Que seria de esperar de uma banda cujos membros fazem parte
de grandes nomes como If Lucy Fell, Men Eater e Paus? Algo tão bom como Riding
Pânico. Estes lisboetas mostram que a música nacional tem qualidade e
personalidade, escrevendo post-rock como gente grande.
A sua discografia é ainda muito pequena, tendo apenas um EP
homónimo de 2007 e um álbum, Lady Cobra, do ano seguinte, cuja crítica se segue
nas próximas linhas.
Para começar, uma questão: E se a bela for o monstro? São quase 7 minutos de reflexão, onde
guitarras carregadas de echo e reverb mostram que é tudo uma questão de perspectiva.
Ao final da primeira música, é inegável a semelhança da sonoridade com os The
All Star Project – no entanto, não carecem de originalidade e identidade
própria.
One Winged Cessna tem um registo mais lento e
introspectivo, com percussão simples e efeito trémulo nas guitarras, abrindo
caminho para Naja, uma peça de piano
num quadro pós-guerra com distorção e efeitos a anunciarem violência nas faixas
seguintes – mentira: Roses and Razors mostra-se
melancólica e algo nostálgica, ganhando progressivamente ritmo e uma sonoridade
mais próxima do metal. Volvo (cujo
nome dificilmente estará relacionado com o automóvel ou a urgência médica)
continua pesado e negro, lembrando os If These Trees Could Talk.
Para que não haja pesadelos à noite, Lady Cobra termina com
mais uma peça de piano, Áspide,
triste mas prometendo alguma paz depois de faixas intensas, suadas e sofridas.
É um álbum coeso e afirma a qualidade da banda, com percussão
polirrítmica que progride de passos lentos para sequências furiosas,
acompanhado de várias linhas de guitarra que dispensam qualquer tipo de vozes
para cativar os fãs da cena rock nacional.
Luís Carreto
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