivos diferentes – e após alguma jam, fazem a base daquele que viria a ser o primeiro tema do grupo, "Stole It Away".
Durante os meses seguintes, e com algumas trocas de alinhamento pelo meio, juntam-se a eles o Francisco e em seguida o Jorge, ambos nas guitarras.


BC: Os membros componentes da banda já tinham participado noutros projetos antes?

DoJ: O Figas vem de um background mais “pesado”, entre o rock e o metal. Passou pelos La Resistance, Pyroscaphe e, finalmente, CrápulaO Francisco vem do rock dos Stolen e o Jorge do post-rock dos Imploding Stars.
A Joana e a João são estreantes das bandas de garagem, mas nem de longe nem de perto vêm do zero, sendo que ambas fizeram já parte de vários pequenos projectos musicais e de teatro.


BC: E como foi o desenvolvimento pessoal de cada um até chegarem ao que são hoje?

João Figueiredo (Figas): Eish... bom, fora quinhentas outras coisas, penso que as mais relevantes foram duas: a minha progressão de baixista a produtor, visto que DoJ é a primeira banda onde não visualizo apenas linhas de baixo, mas antes músicas inteiras, com principio, meio e fim e, em segundo lugar e não menos importante, a primeira banda onde me relaciono intimamente com cada tema, de uma forma extraordinariamente sentimental. Nunca tinha, até à data, exposto tanto de mim na minha música como agora.

Francisco Carvalho: Quando tinha 10 anos, o meu padrinho, que é uma espécie de ídolo para mim, deu-me uma guitarra acústica que ele tinha e disse-me: "toma lá, acho que lhe vais dar mais uso". Aos 12 anos descobri os primeiros acordes sozinho: era algo que “arranhava” a "Zombie" dos The Cranberries. Com 15 anos tive a minha primeira banda - sinceramente prefiro guardar o nome para mim…
Aos 17 comecei uma banda que eram os Table Town - também devia ter guardado este nome para mim. Vieram os Stolen, com quem pisei umas dezenas de palcos, fiz uma tour pela Europa e aprendi montes de coisas. Depois (não que os Stolen estejam desaparecidos) vieram os Days of July e os Imploding Stars, com quem tenho um trabalho musical “activo” neste momento. Aprendi muito a ver bandas, a ver o que as bandas underground fazem, como se “mexem”. Aprendi a errar também muitas vezes e hoje tenho a perfeita noção de que sei muito pouco mas faz parte do crescimento como músico. Quanto mais bandas vês menos achas que sabes, há pessoas mesmo incríveis e talentosas!

Jorge Cruz: O meu desenvolvimento enquanto músico foi muito simples. Comecei a tocar guitarra eléctrica sozinho e fui fazendo uns covers sozinho, porque é assim que se começa. Passando essa fase, criei uma banda, os Imploding Stars, aí fui criando músicas e a banda foi sofrendo alterações e de estilo, até culminar no post-rock. A partir daí, fui convidado a fazer parte dos Days of July e foi uma enorme emoção. Eu já acompanhava a banda antes e achava-a muito interessante e colorida. Estou a adorar este novo momento da minha vida onde estou a crescer imenso como músico.

Joana Jorge: Comecei a ter aulas de formação musical aos 6 anos, onde rapidamente descobri que adorava cantar. As minhas professoras viram potencial em mim e colocavam-me sempre como a solista do grupo, pelo que, desde cedo, adquiri capacidades para estar em público. Aos 7 anos, gravei um CD na Mozart com músicas infantis, no qual eu era a cantora principal. Aos 10 anos, saí da companhia musical onde me encontrava e não obtive formação musical até aos 17 anos, quando a minha ex-professora de canto referiu ser importante eu aprender a colocar a voz e a respirar adequadamente, de forma a não danificar as minhas cordas vocais. Aí, com a voz mais madura, entrei para aulas de canto novamente e participei num concurso televisivo de talentos, no qual cheguei à semi-final. Utilizei esse programa como meio para ultrapassar o pavor do público que adquiri ao atingir a adolescência e também como rampa de lançamento para poder ter o à vontade para ter uma banda de rock, como sempre quis. Sempre quis ser uma vocalista de rock, por muito que a minha voz soe a blues e a soul, porque é o estilo musical com o qual me identifico mais. Os Days of July são o primeiro projeto em que estou a desafiar o meu próprio instrumento a sair da sua zona de conforto e a ultrapassar os vibratos e as meninices que muitas vezes uma vocalista feminina pode ter na voz.
Desde Outubro de 2012 – data de início da banda –, que tenho vindo a tentar tornar as minhas linhas vocais mais simples, de forma a me enquadrar melhor numa banda deste estilo, mas nunca escondendo a essência da minha voz. Tenho também escrito letras que nunca pensei vir poder a escrever, pois em Days of July posso dar asas à minha imaginação dentro de um espetro mais profundo de emoções. Trabalhar com esta banda está a ajudar-me a ser mais indie e menos pop e a transformar a ideia que se tem desse estilo nesse estilo em si mesmo. Para além disso, estou a aprender a trabalhar em grupo e a lidar com virtudes e defeitos de artistas que, como eu, só querem singrar na música. Estamos juntos nisto e estamos a adorar.

Ana João: O meu principal desenvolvimento enquanto baterista aconteceu quando entrei para os Days of July, porque nunca tinha tocado bateria antes em nenhum projecto. Quando entrei para a banda só tocava bateria há 1 ano e tocar com outros músicos tem-me ajudado a evoluir. Também toco guitarra e ajudei a compôr algumas das músicas que fazem parte do nosso reportório.


BC: Como é que escolheram o nome para a banda: Days of July? O que é que pretendem transmitir com este nome?

DoJ: Quando começámos a ensaiar juntos, ainda não tínhamos decidido que nome atribuír à banda, mas sabíamos que pretendíamos algo que remetesse para um mundo colorido. Depois de nos terem surgido vários nomes à ideia, acabou por ser consensual o nome Days of July, por considerarmos que reflete tão bem aquilo que queremos transmitir com a nossa música; desejamos ter uma sonoridade que leve os nossos ouvintes a viajar através de um mundo cheio de emoção, de cor e da frescura própria do verão, com paisagens estonteantes, como quando o sol se põe e o céu está copiosamente cor de rosa, porque a música para nós é isso mesmo.




BC: A música “Stole It Away” já passa nas rádios nacionais. Qual foi a sensação de ouvirem o vosso primeiro single a ter tanta projeção?

DoJ: A música "Stole it Away” foi a primeira que compusémos e o seu aperfeiçoamento acompanhou as alterações que a banda foi sofrendo até ter os seus elementos atuais. Quando percebemos que o tema estava “no ponto”, após vários ensaios e algumas mudanças no bridge bem como na duração da música, achámos que estava perfeito para ser o nosso primeiro single e que tinha todo o potencial para passar na rádio. Ficámos muito satisfeitos quando o Henrique Amaro da Antena 3 nos passou no seu programa Portugália. Foi um momento de grande emoção e surpresa para nós, até porque o tema era apenas uma demo. Também a RUM nos passou no programa Português Suave, tendo apostado noutros temas, a “Childhood” e a “She”, o que nos fez sentir bastante realizados, uma vez que não queremos ser apenas uma banda de singles, mas que tem um reportório musical passível de ser ouvido na íntegra.


BC: Quais são as vossas principais influências internacionais?

DoJ: Não se pode dizer que nos assemelhemos a estes ou àqueles porque, de certa forma, consideramos ter um estilo original. Porém, as nossas influências serviram-nos de referência para chegarmos à sonoridade que queríamos atingir. Os Explosions in the Sky e os And So I Watch You From Afar são talvez as bandas que mais nos acompanham no nosso dia-a-dia e que nos emocionam e inspiram na composição de músicas e na escrita de letras (o que é irónico por serem bandas com voz quase inexistente). Os próprios Coldplay acabam por ser uma influência para nós pela cor e pela energia e brilhantismo harmónico, que se reflete nos delays de guitarra que tentamos impôr nas nossas músicas. Pensamos que nos situamos no indie, às vezes rock, outras vezes pop mas, sem sombra de dúvida, com influências e ambiências post-rock.


BC: E nacionais? Com que é que mais se identificam?

DoJ: A nível nacional, fomos beber uma certa inspiração aos Memória de Peixe e procuramos ter uma alegria e boa disposição semelhantes aos Long Way To Alaska e aos Salto.


BC: Têm tido muitos concertos? Como tem sido o feedback do público?

R: Desde Maio até agora, demos cerca de 11 concertos, tendo sido a maior parte deles no verão e dois nos “Dias de Julho” . Apesar de tocarmos há pouco tempo, já passámos por sítios como o Hard Club, no Porto, o GNRation, em Braga e o festival bracarense “Ponte Party People”. Como é natural, fomos evoluindo e ganhando uma maior experiência e melhor postura em palco, ao longo destes meses. Tem sido surpreendente o feedback que temos recebido do público. Tivemos alguns concertos que nos marcaram particularmente, em especial o que demos no GNRation, na nossa terra mãe, que permanecerá eternamente na nossa memória, pois o espaço encheu sem que estivéssemos à espera.




BC: Pretendem lançar um EP ou um disco brevemente?

DoJ: Em Outubro ainda vamos dar alguns concertos mas, assim que estes terminem, faremos uma pausa para gravar. Escolhemos um EP e não um LP por considerarmos que, apesar de termos músicas suficientes para um álbum, nem todas elas têm a força que pelo menos 5 delas possuem. Estamos ansiosos por esta nova etapa e por termos um disco na mão, que decerto nos trará mais visibilidade e uma maior auto-estima.


Catarina Bessa




0 comentários:

Enviar um comentário

Twitter Facebook More

 
Powered by Blogger | Printable Coupons