sábado, 16 de fevereiro de 2013

CLUB OFFBEATZ #100 - REPORTAGEM

Todas as Quartas-feiras, no Musicbox, decorre o já conhecido Club Offbeatz mas esta semana foi diferente. Foi a centésima edição.
Para celebrar, subiram ao palco vários artistas e bandas que vieram apresentar covers e originais, numa promiscuidade de actuações que decorreram ao longo de quase 3 horas.

Esta edição abriu com Daisy, uma rapariga que parece ter sido tirada de uma banda rock dos anos 90. “Rid of Me” de PJ Harvey foi cantada e tocada com bastante agressividade e irreverência – e o que lhe por vezes lhe faltava nas notas, tinha sem dúvida em presença de palco e atitude. Tocou de seguida um original seu, “Vem agarrar o que é teu”, que apesar de não ser musicalmente brilhante, destaca-se por ter uma sonoridade original; algo que faz falta ao rock clássico português.


Seguiu-se o projecto Lobo Miau que apresentou uma versão de “Claqueur de Doigts” de Serge Gainsbourg e um original, num som mais western e também ao estilo de Mão Morta, acompanhado de uma bateria pesada e com muita presença. Talvez pela voz da vocalista, parecia haver uma influência dos primeiros passos dos Eurythmics.




Mudou-se o disco para o funk/blues rock dos The Ramblers: é inegável uma semelhança entre Rosie (a vocalista) e Amy Winehouse, tanto em voz como em estilo. Tocaram apenas um cover de Eric Clapton and Jeff Beck, “Shake Your Money Maker”, onde há a destacar a destreza de Richards na guitarra. Ganharam pontos não só pela adaptação da música como pela presença em palco (quem não bateu o pé, nem por uns momentos?).

Os artistas que seguiram faziam parte da Corvo Records e vieram tocar um cover do tão conhecido “Dare” dos Gorillaz – uma versão menos electrónica e cantada num tom mais grave, mas que ainda assim manteve o ambiente disco.

Enquanto se montava uma artilharia de 5 teclados para a entrada dos Savanna, o público sofreu um fenómeno de bipartição e preencheu todo o espaço que havia sobrado das actuações anteriores. Admito que não conhecia o trabalho destes rapazes, questionei-me se seriam assim tão bons – são, de facto. Vieram apresentar um original e um cover de José Cid (quem diria que este senhor, que toca música tão popular, tinha escrito um álbum de rock progressivo, ao nome de “10000 Anos entre Vénus e Marte”). Notaram-se influências de Pink Floyd naquelas guitarras carregadas de delay e teclas arpeggiadas, em ritmos que desafiavam o habitual da cena rock. Apesar de o nível de comunicação com o público ter sido próximo de zero, este foi, sem dúvida, a melhor actuação da noite.





Estava prometido ouvir-se um cover dos The Smiths por uma banda surpresa – não foi uma banda na verdade, mas o vocalista dos The Weatherman, que tocou uma versão acústica de “There Is A Light That Never Goes Out”. Esperava uma adaptação melhor, mas talvez seja por gostar demasiado da original. 
É curiosa (e irónica) a aparência dele, muito semelhante a Liam Gallagher (vocalista de Oasis e Beady Eyes), que costuma aparecer nos media a difamar qualquer outra banda para além da sua.

Alex D’alva Teixeira veio agitar o ambiente do Musicbox com um pop-rock bastante dançável, começando com um cover de “Irreal Social” dos Ban, muito bem conseguido, alternando entre a voz cantada e o falsete. “Homologação” cheirava a PAUS, especialmente na bateria, com ritmos acelerados e algo tribais que, misturados com as teclas, dava um bom argumento para um pé de dança. Alex tem uma voz limpa que, com um pouco de delay, fica na perfeição com as linhas electrónicas das suas músicas e mostrou-se muito à vontade em palco, o que também contribuiu para esta excelente actuação.

Já passava da meia-noite quando foi rodado, pela primeira vez, o novo videoclip dos Youthless com a canção “La Moustache”. Em termos musicais fiquei bastante surpreendido: um som mais pesado, ritmado, agressivo, um verdadeiro upgrade ao trabalho anterior da banda. Contudo, o vídeo não correspondeu ao nível da música, mostrando rituais algo ortodoxos em zonas emblemáticas de Lisboa facilmente reconhecíveis, mas que, aquando da entrevista, a banda preferiu não revelar (por motivos óbvios e compreensíveis).





Para terminar a noite: Feromona, mais uma banda com aquela sonoridade habitual do rock português que pouco tem mudado desde os anos 80. Apresentaram um original, “1991”, e adaptaram uma música dos Mão Morta, “Budapeste”.


Carreto

Fotografias por Catarina Abrantes Alves
(galeria completa  na nossa página de Facebook)




1 comentários:

Luís disse...

Perfeito, apenas aponto que a "shake your money maker" é um original de Elmore James e não de Clapton ou Jeff Beck ;)

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