terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Diabo na Cruz


Rock / Folclore

Tendo em conta o objectivo deste blog, seria desprezível e quase negligente não falar dos Diabo na Cruz. Muito já se falou deles, pouco já há a dizer. Ou será que não há mais nada a dizer? Há pois. Não fossem eles a nova vanguarda da música portuguesa. Fazem parte de uma geração de músicos que finalmente valoriza a tradição musical portuguesa, sem esquecer a actualidade musical do século XXI.

Quer nas letras quer nas músicas se percebe esta ponte. As letras são em português e retratam um mundo menos urbano e um universo lírico não tão actual como a atitude da banda. A musicalidade é tocada com guitarras eléctricas e arranjos para as mesmas que podiam ser tocados nos Strokes ou em qualquer banda de Garage Rock, mas não, aqui toca-se música portuguesa - verdadeiramente falando.




A nível de sonoridade, há dois aspectos fundamentais a destacar: as segundas vozes e a braguesa. O primeiro dá um tom tradicional a nível das vozes, até diria celtibérico aos arranjos vocais. O segundo completa a influência da tradição musical do nosso país, tendo o jeito corrido do cavaquinho e o som doce e reconfortante da guitarra portuguesa.

Os músicos que constituem a banda não são amadores nem iniciados no ramo. Jorge Cruz, o vocalista, já anda no mundo da música há mais de 10 anos, tendo tido outros projectos colectivos e um a solo, sem o sucesso do actual. B Fachada tem nome no actual panorama nacional, a solo. Contam com a participação de Sérgio Godinho na faixa "Combate com Batida", em que nos apercebemos que este grande vulto da música lusitana deveria ter feito parte da banda, pela forma como a sua dicção e forma de cantar se assemelha à atitude dos Diabo na Cruz.



Ao vivo, são uma explosão de boa disposição, sabendo comunicar com o público, sabem cantar e tocar como o público quer, e de alegria dançável, mas o que eles melhor transmitem é o orgulho em ser português. Cantam na língua mãe, e Jorge Cruz canta bem, falam da cultura portuguesa, da vida portuguesa e do ser português em geral. Brincam, retratam, criticam, enaltecem, mandam abaixo.


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Dada esta mescla entre o passado e o futuro da música, são, sem tirar mérito aos Homens da Luta, a melhor escolha actual para o festival da Eurovisão, em que os grupos que mais têm sucesso pegam sempre na mesma fórmula de sucesso: música tradicional entranhada em música actual. Os Diabo na Cruz não nos deixariam mal.




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