segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

LÁ FORA, CÁ DENTRO #5 - ENTREVISTA COM FREDERIC DE CARVALHO

Frederic de Carvalho é um artista luso-francês residente nos arredores de Paris. DJ, label manager, Frédéric tenciona editar em 2013 um álbum retropetivo. As suas inspirações, os seus maiores feitos, a sua experiência enquanto label manager da Absolut Freak Records: Frédéric conta-nos tudo.






BandCom (BC): Quem é hoje Frederic de Carvalho ? O DJ, o label manager ? Quais são as tuas influências ? Como nasceu a tua paixão pela música ?

Fréderic de Carvalho (FC): Desde muito jovem quis ser DJ, adorava dance music. Depois de ter adquirido as minhas primeiras turntables na adolescência, quis muito rapidamente lançar-me na produção. Em 2006, decidi criar a minha primeira editora, depois de ter trabalhado dois anos noutra. Ultimamente, tenho-me concentrado mais na minha própria carreira, na produção e também no deejaying.

BC: Fala-nos da tua experiência a solo. Como conseguiste o destaque na categoria « música electro » no site Deezer ?

FC: Isso foi graças às editoras onde assinei. São elas que gerem a minha promoção. A Boxon Records conseguiu pôr o meu single "Pod-o-logy" na "top page" do Deezer.

BC: Caracol, inspiração africana ?

FC: Tenho seguido de perto a cena electro-tropical, da Man Recordings à Mad Decent, e costumo fazer algumas incursões nesses estilos. E até comecei por "mixar" tecno tribal há 12 anos.

BC: Como definirias o teu estilo ?

FC: É uma espécie de electro freaky, que se baseia essencialmente no meu percurso, mas também em ambientes 8-bit, rítmos funkys ou ainda melodias dos anos oitenta.

BC: Como te sentes quando atuas em Portugal ?

FC: Não aconteceu muitas vezes… mas é sempre bom atuar lá, é uma espécie de regresso às origens.

BC: Quais são os artistas que mais te inspiram ? Com quem sonhas atuar ?

FC: Inspiro-me de tudo um pouco, de tudo o que me rodeia, desde a pop cultura da MTV à tecno de Detroit. Já tive a sorte de poder colaborar com alguns dos meus ídolos como Laurent Garnier ou David Carretta. O meu sonho era ter feito algo com o Michael Jackson. RIP…






BC: Já trabalhaste com outros lusodescendentes ?

FC: Podia citar o Play Paul, nome de artista do Paul Homem Cristo, também irmão de um dos Daft Punk e que tem origens portuguesas. Atuei com ele no Plano B no Porto, nunca me esquecerei desse momento.

BC: Que lugar ocupa a tua editora Absolut Freak Records no panorama da música electrónica francesa ?

FC: Bem, foi uma das últimas editoras electro a produzir vinyl em França. Mas pelo seu catálogo e pela notoriedade além-fronteiras, a Absolut Freak nunca foi assimilada à cena francesa. Hoje, a atividade está em stand-by, num setor mais digital que me seduz menos.

BC: Já agora, quais são os teus artistas mais consagrados ?

FC: O mais popular é o Popof, que é hoje conhecido e reconhecido internacionalmente. Também tenho muito orgulho em ter o Adam Sky, autor do célebre hit « Killer » com o Seal no início dos anos 90. Uma legenda viva.

BC: Fala-nos um pouco dos teus concertos – e dos concertos dos teus artistas – pelo mundo.

FC: Esta atividade permite-nos, felizmente, viajar imenso. No que me diz respeito, podia falar-te da minha primeira atuação pública no Rex Club em Paris em 2001 (começar no templo da tecno em França, um sonho que se tornou realidade, não sem alguma pressão e uma boa dose de stress.) Também me lembro de uma bela noite da Absolut Freak no Social Club em Paris com Tiga, de uma noite de ano novo estupenda em Leipzig na Alemanha, de uma data em Madagáscar muito enriquecedora a nível cultural…

BC: Tens recebido elogios de artistas como StereoHeroes, Diamond Bass, Xinobi, Dj Manaia, Steve Aoki…

FC: Fazem parte das pessoas que me apoiaram aquando das saídas dos projetos da minha editora. Fazemos um pouco parte da mesma rede.

BC: Também estás baseado em Freamunde/Paços de Ferreira...

FC: Tenho lá a minha segunda residência. A minha família toda é de lá.

BC: Colaboraste com artistas portugueses ?

FC: Alguns dos maiores atores da cena electrónica portuguesa já me remixaram. O Xinobi, o Zombies for Money, Expander, Zentex…




BC: Como vão as finanças da tua editora ?

FC: Nunca pude viver do meu trabalho na editora. Gastei bastante mesmo… Até podia ter ganho mais se tivesse lançado a coisa cinco anos mais cedo mas cheguei quando o mercado do vinyl estava em plena caída… A Internet mudou muita coisa. Os miúdos já não vêem a música como algo que se paga mas isso também lhes facilitou de uma certa forma o acesso à cultura. As redes sociais permitem atingir mais gente, mas tudo se tornou também numa selva concorrencial. Não quero parecer old-school, mas sinto falta dos discos com belas capas. Aliás, tenciono editar um disco para 2013…

BC: Que lugar ocupam Portugal e França na música electrónica para ti ?

FC: A França é forte, sobretudo graças à cena parisiense, un pouco exclusiva, quase protecionista mas consegue exportar-se na mesma. Em Portugal, há menos artistas que saem do país mas existe uma cena dinâmica em plena expansão, com artistas como os Buraka Som Sistema ou a team da Discotexas a mostrar o caminho…

Mickaël C. de Oliveira




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