quarta-feira, 13 de junho de 2012

Birds Are Indie @ SOU-Movimento e Arte, Lisboa, 8 Junho - REPORTAGEM



Os Birds Are Indie, ou Joana e Jerónimo, fazem questão de não se assumirem como músicos profissionais. Num país onde é difícil viver-se em exclusivo da música que se faz, o profissionalismo e arte, arrisco dizer, estarão em todos os que ousam criar e fazer coisas novas, diferentes ou não consoante o ouvinte assim ache.

"How Music Fits Our Silence", o disco que os Birds Are Indie lançaram este ano, está neste momento à minha frente na secretária, inquieto e revolto como tão bem um presente de aniversário ainda não consumido por completo se ocupa de nos ocupar e de nos interrogar sobre que dias são estes em que se vive.
Foi por isso com muito interesse que, sabendo ao que ia, os vi na passada Sexta-feira. Ao seu lado tocou também Henrique Toscano, e os três estavam num palco improvisado, pequeno, de frente para uma sala bem preenchida, onde havia chouriço assado e almofadas no chão para improvisar um local alternativo para presenciar o espectáculo.


Desde o começou da actuação, com "Needless to Say", ficou no ar que podendo este ser só mais um concerto, cada um dos concertos dos Birds Are Indie é especial. Todas as canções têm histórias muito características, que a banda talvez conte sempre nos espectáculos, mas que ainda não perderam a sua magia. Pelo espaço da SOU - Movimento e Arte, a leve frescura da fruição ficou mais doce, uma vez que num espaço tão característico e por vezes minimalista, a electricidade nos instrumentos era pouca, a iluminação também e bastavam chegar até ao público canções de lá longe, da alma e do íntimo, sempre aguçadas com um sentido de humor particular e constante ao longo do espectáculo a que a audiência se mostrava como reactiva e participativa.


Se "Evelyn" é dedicada a uma amiga da banda que se encontra do outro lado do Mundo (na Austrália), "Instead of Watching Telly" desincentiva o consumo exagerado de produtos televisivos, "Kitchen Morning" fala do romance que dura há 14 anos, dos Grant-Lee Buffalo como banda-sonora e do uso da escala pentatónica como um conjunto de sons que parece quase sempre dar uma bela melodia (mais uma das confessas recentes aprendizagens da banda). Na seguinte sequência, "We're Not Coming Down", do EP "Love Birds, Hate Pollen" combina-se com "Last Night Blues" do mais recente disco, num ensaio sobre como não desistir, mesmo quando na noite passada o álcool desidratou até as palavras que se disseram.

Antes de tomarem o pulso à audiência, uma versão de um clássico dos Smiths, "Heaven Knows I'm Miserable Now". Pulso acelerado? Mais canções? Claro. Depois de "Yellow Leaf", outra arrancada ao mais recente CD mas tocada em modo mais uptempo, "Black Sun" fala sobre uma gata já desaparecida de pêlo preto e olhos brilhantes como o sol, "Berlin" é por uma noite redenominada "Lisboa", a cidade em que os Birds Are Indie, se assim pudesse ser, tocariam naquela noite tantas canções quantas o público aguardava num silêncio respeitoso por ouvir.

  

Pouco tempo depois, no momento em que o espectáculo termina após ouvirmos os grilos aproveitados para a gravação final de "Now It's Too Late", patente ficou que não seria necessário darmos a volta ao Mundo e passar a Austrália para encontrar um projecto original, simples e fácil de gostar: senhoras e senhores, os Birds Are Indie, tal como cantaram lá pelo meio, "Before There Was A Before".



Os Birds Are Indie estarão no próximo dia 22 no Cinema São Jorge fazendo parte do cartaz do Festival Novos Talentos FNAC. Na nova colectânea do projecto, a banda está representada com o tema "I Will Say It In Your Face".



 
André Gomes de Abreu
Fotografias por Ana Pereira




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