terça-feira, 29 de novembro de 2011

PAUS



Os PAUS são 4; parecem 40. Os PAUS têm baterias siamesas, uma guitarra e umas teclas, mas parece que são uma orquestra inteira. Os PAUS são muito bons gravados e escutados nos headphones; são ainda melhores no meio do suor e fantasia do espectáculo ao vivo.

Após o aclamado EP “É Uma Água”, os PAUS editaram finalmente neste ano o seu disco de estreia, escolhendo para tal 8 músicas de um já admirável catálogo de canções. Todo este texto seria um passeio alegre até uma nota de luxo no final, não fossem as 8 músicas ser, infelizmente, poucas para a avidez que o som do quarteto lisboeta deixou a arder nos ouvidos dos que já os escutaram. O primeiro single, “Deixa-me Ser”, é simplesmente o melhor de 2011 por cá ouvido. A estratégia de lançamento do disco (semelhante ao lançamento de “Casa Ocupada”, dos Linda Martini) é uma das mais audaciosas e bem conseguidas dos últimos tempos.





O disco, homónimo…esse faz-se de música pulsante, ao sabor de batuques da imaginação onde cabe o Mundo todo e mais uma chiclete de morango. O jogo do ritmo e da melodia é o exacto semelhante de tentar fazer um balão de pastilha maior do que a vista alcança. Tudo flui, sem sabermos como, quando será o passo seguinte, para onde vai a canção. O envolvimento não é desmanchado pelas (poucas) palavras; antes é perpetuado (“O Fim é um princípio qualquer/Foi tudo um bem entendido”). O fim é marcado por uma das melhores malhas do disco, “Tronco Nu”, em que se diz “Nada fala tanto como o que não fala”. Quando o artista diz o que o escriba quer dizer dele, é difícil escrever mais.

O próximo concerto é no Vodafone Mexefest, local e data ideais para começar bem a acabar 2011. Os PAUS marcaram 2010; 2011 será um ano “siamês”.



André Gomes de Abreu




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