quarta-feira, 25 de setembro de 2013

AL FUJAYRAH - SHANTI SHANTI (2013, Ed. Autor)

Título: Shanti Shanti
Edição: 08/2013, Ed. Autor
Classificação final: 8.7/10

Para quem não leu (quase ninguém, certo?), os Al Fujayrah foram um dos nomes mencionados como uma das grandes apostas musicais portuguesas para o futuro mesmo sem terem nada editado àquela data. Existiam somente pequenas amostras, porém suficientemente grandes para nos apercebermos que seriam um caso bastante interessante; primeiro, os ritmos arábicos da sua sonoridade são, arrisco-me a dizer, exclusivos no que à música nacional diz respeito. Segundo, o silêncio que compassava as suas músicas era algo que, tendo em conta a sua filosofia alicerçada entre o post-rock e uma stoner aligeirada, davam uma dimensão irreversivelmente diferente à sua música (um pouco ao encontro da essência de uns Slint, só que no fundo nada a ver). E em último, só tínhamos vontade de poder ouvir mais e mais.

Acontece que os “putos” decidiram ir ao Estúdio Sá da Bandeira, no Porto, gravar o seu primeiro registo. Shanti Shanti mostra-nos uma faceta diferente daquela que o trio prometera: as guitarras acústicas já quase não existem, a sua música está mais robusta, preenchida, barulhenta. Os vazios sonoros estão mais ocultos (“culpa da produção”), mas continuam a lá estar assim como a máxima que a sua sonoridade é comandada por riffs brilhantes – é, sem dúvida, no trabalho de guitarra que os Al Fujayrah ganham. Não vos vou mentir: confesso que gosto muito mais de uns Al Fujayrah em modo menos electrizante, mais acústicos e cientes que é no silêncio das suas músicas que antecedem a habitué “explosão” que está a sua magia. Contudo, não dá para negar a viagem simultânea pelos seus dois mundos; e viaje-se a 8km/h ou a 80km/h, velocidade que se sente como constante em quase todos os desenlaces das suas composições, não há como dizer que ela não é boa.

A verdade é essa: Shanti Shanti é um disco que patenteia uma vertente mais post-rock do que qualquer outra coisa, porém sem as ambiências que, a priori, fariam as transições dos ritmos mais contidos até aos habituais crescendos – isso é bom: sabe bem encontrar, de vez em quê, um disco que se tente esquivar à previsibilidade do seu rótulo. Pelo meio dele, ritmos arábicos ou catalães, riffs pesados, batidas lentas (o ritmo do disco é globalmente lento) e um baixo que nos lembra a importância que a stoner teve na sua construção. No fim, recordamos um EP de estreia soberbo repleto de músicas excessivamente viciantes como “Tartaruga”, “Inverno na Catalunha” ou “Jihad”. Estes miúdos têm tudo para poderem triunfar e o triunfo não será um mero triunfo; será uma certeza de que quem faz por si sem recorrer a vitórias já atribuídas sente ainda mais o valor do triunfo.


Thanks to: Daniel Lopes, Jorge Carmo, João Vilar and all their friends and family.

Emanuel Graça




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