sábado, 13 de abril de 2013

DEOLINDA - MUNDO PEQUENINO (2013, Universal Music)






Sucessor de "Canção Ao Lado" (2008) e "Dois Selos e um Carimbo" (2010), "Mundo Pequenino" é o terceiro álbum de estúdio dos Deolinda. Ainda que com uma sonoridade mais sólida e adulta, a banda parece ter jogado pelo seguro, mantendo a qualidade e as temáticas a que nos habituaram. Dividido em 12 temas, "Mundo Pequenino" tanto nos põe a dançar, como nos canta músicas de embalar.


"Algo Novo" abre as hostes do disco, confiante de que “agora é que vai ser” e anunciando que “o melhor está para vir”. “Tendo ainda muito para contar”, os Deolinda começam o seu "Mundo Pequenino" em grande, com uma mensagem de esperança e positivismo.Segue-se "Concordância", tema que brinca com a língua portuguesa, tal como faz Miguel Araújo na sua "Autopsicodiagnose". Com a percussão, os sopros e o coro do refrão, "Concordância" remonta-nos para os Santos Populares.


A insatisfação pessoal e o desalento português aparecem subtilmente retratados em "Gente Torta", na história de alguém que “não gosta de si próprio”. O carácter interventivo da banda surge também em "Há de Passar", canção simples que canta o conformismo e a vontade súbita de mudar de vida, que sempre acaba por passar.
"Medo De Mim" é, ao mesmo tempo, dos temas mais densos e dos mais bonitos do disco. Num ritmo lento, faz-nos balouçar e suspirar sobre os nossos próprios medos.


Convidando-nos a “abanar a anca”, "Musiquinha" é uma forte candidata a segundo single. Sendo talvez o tema mais forte de Mundo Pequenino, é logo possível imaginá-lo a ser tocado ao vivo, já que, segundo a letra, mais vale dançar para espantar os males. A batida e a melodiosa voz de Ana Bacalhau juntam-se e formam um momento irrepreensível e marcante no disco. A partir do cliché de que os opostos se atraem, "Semáforo da João XXI" traz-nos uma letra bastante descritiva, com variadíssimas referências bibliográficas e geográficas, muito ao estilo do que a banda já nos acostumou, como, por exemplo, em Alvalade e as Portas de Benfica".
O que tem de ser tem muita força e "Seja Agora" tinha mesmo que ser o single de apresentação. Querendo pôr fim à cobardia, o lema “se é para acontecer, que seja agora” traz a esperança e a vontade de mudar que tantas vezes nos falta. Deveras, inspirador.





A voz de Ana Bacalhau é sem dúvida alguma das mais carismáticas do actual panorama da música nacional, mas caso ainda restassem dúvidas, os seus graves em "Pois Foi" e "Balanço" (a canção de embalar do disco, a fazer lembrar a calma de "Passou Por Mim E Sorriu" ou "Não Sei Falar de Amor") são provas provadas da sua beleza e afinação.
Pondo-nos a marchar rumo ao fim do disco, "Doidos" foge ao estilo do resto do álbum tendo um ar quase circense, abrindo as portas para "Não Ouviste Nada", o dueto com António Zambujo com harmonias vocais a roçar a perfeição.


Ao ouvir este disco, podemos constatar que a Deolinda está mais crescida, ainda que com os seus medos e insatisfações de sempre. Talvez o seu mundo esteja Pequenino por não ter arriscado tanto quanto podia ou devia.



Joana Andrade




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