Yellow, Lux Frágil - CONCERTO

O projecto Yellow, protagonizado por Patrícia Gonçalves, apresentou-se ao público num concerto dia 24 no Lux Frágil, em Lisboa. "Wings" é o disco de estreia do projecto, uma viagem pela música electrónica produzida a partir dos anos 70 ou 80 em que a experiência de produção anterior de Patrícia de temas para  moda permite-lhe descolar de preconceitos de música reciclável aos ouvidos e instinto para alcançar registos mais parecidos ao que uma vez a imprensa internacional chamou de "intelligent dance music" e que encontra cantinho nos artistas da Warp Records de finais de 80 e princípios de 90. Mas é ao ouvirmos "Wings" que ficamos fascinados com a versatilidade constante no LP.

Ao vivo, a Dub Video Connection dá-lhe asas e acrescenta um universo de projecções visuais que desenvolve todo o potencial das canções de Yellow. "Closest Friend", o tema com que o concerto abre, expõe uma voz que não é subestimável resguarda pelo barulho das luzes, por um processador de efeitos de voz e por um sintetizador. "Yellowland", "Miss Wrong", "Download" e "Diamond" seriam alguns dos pontos de passagem por "Wings" onde, como nas projecções vídeo, o estilismo derrete e cada canção  seguinte impõe-se, em sequelas "breakbeat", "minimal-techno" ou de electrónica mais ou menos "avant-garde" e experimental.
O público presente incorporava à sua maneira a música que lhe corria em curto-circuitos cerebrais e crescia com a actuação, à medida que apreciava a simplicidade e rigor com que a voz se apresentava, sem processamento, de maneira impecável tema a tema. 

Chegado o final de cerca de uma hora de apresentação, o relógio de Cinderela não deu as 12 badaladas e Yellow, em vestes brancas que reflectiam já nesta altura o brilho pulcro de toda a performance, regressou a palco para nova ronda pelo tema de abertura do concerto, "Closest Friend". 
Parece mais do que certo que não será nem a última vez que veremos este projecto ao vivo, nem a última vez que o veremos no Lux Frágil.

André Gomes de Abreu


Fotografias por Ana Pereira